segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Um tempo necessário

Por causa de compromissos profissionais, vou ter de suspender a publicação simultânea do blog no UOL e aqui no Blogger. Portanto, peço aos leitores que me perdoem, mas por alguns dias não poderei continuar atualizando dois blogs. Fico só no UOL, porque lá a responsabilidade é redobrada - o selo de Blogs Legais do Público e mais de 300 acessos diários me exigem um pouco mais de dedicação. Sendo assim, continuo atualizando o de lá até que possa voltar para cá. (Clique AQUI para acessar).

ATENÇÃO

Por causa de compromissos profissionais, não haverá atualização deste blog na manhã desta segunda-feira. Só volto a escrever à tarde.

Uma explicação

Para os novos leitores entenderem: este blog não tem um "estilo definido". Na verdade, pratico aqui o que os franceses chamam de de tout un peu, ou seja, de-tudo-um-pouco. Cultura, memória, política, cidadania, humor, causas, críticas, fotos, reportagens, enfim, uma geléia geral de idéias, diversões e coisas sérias. Sou jornalista independente e free-lancer [sem vínculo direto com veículos de comunicação] e aposto na internet como o grande meio de comunicação de hoje e do futuro. Entre outros, trabalhei nos jornais O Estado, de Santa Catarina e A Notícia, tendo sido editor-chefe dos três [no caso do último, especificamente do ANCapital, entre 2000 e 2003].
Também fui colunista político, tanto d'O Estado quanto do Santa. Além de tudo isso, sou poeta, contista [inédito] e fotógrafo amador.

Mobilização em São Pedro continua

Ao que tudo indica, a mobilização em São Pedro de Alcântara não pára, conforme asseguram os leitores em comentários enviados ao blog. Os moradores vão continuar resistindo à tentativa do governo de construir lá uma filial do inferno – um cadeião para abrigar a escória que age na Grande Florianópolis.

– É uma pena, que este governo que tanto fala em descentralizar, está centralizando o que não presta em São Pedro de Alcântara, que tem como população um povo bom, honesto e hospedeiro. Parabéns aos que estão nesta luta e vamos unir nossas forças até o fim.
[Marione Aparecida Lohn Hames]

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– É lamentável que a população tenha que chegar ao ponto de se acorrentar para chamar a atenção dos poderes públicos. Nos períodos de eleição não precisamos de nenhum manifesto para que os políticos venham a nosso município. Eles vêm por vontade própria pois os interesses particulares falam mais alto. Chegam dando tapinha em nossas costas, falando alto nos microfones, prometendo mil e uma coisas como asfalto, segurança, educação, saúde ... mas na hora em que precisamos não encontramos apoio. Isto é uma vergonha não só para o nosso Estado, mas para o Brasil. Ficamos felizes em saber que existem pessoas e empresas comprometidas com nossa causa. Estas sim são dignas de nossa confiança.
[Karini]

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– Damião, o "corpo mole" da RBS tem explicações!!! A greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, contra a transposição do São Francisco, já foi noticiada com destaque, seguidamente. SPA e o movimento da população não é pauta pois... ora pois...
[Sergio Luiz da Silva]

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– Incrível como a chamada grande imprensa pouco (melhor dizendo, quase nada) fala do assunto. Talvez por não conhecerem direito Santa Catarina e nem da sua história. E nem a sua gente. Só falam de abobrinhas (geralmente comerciais e financeiras) de sempre. Ou de papagaiada sobre o tempo e se as praias tiveram movimento ou não. Parabéns ao Noticias do Dia e a você Carlos Damião.
[Siri Goyá]

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– Sim, Damião, alguma autoridade do governo ou mesmo o secretário de segurança Ronaldo Benedet já se pronunciou sobre o fato? É de se estranhar esse silêncio do governo. Será que pensam em esperar a poeira baixar. Mas os moradores de SPA não vão desistir enquanto não obtiverem a certeza de que o cadeião não será construído no município deles.
[Francisco Dantas]

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– Quando se fala em cadeião, observa-se que os grandes municípios são respeitados porque têm peso político (grande número de eleitores), o que não acontece com São Pedro de Alcântara, portanto somos ignorados por algumas autoridades que têm poder, ignorando as leis municipais, menosprezando a população. É lamentável que a população tenha que fazer manifesto para reivindicar o direito de liberdade e de paz que aos poucos está sendo enterrado pelas autoridades que deveriam dar exemplo. Este é o agradecimento que o sr. secretário de segurança está dando ao povo de São Pedro de Alcântara pelos votos recebidos nas últimas eleições.
[José]

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– Olá Damião, realmente é difícil conseguir o apoio da mídia (impressa e/ou televisiva) para dar cobertura às nossas manifestações, contudo fico feliz, em ver que ainda existem pessoas e empresas comprometidas com cousas justas.
[Claudionei]

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– Não entendo por que esse blog entrou na discussão sobre São Pedro ter não ter a central de triagem (que não é cadeião como vocês chamam); será que o autor do blog tem propriedades rurais em São Pedro e está preocupado com a desvalorização dos imóveis? Ou, quem sabe, parentes na cidade? Não leva a mal, não, mas é que eu tô estranhando essa defesa toda...
[André O.]

Minha resposta para André O. está na caixa de comentários do post Notícia que é Notícia (este AQUI).

domingo, 16 de dezembro de 2007

Notícia que é notícia

Não vi nos veículos da RBS o mesmo destaque que a Rede SC [TV e jornal Notícias do Dia] deu para a luta do povo de São Pedro de Alcântara contra a instalação do cadeião naquele município. O Notícias do Dia publicou o assunto como manchete na edição de sábado-domingo.
Vão dizer que o prefeito, vereadores, líderes comunitários e moradores acorrentados a uma ponte – para impedir o início das obras – não é suficiente para se tornar notícia? Não só é notícia estadual, como também é nacional.

Alma do negócio

Não tenho nada contra propaganda, antes pelo contrário. Sem patrocínios comerciais, ninguém teria acesso aos meios de comunicação, porque eles simplesmente não existiriam.
Mas, cá entre nós, o Governo Federal projetar um gasto de R$ 150 milhões em publicidade, para 2008, é uma coisa muito desmedida, não é não? Já pensaram aplicar uma parte dessa verba na saúde e na segurança pública?
A informação é da Agência Estado, mas você pode ler também aqui.

Boletim dos governadores


Pesquisa do Datafolha divulgada na edição deste domingo (no site da Folha, só para assinantes) coloca o governador catarinense em 6º lugar no ranking geral de aprovação popular. O 1º colocado é o galã Aécio Neves, de Minas Gerais, virtual candidato do PSDB à Presidência da República em 2010.

1º - Aécio Neves (PSDB-MG) --------- 7,7
2º - Cid Gomes (PSB-CE) ------------ 6,6
3º - José Serra (PSDB-SP) ----------- 6,5
4º - Eduardo Campos (PSB-PE) ------- 6,4
5º - Roberto Requião (PMDB-PR) ------ 6,3
6º - Luiz Henrique (PMDB-SC) -------- 6,1
7º - Jacques Wagner (PT-BA) -------- 6,0
8º - Sérgio Cabral (PMDB-RJ) --------- 5,9
9º - José Roberto Arruda (DEM-DF) --- 5,3
10º - Yeda Crusius (PSDB-RS) ------- 4,2

A pesquisa foi realizada entre 26 e 29 de novembro, sendo ouvidas 11.050 pessoas nos nove Estados e no Distrito Federal. Os oposicionistas de Luiz Henrique dirão que o universo pesquisado é pequeno, quase um terço do território nacional. Se todos os Estados tivessem participado da sondagem, qual seria a posição do governador catarinense?

sábado, 15 de dezembro de 2007

De volta, mas muito rapidamente

Havia decidido me dar um folga no dia de hoje, mas o acidente envolvendo uma equipe de repórteres do Governo do Estado, em Lages, acabou interrompendo o descanso. O texto está logo abaixo (post anterior). Agora sim: volto amanhã.

O acidente em Lages

As informações mais recentes dão conta de que o jornalista Evandro Baron e o fotógrafo Jackson Zanco, envolvidos num grave acidente de trânsito hoje em Lages, sofreram apenas ferimentos leves. O motorista do veículo, um Astra alugado pelo Governo do Estado, Valmor Antunes, morreu na hora. Os três retornavam para Florianópolis, depois de terem acompanhado o governador Luiz Henrique da Silveira em compromissos oficiais no Oeste do Estado. Tanto Evandro quanto Jackson são funcionários da Secretaria de Comunicação Social. O motorista era empregado de uma empresa prestadora de serviços.

Uma nota sobre Evandro, velho amigo, companheiro de trabalho durante muitos anos no jornal O Estado: quando comecei o blog, em abril de 2004, ele foi a primeira pessoa a me estimular. Durante uma semana, criticou o conteúdo e me orientou sobre como deveria ser um blog. Logo a seguir, entrou na parada o meu filho, João Felipe, que foi o primeiro a sugerir a publicação das minhas fotos neste espaço.

Também blogueiro (o link está no menu aí ao lado), mas bissexto, Evandro é leitor assíduo deste espaço, deixando comentários registrados eventualmente. É jornalista talentoso, tendo sido um competente repórter de política n’O Estado, numa equipe que tinha também a Deborah Almada e a Lúcia Helena Vieira.

Um abraço pra ele, torcendo para que se recupere rapidamente do violento acidente de hoje.

P.S. – Até há pouco, somente o Diário on Line havia registrado o acidente em Lages. O site do governo não foi atualizado hoje. A matéria completa do DC está AQUI.

Fábula de um Arquiteto

Brasília, obra imortal de Niemeyer, numa capa da revista Manchete, publicada em setembro de 1972

Passei minha meninice ouvindo falar de Brasília e de Oscar Niemeyer. A revista Manchete, que era a leitura semanal em nossa casa, tinha como tema recorrente dois personagens: Juscelino Kubitscheck e Oscar Niemeyer. JK com seu sorriso, Niemeyer com sua expressão de gênio, Brasília ao fundo, como prova irrefutável da genialidade humana.
No centenário do arquiteto, fui à biblioteca buscar um livro de que gosto muito – a Antologia Poética de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1978 pela editora José Olympio, reunindo as obras "A Educação Pela Pedra", "Serial", "Quaderna", "Uma Faca Só Lâmina", "Paisagens com Figuras", "O Cão sem Plumas", "Psicologia da Composição", "O Engenheiro" e "Pedra do Sono".
Cabral também foi gênio.
Do primeiro dos livros, "A Educação Pela Pedra", colhi "Fábula de um Arquiteto", beleza de poema, minha modesta homenagem a Niemeyer no dia dos seus 100 bem-vividos anos:

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e tecto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

2.

Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.

Influências do gênio

O Cesar Valente também acertou: o projeto do Lagoa Iate Clube foi assinado pelo gênio Oscar Niemeyer. Muitas obras dos anos 1960 foram inspiradas no arquiteto. As linhas do Instituto Estadual de Educação são claramente copiadas do estilo de Niemeyer daquela época. Algumas casas antigas da Avenida Rio Branco, que era a nossa avenida modernista, também seguiram a tendência daqueles tempos.

Grande Tim

Melhor do que Roberto Carlos, Xuxa et caterva: o "Por Toda a Minha Vida" dedicado a Tim Maia foi um bálsamo para nossa sexta-feira à noite. Voltei à minha adolescência. A Globo deveria exibir o especial, da mesma forma que o de Renato Russo, pelo menos uma vez a cada três meses. Saudade de Tim Maia. Como se diz aqui na Ilha, "era um monstro", maluco beleza, gênio da raça.

Sugestão aceita

O DC on-line mudou o formulário dos comentários nos blogs. Agora, não há mais a opção automática de RS (Rio Grande do Sul) para indicar a procedência de quem comenta. Agora é SC (Santa Catarina) direto. Beleza pura.

Covardia

Do leitor João Marcos sobre a luta dos moradores de São Pedro de Alcântara para não permitir a construção de um cadeião na cidade:

A bela e cultural cidade de São Pedro de Alcântara está correndo o risco de se tornar um Carandiru catarinense. Tendo em vista que a cidade possui 3.800 habitantes e já possui uma população carcerária de 1.200 presos, e querem trazer mais um cadeião com capacidade para 250 presos. Ao realizarmos um levantamento estatístico há superlotação em todos os cadeiões existentes que chega a 200% a mais da capacidade projetada, aumentando o número de presos na cidade para mais de 2.000 presos ou seja 50% da população do município irá ser carcerária. Isto é um absurdo, é covardia, seus covardes!!!
Precisamos de ajuda, Fora cadeião!!!!

Outros comentários sobre o mesmo assunto:

Engana-se quem pensa que nos assustou com algumas máquinas... O povo de São Pedro é ordeiro, muito unido e jamais permitirá esta ignorância. [Francisleine]

Caro Damião. Após o episódio desta manhã os moradores de São Pedro de Alcântara ainda estão reunidos em vigília... e continuarão até ter a resposta de que o Centro de Triagem não será construído em nosso município.. A sociedade está unida e conta com o seu apoio. [Solane]

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Mais iguais e menos iguais

A questão do sistema de cotas virou uma bagunça, como quase tudo neste País. Decisões isoladas, de conselhos universitários, estão criando um sistema de desigualdade, em total desacordo com a Constituição Cidadã de 1988. É por isso que as decisões do Judiciário Federal têm sido conflitantes - alguns juízes entendem o sistema como correto, outros percebem justamente a inconstitucionalidade.
Como tantas outras coisas que só acontecem no Brasil, por que um assunto tão polêmico não é disciplinado por uma lei única (na verdade uma emenda constitucional)?

Mesmo sendo leigo, arrisco em dizer que o sistema de cotas - adotado de maneira indiscriminada e sem qualquer amparo na legislação - é absolutamente ilegal, populista e injusto. Se há uma lei maior, que reconhece direitos iguais para todos, por que as universidades se sobrepõem à Constituição? Se nem todos têm direitos iguais, que se mude então a Constituição, estabelecendo, por exemplo, que alguns são mais iguais que outros; ou que muitos são menos iguais que outros.

As pesquisas de Toni Jochen

Na cópia deste blog, atualizada diariamente no Blogger, o leitor Filipi deixou o seguinte comentário:

“Damião, recomendo também os livros do Toni Jochen:
1) São Pedro de Alcântara 170 anos depois... [Súmula AQUI]
É um livro fininho, cerca de 100 páginas com uma linguagem bem simples e ótimo pra quem sabe pouco ou nada sobre a cidade.
2) São Pedro de Alcântara - Aspectos de sua História. [Súmula AQUI]
Este é um pouquinho maior, umas 300 páginas. É um conjunto de artigos de vários estudiosos e admiradores da história dos imigrantes alemães em Santa Catarina.
Os dois são baratinhos e valem e pena serem lidos.

Tem um livro que eu vi lá na Feira do Livro, que está acontecendo na Alfândega, em Floripa: São Pedro de Alcântara, Memórias de Nossa Terra e Nossa Gente, de Osvaldo Deschamps. Este eu não li, apenas dei uma olhadela e parecia ser interessante.

Mais uma curiosidade:
O deputado federal Gervásio Silva é de São Pedro de Alcântara".

FOTOS EXCLUSIVAS DE SÃO PEDRO



Mobilização dos moradores de São Pedro de Alcântara, hoje pela manhã, contra o início das obras do cadeião do governo no município. As imagens foram enviadas pelo Claudionei Reitz, com exclusividade para este blog. Reparem, na segunda imagem, os moradores que se acorrentaram à ponte. Claudionei diz também que "o bicho vai pegar" hoje à tarde. Grato, meu caro alcantarense.

Na mosca

Leitor Amorim foi na mosca: o LIC – que aparece numa foto aérea em post publicado aqui hoje (role a página para baixo) – foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que está completando 100 anos de idade. Niemeyer também foi autor de um projeto de urbanização da praia de Jurerê, muito antes do Jurerê Internacional. O jornal O Estado publicou, há poucos dias, uma matéria sobre o assunto, reproduzindo inclusive as plantas originais.

Entrevista

Recomendo aos leitores a ótima entrevista de Marta Gleich, diretora de Jornais Online da RBS, ao site Acontecendo Aqui. Ela explica, nos mínimos detalhes, todo o processo de evolução da RBS para o jornalismo on-line. Lá também estão publicadas fotos do pessoal que trabalha no novo DC (salve, Carlito!). LEIA AQUI

Governo força a barra

Fechou o tempo em São Pedro de Alcântara. O leitor Claudionei Reitz informa que alguns moradores se acorrentaram à ponte, próximo ao local onde o governo pretenderia construir o cadeião, para impedir o início das obras. Os governantes forçam a barra para ganhar a questão na base da força. Vão perder, porque a população precisa ser ouvida. Por que nossas doutas autoridades não promovem uma audiência pública na cidade? É preciso consultar os moradores!
Mais detalhes ao longo da tarde.

[Alô pessoal de São Pedro – Meu e-mail é carlosdamiao@gmail.com]

A crise do LIC e o projeto do LIC

Há dias, li num dos nossos jornais que o Lagoa Iate Clube (LIC) está em crise. Todos os clubes tradicionais vivem situações semelhantes, porque os sócios não têm mais interesse em mantê-los. "Só os mais velhos é que ainda se dedicam", me confessou há meses, num encontro informal, o ex-presidente do Clube 12 de Agosto, Laudares Capela, 80 anos de idade.
As explicações são as mais variadas. Uma delas, de que os modernos condomínios – alguns com salões de festa que se transformam em boates, churrasqueiras, salas de ginástica, sauna, playground, piscinas, cinemas e outros equipamentos – tiraram a razão de ser dos clubes. Outra, de que freqüentar clubes deixou de ser chique. A prática sobrevive apenas nos municípios menores, onde as pessoas ainda se conhecem e não fica bem deixar de comparecer a um evento no clube local.

Mas comecei falando do LIC. A imagem aérea do clube (acima), num postal do final da década de 1970, remete a duas perguntas: quem projetou o LIC? Quem foi o empreendedor? Para quem conhece Florianópolis, as respostas são fáceis. Moleza, moleza. [Crédito do postal: Edicard]

Língua viva, letra morta

Interessante o projeto aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que disciplina o uso de palavras estrangeiras no Brasil, incluindo peças publicitárias. Quando utilizadas, as palavras devem ser acompanhadas da tradução para o português, em letras de igual destaque.
Alguns países, como a França, têm essa preocupação em preservar a língua pátria.
O problema é explicar para os mais jovens por que a globalização permite a comunicação livre, sem barreiras lingüísticas, e um país como o Brasil dá um passo tão tardio para preservar ou resgatar a beleza do idioma português.

Por falar em idiomas e sotaques, o Bom Dia Brasil exibiu matéria do repórter Ricardo von Dorff sobre o modo de falar do manezinho da Ilha. A questão é que, diante da complexidade do tema, a reportagem foi muito curta. Quem pegou o bonde andando não entendeu nada.
O museólogo e pesquisador Gelcy Pena Coelho (Peninha) foi uma das fontes utilizadas pelo repórter para explicar o sotaque e as expressões do litoral catarinense. Lembrando que 2008 assinalará os 260 anos da chegada dos primeiros açorianos ao porto de Nossa Senhora do Desterro.

Um lugar muito especial

Capa do livro de Aderbal João Philippi, lançado em 1995, com apoio do Instituto Teuto-Catarinense de Cultura. A obra é indispensável para quem precisa conhecer a história dos alemães em Santa Catarina, principalmente nossas autoridades


Talvez as nossas doutas autoridades não conheçam bem a História de Santa Catarina. Mas é possível clarear algumas mentes, torcendo para que ainda existam mentes abertas, respeitosas e democráticas entre os nossos governantes.
Dito isso, vamos lembrar que os primeiros imigrantes alemães, num total de 276 pessoas, chegaram a Desterro (hoje Florianópolis) em 7 de novembro de 1828, desembarcando do brigue Luiza. Cinco dias depois, o bergatim Marquez de Vianna trouxe mais 359 pessoas. Esses pioneiros ficaram na capital da Província (hoje Estado) até março do ano seguinte, quando foram transferidos para área onde seria fundada a colônia de São Pedro de Alcântara.
Quase todos vieram da região do Hansrück, uma região muito pobre do que seria, mais tarde, o Estado alemão.
Traídos pelas autoridades do Império e sobrevivendo em condições difíceis na colônia de São Pedro, muitos rumaram para outros lugares de Santa Catarina, fundando povoações no Alto Biguaçu, Vale do Itajaí, Vale do Braço do Norte e Planalto Serrano.
O fluxo migratório alemão para São Pedro durou até a década de 1860, conforme registra o historiador Aderbal João Philippi, em seu livro "São Pedro de Alcântara – A Primeira Colônia Alemã de Santa Catarina".
Alguns dos sobrenomes mais conhecidos da política, da cultura, do funcionalismo público, da Igreja Católica, do magistério, de inúmeras profissões e do mundo empresarial catarinense têm raízes entre aqueles pioneiros. Estes, que pesquisei no livro de Aderbal, são alguns exemplos:

Backes, Bauer, Baungarten, Becker, Besen, Bins, Bornhausen, Büttner, Colin, Deschamps, Fischer, Görent (Gerent), Heinzen, Hoffmann, Höschl (Hoeschl), Junkers (Junkes), Kehrig (Koerich), Klasen (Clasen), Kretzer, Lohn, Ludwig, Martendahl (Martendal), May, Meier (Mayer, Meyer), Michels, Müller, Petri, Petry, Philippi, Prim, Reitz, Schäfer (Schaefer), Schmitt, Schmidt, Schmitz, Schneider, Schüttel, Stähelin, Stein, Waldrich (Waltrich), Weber, Wendhausen, Werner, Zimmer, Zimmermann.
Nota - Os que estão entre parêntesis são sobrenomes alterados e como são conhecidos hoje.

Curiosidades

* O ex-senador Jorge Bornhausen é trineto do pioneiro Jakob Bornhausen
* A ex-prefeita de Florianópolis, Angela Amin, é Heinzen por parte de pai e Schmitt por parte de mãe
* O atual prefeito de São Pedro, Ernei Stähelin, é descendente direto dos pioneiros
* Além de alemães, também suíços, belgas e açorianos participaram da formação da colônia

SAIBA MAIS

* São Pedro de Alcântara pertenceu primeiro a Desterro, mas quando São José se desmembrou da Capital, em 1833, passou ao controle do novo município. Em 1844, São Pedro foi elevada a freguesia.
* Foi elevado a município através da lei 9.534, de 16 de abril de 1994. O 16 de abril é a data oficial de aniversário. É o município mais jovem de Santa Catarina
* É Capital Catarinense da Colonização Alemã – Lei 13.173, de 29 de novembro de 2004
* População estimada em 2006 – 3.868 habitantes
* Área total – 140 km²
* Rodovia de acesso – SC-407 (a partir da BR-101)
* Distância da capital – 31 km
* O ano de 2008 assinala o 180º aniversário da chegada dos primeiros colonos alemães a Desterro. Em 2009, será o 180º aniversário de fundação de São Pedro de Alcântara

É pouco?

Para mais informações, recomendo a leitura do documento que está no site da prefeitura, "180 anos da colonização alemã em Santa Catarina x centro de triagem" (AQUI). O documento abre direto em PDF.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

São Pedro continua na luta

O pessoal de São Pedro de Alcântara continua em vigília. Eles responderam à indagação que lancei num posto de hoje à tarde. Leiam o que dizem alguns participantes do movimento contra a construção do cadeião no município:

A SSP esta trabalhando por trás do panos, pensando que o povo de SPA é burro. A SSP não viu nada ainda. Podem apostar que SPA irá ganhar essa batalha. [Jonas]

Damião, Estamos em vigília e estaremos o tempo que for necessário. Engana-se quem pensa que nos vencerá pelo cansaço, pelo contrário, esta luta nos motiva a cada dia. Obrigada pelo apoio prestado ao nosso município. Contamos com você. [Karini]

Caro Damião, continuamos na vigília, na cabeceira da ponte que da acesso a penitenciária e ao terreno a onde querem construir o cadeião. Nossa situação/posição é firme. FORA CADEIÃO!! Enquanto o secretário da SSP não divulgar outro local (município) para a dita construção, continuaremos na luta. Já sabemos que juridicamente o Estado não tem poder para construir o cadeião em SPA, porém, não podemos e não iremos baixar a guarda. Agradecemos seu apoio, e contamos com você até a decisão final. [Claudionei]

Na verdade, Damião, a gente espera que este silêncio signifique que o Governo do Estado e, mais especificamente os responsáveis pela Segurança Pública, estejam trabalhando numa solução alternativa, que há, e deixem São Pedro de Alcântara em paz, com os 1.000 presos que lá já se encontram em situação estável: julgados, condenados e que não causam muito transtorno no dia-a-dia da cidade. Já o Cadeião, não! Pra começar, a nossa única via de acesso é precária, sinuosa, com muitos morros, sem acostamento, muito perigosa. Já é perigosa só com a demanda de tráfego local, imagina com o Cadeião lá e o transporte diário, 24 horas por dia, de presos pra cima e pra baixo naquela estradinha que nos atende? Isso sem falar nos riscos do transporte destes presos, que requerem escolta policial, somando 2 ou 3 viaturas para cada preso transportado. Sem falar na facilidade de bloqueio da estradinha para o resgate do preso. Isto deveria ser instalado ao longo da BR-101, que é duplicada. Na SSP tem alguém que pensa? [Roberto Stähelin]

Menos propaganda, mais vendas?

Até os porteiros dos prédios estão estranhando: este é o primeiro dezembro, nos últimos sete anos, sem a presença daquelas pilhas de tablóides de ofertas distribuídas pelos edifícios da cidade.
Das duas, uma: ou as vendas estão a todo vapor ou, pelo contrário, as lojas estão vendendo menos e aplicando mais em mídia televisiva.
No ano passado, me lembro bem, a uns 15 dias do Natal havia no meu prédio umas dez pilhas desses encartes coloridos que indicam os caminhos para os paraísos do consumo.

Silêncio

Não se fala mais sobre São Pedro de Alcântara. Tudo resolvido? Ou o povo de lá continua na vigília?
Mas o governo, que deveria dizer alguma coisa, não diz.
Por que não imita o Hugo Chávez e faz um plebiscito em São Pedro? Perderia por mais de 90%, é certo.

Correção

Velho Bruxo corrige Paulo Dutra: o prédio daquela foto antiga era da Assistência Municipal, não estadual. Seria uma espécie de posto de saúde daqueles tempos (décadas de 1930 e 1940).

Mais sobre a foto do Largo Fagundes

Meu querido amigo Paulo Dutra que, como competente fotógrafo, tem uma excelente memória fotográfica, enviou por e-mail seu comentário sobre aquela foto antiga publicada ontem. O texto do Paulo está aqui, na íntegra, porque ele é um figuraço:

Damião, seu tolo... Aquela foto que você publicou em seu blog é da antiga Praça da Assistência... Isso mesmo, Assistência, atual praça do Largo Fagundes. Assistência era um órgão estadual médico que ficava naquela casa grande à direita. Quando menino, meu pai e minha mãe me levavam lá para consultas médicas. [Paulo Dutra]

Quando a mordida é notícia

Existe uma máxima do jornalismo (surradíssima, é verdade) que diz o seguinte: se um cachorro morde um homem, isso não é notícia. Mas se um homem morde um cachorro, isso é notícia.
A notícia aconteceu de verdade na Índia. Leia a matéria completa AQUI

Mãe de um PM desabafa

Uma amiga do blog tem um filho que é policial militar. Ela enviou um comentário, a propósito do post “Perdidos no paraíso”, publicado aqui na madrugada de hoje. Ela se identificou corretamente, com nome, e-mail, endereço, telefone etc. e tal. Mas não quer que seus dados sejam divulgados, porque o filho seria punido. Eis o texto, de onde suprimi algumas informações que poderiam revelar a identidade do soldado:

"Caro Damião! É, realmente, lamentável a situação dos PMs de SC. Meu filho é policial (...) As condições de trabalho são péssimas. Não têm viaturas decentes, depois de dois anos não recebeu uma farda nova sequer. A camisa de verão ele ganhou de um colega, e como só tem uma, lava de noite pra usar de dia. A arma que ele usa teve que comprar, pois a da PM mais parecia arminha de brinquedo, colocando a vida em risco. E apesar de tudo isso, veste a camisa, não se deixa corromper, defende com garra a corporação a que pertence. Damião, gostaria que publicasse esse comentário, mas não gostaria que publicasse minha identidade, pois meu filho seria identificado facilmente e poderia sofrer represálias".

O relato dessa mãe dá uma ótima pauta. Por que os jornais e as TVs não entrevistam os parentes (mães, filhos, esposas) dos PMs para saber a real situação vivida pelos profissionais da segurança pública? Lembrando que eles, PMs, não podem falar porque serão punidos pela Corporação, a quem devem obediência total.

A CPMF, um tédio só

Acompanhei a votação da CPMF até o fim, cerca de 1h10 da manhã. Mas não consegui me arrastar do sofá até o computador para escrever mais duas ou três linhas sobre a derrota do governo. Além do sono, que não me largava, senti uma sensação de tédio muito intenso – porque a CPMF é um assunto vencido e chato.
A destacar, tão-somente, a vitória da oposição. Finalmente, a oposição deu uma dentro, no mesmo dia em que o presidente Lula aparecia numa pesquisa, de novo, como um presidente queridinho pelo povo. Povo que, aliás, não faz a mínima do que seja CPMF.

O novo Diário na internet

Ficou bacana o DC On-line. Mais dinâmico, claro, atualizado, fácil de ler. Dei uma espiada nos blogs. Gostei da novidade de descobrir Camille Reis no cardápio, ela que já se destaca entre os grandes profissionais da RBS, como editora e apresentadora do Estúdio Santa Catarina. Dei uma passada inevitável pelo Cacau Menezes, pelo Moacir Pereira, Roberto Azevedo... Os outros ainda não li, porque é muita coisa. O que achei estranho foi o quadro de "Comentários". Você vai preenchendo os campos obrigatórios e, quando chega ao Estado, já tem uma opção pronta: RS. Não seria natural que, no caso do DC, a opção direta fosse SC?
Interessante, como convém a uma edição on-line, que o cardápio de Notícias do Clic RBS esteja dentro do site. Aliás, quando você vai ao menu do Clic RBS, este remete diretamente para o DC On-Line.
Parabéns aos profissionais que participaram do processo de transformação.

Perdidos no paraíso

Se os governantes catarinenses fizessem menos pose e atentassem mais para os verdadeiros desafios que se revelam às claras - segurança, sistema prisional, saúde, habitação, educação - nós não estaríamos às vésperas de uma temporada de veraneio com policiais militares ameaçando realizar uma paralisação, por conta de reivindicações profissionais e de melhores condições de trabalho. Ao invés de chamar os homens da segurança pública para conversar, os governantes fazem ameaças e intimidam os PMs.
Está bem, a PM funciona à base da hierarquia militar, da rigorosa obediência aos superiores e às normas internas. Mas é preciso entender que nenhum soldado pode cumprir seus deveres sem que a corporação lhe garanta respaldos mínimos, entre os quais salários decentes, viaturas em condições de uso e combustível para que esses veículos possam rodar.
Portanto, estamos à mercê de uma situação muito grave.
Aliás, já vivemos essa grave situação.
Outro dia, sentei-me no banco de um jardim para observar o movimento na minha rua. A noite avançou e não vi sequer uma viatura da PM passar, tampouco um policial a pé ou de bicicleta. Enquanto isso, malas procedentes de todo o País invadem as ruas do Centro, inclusive a minha, para reivindicar os direitos deles - dinheiro, cachaça, comida e roupas. Ninguém faz nada, ninguém diz nada. A prefeitura se omite para o grave problema social que se multiplica pelas ruas; os governantes estaduais, que adoram fazer pose, não estão nem aí pra nada. Estamos mesmo é perdidos, pra não dizer outra palavra.

Chega de CPMF

Passa da meia-noite e meia. A CPMF ainda não foi votada. Não agüentamos mais ouvir falar em CPMF. Claro que é um assunto importante, porque o que está em jogo não é só a grana do imposto, é o próprio governo de Lula. Sem CPMF para financiar o populismo e pagar os aspones, o governo de Lula acaba. Mas chega, chega, chega.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O Largo Fagundes

Sendo mesmo o Largo Fagundes que vemos naquele cenário (role a página para baixo para ver a foto antiga), hoje é assim: uma praça horrorosa, mal-feita, mal-freqüentada e imunda. Isso aí foi obra do governo de Sérgio Grando, há uns 12 ou 13 anos. O atual prefeito, Dário Berger, faria um favor à cidade se promovesse uma revitalização desse espaço, tão caro aos florianopolitanos: no século 19, o largo tinha uma carioca (fonte), onde a população recolhia água para consumo doméstico. Mais tarde foi palco de comícios do PSD – dizem que a praça ficava lotada – e também o primeiro terminal organizado do transporte coletivo regional.

Na hora do pega-pra-capar

Todos aguardamos o que vai sair da cartola do Senado em relação à CPMF. Curioso mesmo é saber o que o governo foi capaz de oferecer para garantir a aprovação do imposto. Até a destinação das verbas arrecadadas à saúde – formato original da CPMF – ou a confecção de uma reforma tributária a toque de caixa o governo admitiu. Ou seja, vale-tudo na hora do pega-pra-capar! O fato é que muita gente vai ter de abrir mão da boquinha no governo, porque, sem a CPMF, não há como garantir o emprego de tantos militantes, puxa-sacos e aspones.

A velha cantilena

Não é novidade que este blog evita a publicação de comentários anônimos. Às vezes, quando não são ofensivos ou discriminatórios, ainda passam. Mas ataques sistemáticos ao autor do blog ou a pessoas citadas aqui, nem pensar. Quem não se identifica é porque não tem coragem de assumir suas posições polêmicas. Portanto, aqui não há censura. Há um critério muito objetivo: a opinião é livre, desde que não seja caluniosa e venha devidamente assinada. Dúvidas? Mande um e-mail para mim: carlosdamiao@gmail.com. Terei prazer em discutir o assunto [off-line] com os eventuais anônimos e prometo manter reserva sobre as questões debatidas.

Mais São Pedro

Outros comentários sobre a questão do cadeião em São Pedro de Alcântara:

Engraçado como tentam empurrar para as cidades com pouco poder político as escórias que as outras cidades não conseguem resolver.
E obviamente o governador prefere perder o voto de 4.000 pessoas (a população aproximada de São Pedro) do que de 100.000, como seria se o cadeião fosse feito em Palhoça ou São José.
Confesso que nunca vi com maus olhos a construção da penitenciaria que está hoje me minha cidade e Entendo que é necessário construir a aparelhar o sistema de segurança (o que inclui o prisional). Mas acho que São Pedro já tem problema o suficiente pra resolver com a Penitenciária.
Aliás, o governo ainda deve pra população o asfalto da SC 407, que liga a BR 101 ao município. Foi uma das promessas feitas quando foi aceita a construção da penitenciária, mas a tática do governo é asfaltar 500 metros sempre que uma eleição está chegando. Sem contar que asfaltam os trechos menos utilizados da rodovia. [Filipi]

Cada município deve ser responsável pela violência que produz. Em São Pedro de Alcântara não há violência. Então, porque acolher em nossa cidade mais infratores que não são oriundos do município? Estamos orgulhosos pela determinação do Prefeito Ernei em impedir a construção do Centro de Triagem, bem como, da população que vem demonstrando ser incansável nesta luta, pois só assim impediremos esta injustiça com nossa cidade. [Karini Medeiros]

É uma vergonha. A secretaria da cultura deveria ser acionada, para não permitir a destruição da primeira colônia alemã do estado. [Claudionei]

O Sr. Pedroso deve estar convivendo muito com os presidentes da Bolívia e da Venezuela, pois fica falando num tom autoritário, querendo impor o cadeião a qualquer custo, dizendo que virá com o exército... ele está completamente doente. Deveria pedir afastamento do cargo. [Claudionei]

Tem certeza a nossa querida gente de São Pedro de Alcântra, de impedir mais esta mazela (de instalar este CADEIÃO), EM NOSSA São Pedro de Alcântara. [Ana dos Santos Mafra]

Cotas polêmicas

Mais uma decisão da Justiça Federal, contrariando decisões anteriores, põe mais lenha na fervura do sistema de cotas. O juiz Osni Cardoso Filho, da 3ª Vara Federal, negou três pedidos de liminares de estudantes que pretendiam concorrer a todas as vagas, inclusive às reservadas a negros e alunos oriundos das escolas públicas. [Leia a matéria completa AQUI].
A questão é complexa: "a Justiça Federal em Florianópolis recebeu, desde o início deste mês, 26 mandados de segurança discutindo o sistema de cotas da UFSC. Em 11, o pedido de liminar foi atendido, em três não e nos outros 12 ainda não houve decisão", informa a matéria da assessoria de imprensa do TRF.
Em suma, há dois entendimentos por parte dos magistrados, apontando a ausência de um diploma legal que discipline o assunto de uma vez por todas.

Ciência desprezada

Opinião do biólogo João Felipe, sobre a lei de proteção às cobaias aprovada em Florianópolis:

"Damos um passo pra frente e depois mais quatro para trás. Política deveria ser algo sério, realizado por pessoas sérias...
Se você é a favor dessa lei, pense um pouquinho quando for tomar um simples antiinflamatório, um simples antibiótico, uma dose de uma forte droga em uma quimioterapia e até mesmo uma cirurgia plástica... todos os fármacos foram pesquisados e testados em animais antes de chegar às farmácias e para lhe proporcionar um mínimo de segurança... todos os médicos precisaram realizar procedimentos cirúrgicos em animais para adquirir um mínimo de experiência e confiança... enfim, toda a ciência e todo o progresso científico só pode ser realizado com o uso de cobaias..."

João recomenda também a leitura desta matéria, na qual o biólogo Luiz Eugênio Mello, presidente da Federação de Sociedades de Biologia Experimental, afirma que a lei florianopolitana é "fruto de falha no ensino de ciência".
Estréia amanhã o DC On-Line (diario.com). Há grande expectativa no mercado quanto ao formato e conteúdo, uma vez que o DC deixa de ter uma divulgação estática na Internet, aproveitando toda a dinâmica que esse meio possibilita, inclusive a interatividade com os leitores.
A edição de hoje do Acontecendo Aqui traz detalhes sobre o novo produto da RBS em Santa Catarina. Clique AQUI para ler a matéria completa.

Um foto-teste difícil

Julgo-me um bom conhecedor de Florianópolis. Contribui para isso não só fato de ter sido repórter durante muitos anos, mas também de ter começado minha vida de trabalhador como office-boy, a partir dos 14 anos de idade. Corri a capital de ponta a ponta incontáveis vezes, carregando projetos do escritório de engenharia de meu tio.
Sendo assim, quando o arquiteto Marcos Antônio Martins, arquiteto e – não por acaso – meu irmão, me enviou essa foto, confesso que parei para pensar. Ele não me disse que cenário é esse (mas ele sabe). Não faço a mínima idéia. Isso é muito anterior ao que a minha memória alcança. Talvez o Velho Bruxo, que manipula imagens antigas de Florianópolis há mais tempo, possa nos esclarecer. De qualquer maneira, se alguém souber que lugar era esse, por favor, encare o desafio de nos informar.

Falta de sensibilidade

Ficamos todos chocados com aquele conflito ocorrido nesta terça-feira em São Paulo. A forma com que a solução foi conduzida – moradores de uma favela retirados à força pela polícia – mostra que há qualquer coisa de errado com o governo paulista. O governador José Serra, que foi um homem de esquerda, poderia ter conduzido o problema de uma forma mais justa, socialmente responsável, uma vez que a Polícia Militar está subordinada ao seu comando. Está certo que o terreno tenha de ser tomado de volta pelo Estado (é de propriedade da prefeitura). Mas não daquela maneira.

Aqui, a administração da prefeita Angela Amin retirou todos os milhares de barracos que enfeitavam e enfeavam a Via Expressa da BR-282. Mas jamais admitiu violência e ofereceu, mediante convênio com o BID, a construção de moradias dignas para aquele povo.

Na violenta desocupação da favela paulistana, cumpre destacar a cena da mulher grávida desesperada diante da ação da polícia. Chocante, é uma imagem para correr o mundo.

Sem ofensas, por favor

Um leitor anônimo entrou em defesa do prefeito Dário Berger, quanto à crítica que fiz aqui, relacionada à entrevista a uma emissora de rádio, na terça-feira pela manhã. O anônimo pôs a culpa pela confusão no entrevistador. O mais que o anônimo disse não posso publicar, por se tratar de ofensa pessoal dirigida ao apresentador do programa.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Mais um causo do ano

O prefeito Dário Berger ainda vai tentar reverter a situação criada pela Câmara Municipal, que promulgou - por decurso de prazo - a lei que proíbe experiências científicas com animais em Florianópolis.
O estrago está feito.
A capital catarinense entrou para o anedotário nacional e a imagem do prefeito ficou mais arranhada (porque não acompanhou o caso). E ainda se leve em conta: o autor do projeto de lei, Deglaber Goulart, é líder do governo de Berger na Câmara; além disso, Deglaber, segundo informações correntes, trabalha com produtos de couro. Sendo assim. Trata-se de mais um causo do ano (o outro é o da factoring). Digno de Sucupira.

Brava resistência

Moradores de São Pedro de Alcântara estão realizando vigília, durante 24 horas, para impedir o início das obras do cadeião no município. São 20 ou 30 moradores em cada turno, inclusive à noite. O prefeito Ernei Stähelin reitera que a construção do cadeião em São Pedro de Alcântara é inaceitável, por todas as razões conhecidas: sociais, culturais, econômicas e ambientais. Não haverá liberação de alvará para a obra do governo de Luiz Henrique.
Ernei lembra também: há inúmeros terrenos do Estado em outros municípios, inclusive os já degradados do ponto de vista social na Grande Florianópolis.

Aqui é o blogueiro quem questiona: por que ampliar o círculo de miséria e violência na região, já que o cadeião vai provocar, necessariamente, a favelização de São Pedro de Alcântara?
Se a questão fosse no Norte do Estado, no Sul ou no Meio-Oeste o próprio governador e seus secretários entrariam na resistência. Como se trata da Grande Florianópolis, eles, mais uma vez, não estão nem aí.

O que pensam os leitores

O que os leitores disseram sobre São Pedro de Alcântara, município histórico de Santa Catarina, verdadeiro paraíso ambiental - e mesmo assim escolhido pelo Governo do Estado para instalar um cadeião:

– Obrigado, Damião, pela força. Esta questão do Cadeião em São Pedro de Alcântara tem várias facetas que aqui neste pequeno espaço de comentários não cabe tudo o que precisa ser esclarecido. Mas a primeira a destacar é o seguinte: só fazem isso com SPA porque é pequeno, não tem peso político e ninguém se importa conosco. Queria ver se fosse com a Palhoça, São José, Biguaçu, Fpolis... Aliás, só pra lembrar e esta é uma das outras facetas da discussão: o problema do Cadeião é urbano, gerado na cidade e na cidade deve ser resolvido. Por que não se discute a possibilidade de um desses municípios receberem o Cadeião? A Lei de Execução Penal diz que cada Comarca deve ter a sua Cadeia Pública. Por que querem juntar tudo e mandar para SPA, que nem é sede de Comarca? O interessante nesta história toda é que ninguém se levanta para discutir estas coisas, a própria imprensa se omite. E as autoridades constituídas não querem discutir também porque na verdade todas querem o problema longe de si: em SPA. [Roberto Stähelin]

– Como você bem disse Damião, o governo já construiu uma penitenciária em SPA. Logo, a cidade já deu sua contribuição no combate à violência e diga-se de passagem, muitos dos presos que vão para essa penitenciária não são oriundos de São Pedro. Por que então a cidade tem que receber os presos dos 'outros'? Se os governos deixaram a situação chegar ao ponto em que está, cabe agora buscar soluções nos locais onde surgiram os problemas e não exportá-los para locais que não tem nada a ver com eles. Como a cidade ainda mantém seu aspecto rural, mesmo localizada na Grande Florianópolis, o governo quer aproveitar isso para construir mais um cadeião. E olha que o prefeito Ernei é do PMDB, mesmo partido do governador. [Francisco Dantas]

– Damião, concordo plenamente com os seus comentários acerca do "cadeião" em São Pedro. É bom lembrar que uma "comunidade" bem menor conseguiu impedir a construção de uma subestação de distribuição de energia elétrica na Ilha - com alegações diversas e sob auspícios de diversas entidades. São Pedro merece ser vista com outros olhos e respeitada pelo que representa. Solidariedade com a população de São Pedro. [Sergio Luiz da Silva]

– O que se passa na cabeça dos nossos governantes? Estão com o juízo perfeito? Ou é ignorância pura? Ou maldade? Que o povo de São Pedro de Alcântara resista bravamente contra esse absurdo, essa ignorância e essa violência. Que Deus nos proteja a todos das idéias dos iluminados do governo. [Siri Goya]

– O prefeito de São Pedro está correto. O povo esta com ele. Vamos salvar esta bela cidade. [Claudionei]

– Quem conhece a beleza de São Pedro de Alcântara, fica sem saber o que dizer frente a essa barbárie... Resta-nos unirmos forças para impedir que essa ação insalubre, de fato se consolide. Sejamos persistentes... essa causa (Nossa Causa), vale muito a pena... [Hellen]

O Terminal

A Globo exibiu "O Terminal", de Steven Spielberg, nesta segunda-feira. Resta saber se, no país do apagão aéreo, foi mera coincidência ou uma bela provocação ao ministro-sabe-tudo-de-aviação Nelson Jobim. Quem assistiu ao filme sabe do que estou falando: fim de ano, férias, muita gente viajando, aeroportos lotados...

Bandoleiros em ação

O caso dos ônibus apedrejados na BR-101, em Santa Catarina, não é novidade – talvez a novidade é que uma passageira tenha sido atingida por uma das pedras e esteja em estado grave no hospital. Há uns tempos, viajando de Itajaí para Florianópolis, o ônibus em que eu viajava foi atingido por uma bicicleta, atirada de um barranco, na altura do município de Tijucas. O motorista não parou, porque sabia que era um assalto. Contou-nos, quando paramos na Polícia Rodoviária Federal de São Miguel, em Biguaçu, que esse tipo de ocorrência é muito comum na 101. Bandidos atiram pedras e outros objetos para forçar a parada do ônibus e assaltar os passageiros. Não se sabe ainda se foi o problema ocorrido no fim de semana, mas pelo tipo de ação o objetivo só podia ser esse.

Ainda a propósito, não entendi o lide da matéria do G1. Vejam só que salada russa: "Uma mulher está internada em estado grave em um hospital de Joinville (SC), após ter sido atingida por uma pedra na cabeça. Regiane Rocio da Silva Mon, 34 anos, participava de um congresso em Florianópolis e seguia para Curitiba, quando o ônibus em que estava foi apedrejado na BR-101, no Norte do Espírito Santo, na noite de domingo (9)".
Espírito Santo?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Ainda São Pedro de Alcântara

O problema do cadeião em São Pedro de Alcântara não é só relativo à escória que vai viver dentro dessa casa de passagem para o inferno.
Acontece que onde se constroem penitenciárias, presídios e cadeias surgem em volta verdadeiros amontoados habitacionais, em condições precárias, geralmente em terras invadidas, espalhando mais crime, mais miséria e mais sofrimento.

Querem um exemplo? A favela da penitenciária, no morro ao lado da dita cuja, em Florianópolis, se formou ao longo de décadas, trazendo os parentes dos presos – mulheres, filhos, irmãos, sobrinhos, netos. É conhecida como “Favela dos Lageanos”, tal o número de pessoas procedentes da cidade serrana catarinense responsáveis pela formação do núcleo inicial. [Nenhum preconceito: Lages viveu seu esplendor econômico, com a extração da madeira, até a década de 1970. Dali para frente, virou uma cidade de serviços e comércio, sem empregos e sem futuro. Trabalhadores desempregados e sem perspectivas de vida passaram a viver na marginalidade. Daí o forte movimento migratório que se verificou nos anos seguintes. Hoje o quadro está sendo revertido e Lages voltou a ser uma das boas e grandes cidades do Estado].

O que temem os moradores de São Pedro de Alcântara, portanto, não é apenas o cadeião do governo. É tudo que vem atrás do cadeião, ou seja, a completa favelização de um dos cenários rurais mais deslumbrantes da Grande Florianópolis. Mas, quem permitiu que dunas, praias, restingas e manguezais da Ilha de Santa Catarina fossem ocupados indiscriminadamente, vai se importar com as florestas, rios, riachos, açudes, montanhas e outros atrativos naturais de São Pedro?

De cidade histórica a cidade presídio

Na bucólica São Pedro de Alcântara, Grande Florianópolis, a magnífica igreja católica construída em 1929, por imigrantes alemães, seus filhos e seus netos

A população de São Pedro de Alcântara é pequena. Na última contagem oficial passava um pouquinho dos 4 mil habitantes. São Pedro está numa região de montanhas, uma magnífica área rural da Grande Florianópolis. O hoje município pertencia à Capital (Desterro), quando chegaram os primeiros imigrantes alemães a Santa Catarina (1829). Tem o nome de Pedro em homenagem ao santo e também ao imperador brasileiro D. Pedro 1º, que se chamava Pedro de Alcântara.

O pequeno município é uma das cidades históricas mais importantes de Santa Catarina, justamente por ter sido o berço da colonização germânica. Ali chegaram as primeiras famílias alemãs, que depois se espalharam pela Grande Florianópolis, pelo Planalto Serrano e Vale do Itajaí. Na praça de São Pedro existe um marco com todos os sobrenomes dos pioneiros. Além de sua belíssima igreja, muitas casas conservam os traços da colonização, embora não tenham o mesmo valor histórico do estilo enxaimel que marcou Blumenau e Joinville. Os alemães de cá eram muito, mas muito pobres; parte deles foi dizimada pela fome, outra, pelas doenças.

O Governo do Estado, que já construiu uma penitenciária no território de São Pedro, agora pretende edificar um cadeião, para abrigar 250 presidiários (nas circunstâncias atuais, mais de mil presos amontoados?).
Claro que o governo precisa de um lugar para construir o cadeião, porque é preciso dar um destino à escória.
Mas não em São Pedro.

Hoje, o prefeito Ernei Stähelin, um homem esclarecido, estudado, experiente e batalhador, impediu pessoalmente o início das obras do cadeião.
Ele tem razão: precisamos salvar São Pedro e mostrá-la, para atuais e futuras gerações, como uma das cidades históricas de Santa Catarina. Transformá-la numa cidade presídio não é, decididamente, uma decisão sábia, de quem respeita a memória catarinense. Há inúmeras outras áreas rurais, sem qualquer importância histórica, a 30, 40 ou 50 quilômetros de Florianópolis. É só uma questão de vontade dos nossos governantes. Se eles quiserem, eles salvam São Pedro e, mais ainda, passam a lhe dar o valor que merece, como marco simbólico da colonização alemã em Santa Catarina.

A pesquisa Datafolha

O Datafolha divulgado neste domingo mostra que o casal Amin continua sendo uma referência eleitoral importante em Florianópolis. Nos cenários projetados, eles venceriam a disputa pela prefeitura no ano que vem, pouco importa se o candidato for Esperidião ou Angela. O atual prefeito, Dário Berger, aparece em terceiro lugar sempre.

Primeiro cenário
Angela Amin (PP) - 31%
Cesar Jr. (DEM) - 16%
Dário Berger (PMDB) - 15%
Angela Albino (PCdoB) - 8%
Mauro Passos (PT) - 4%
Marcos Vieira (PSDB) - 3%
João Batista Nunes (PR) - 2%

Segundo cenário
Angela Amin (PP) - 29%
Cesar Jr. (DEM) - 17%
Dário Berger (PMDB) - 15%
Angela Albino (PCdoB) - 8%
Marcos Vieira (PSDB) - 3%
João Batista Nunes (PR) - 3%
Ricardo Baratieri (PT) - 2%

Terceiro cenário
Esperidião Amin (PP) - 26%
Cesar Jr. (DEM) - 17%
Dário Berger (PMDB) - 16%
Angela Albino (PCdoB) - 8%
João Batista Nunes (PR) - 3%
Marcos Veira (PSDB) - 3%
Ricardo Baratieri (PT) - 3%

Quarto cenário
Esperidião Amin (PP) - 26%
Cesar Jr. (DEM) - 18%
Dário Berger (PMDB) - 15%
Angela Albino (PCdoB) - 9%
João Batista Nunes (PR) - 3%
Marcos Veira (PSDB) - 3%
Ricardo Baratieri (PT) - 3%

Foram ouvidos 415 moradores de Florianópolis, ente os dias 26 e 29 de novembro.

Análise:

1 – Angela Amin tem mais força como candidata do que o marido, Esperidião;
2 – Cesar Jr., graças ao trabalho que realiza no programa de televisão do pai, Cesar Souza, e a um programa que mantém na rádio Guararema, é a grande surpresa desta pesquisa;
3 – Angela Albino é a segunda surpresa, porque tem marcado sua atuação na Câmara dos Vereadores por uma postura firme e coerente;
4 – O PT não tem expressão alguma, seja com o ex-deputado Mauro Passos ou com o médico e ex-vereador Ricardo Baratieri. Pelo que a pesquisa mostra, o partido do presidente Lula voltou, em Florianópolis, às marcas da década de 1980 – estava sempre nos últimos lugares;
5 – O atual prefeito, Dário Berger, sofre as conseqüências de um ano pesado, marcado por denúncias contra sua administração e também por falhas de comunicação muito graves (ficou quase cinco meses sem secretário nessa área);
6 – O cenário de hoje não é definitivo, é apenas uma tendência. Lembrando: nem Esperidião, nem Angela, declararam-se candidatos até agora. Cesar Jr. já disse que é, Angela Albino é a alternativa da frente de esquerdas, Mauro Passos é nome do PT sempre lembrado e Ricardo Baratieri admite e trabalha internamente em seu partido para ser o candidato. Quanto a Berger, há dois fatores fundamentais que podem auxiliá-lo na disputa: tem o apoio do governador Luiz Henrique da Silveira, administra uma máquina poderosa e deve ser o candidato com mais recursos financeiros a entrar na disputa do ano que vem. Só um trabalho muito competente dos adversários pode tirar suas chances de reeleição.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Não disse a que veio

Falavam mal de Antônio Carlos Magalhães, que era chamado de o "rei da Bahia". Mas ACM era querido pelo povo, tinha um carisma inabalável. Jacques Wagner (PT), que quebrou a supremacia do chamado carlismo na Bahia se elegendo governador em 2006, está passando um cortado: por onde anda, é vaiado por todos. O colunista Cláudio Humberto registra hoje que Wagner levou uma sonora vaia no início do show de Roberto Carlos em Salvador. O povo só parou de vaiar a pedido do próprio Roberto. Os baianos estão insatisfeitos com o governador, que quase um ano depois de assumir o poder não disse a que veio. Parece até um Estado do Sul do Brasil...

Confirmado: ele é louco

Hugo Chávez resolveu, por sua conta, atrasar o horário da Venezuela em meia hora, sem mais, nem menos e sem qualquer explicação científica. Só para ser diferente.
A loucura de Chávez faz com que a Venezuela tenha seu horário fracionado de 30 em 30 minutos, com vários fusos horários durante o ano.
Segundo o site G1, Chávez foi comparado pelo New York Times ao filme Bananas, de Woody Allen, no qual o ditador de plantão obriga as pessoas a usarem as roupas íntimas por fora das calças.

Tristeza no automobilismo

Para os amantes do automobilismo, como este blogueiro, odomingo foi muito triste, com a morte do jovem piloto Rafael Sperafico. O grave acidente em Interlagos foi registrado pela SportTV, que transmitia a etapa da Stock Car Light. As imagens impressionantes podem ser assistidas AQUI: os carros parecem caixinhas de fósforos se desmontando.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Devaneios musicais


Cresci ouvindo os Beatles. Era adolescente quando eles se separaram. Assisti a Let it Be (que foi traduzido para a platéia brasileira como Deixa Estar) no antigo Cine São José, numa inesquecível sessão da tarde, que muitos chamavam de matinê, mas era uma vesperal.

Continuo fascinado por tudo quanto eles produziram. Foram gênios musicais do século 20 – e estou apenas repetindo uma obviedade.

Entre os componentes da banda inglesa, sempre fui mais fã de John Lennon do que dos outros. Digamos que me alinho entre aqueles que identificavam em Lennon o verdadeiro cérebro do grupo. Há inúmeras discussões quanto a isso, inclusive de que Lennon não era aquilo tudo, que na verdade o "motor" criativo dos Beatles era Paul McCartney.

Assim, colecionei discos solo de John Lennon e nunca dei muita bola para McCartney.

Mas... A internet tem essa virtude de colocar ou recolocar as coisas nos seus devidos termos. Pesquisando no BitLord sobre os Beatles e, um pouco cansado de me dedicar a John Lennon, resolvi conhecer um pouco melhor a obra solo de Paul McCartney.

Pois bem, surgiu nessa pesquisa a possibilidade de baixar o álbum Unppluged, que o ex-Beatle gravou em 1991, para a MTV norte-americana. Foi realmente uma descoberta (estou ouvindo agora pela quinta vez nos últimos dias). Começa com o clássico do rock Be-Bop-a Lula, segue com maravilhosas baladas, como o também clássico Here, There, and Everywhere, Blue Moon of Kentucky, San Francisco Bay Blues, She's a Woman, And I Love Her e assim por diante. Não é um McCartney roqueiro, até por se tratar de um show acústico, mas um McCartney puxando para o blues, o folk, o country.

E, ao contrário do que se possa pensar, não estou satisfeito com o Unplugged em MP3. Quero o LP original (acredito que tenha sido gravado em vinil: em 1991 o LP ainda funcionava), porque é mais físico, se é que me entendem. Vou pedir pro Papai Noel.

Descoberta tardia? Nunca é tarde para aprender: Paul McCartney também foi e é gênio. Talvez não fosse à-toa que a maior parte das músicas dos Beatles levasse a assinatura dele e de John Lennon. A dúvida que me fascina, da mesma forma que incomoda outros beatlemaníacos: quem era quem na autoria de Help, A Hard Day's Night, Eleanor Rigby, Strawberry Fields Forever, Hey Jude, We Can Work it Out, Come Together, Let It Be, The Long and Winding Road, entre dezenas de outros sucessos?

ºxºxºxºxº

Ainda sobre os Beatles – e não é piada: a foto que ilustra este post (acima) está no meu mural de trabalho há um tempinho. Deixei-a ali para me lembrar sempre do quanto gosto dos Beatles.
Outro dia, uma sobrinha distraída esteve em casa e foi ao meu escritório (sobrinhos adoram escritórios dos tios). Olhou o mural, viu as fotos (estão nele também imagens do Mário Quintana, Groucho Marx, Charles Chaplin, Santa Paulina e o Senhor dos Passos), recortes e lembretes. Parou diante da foto dos Beatles e lascou a pergunta: "Qual deles é tu?".

Quase caí de costas quando ela me perguntou. Mas, pensando bem, eu disse que era o terceiro da esquerda para a direita (John Lennon). Mesmo assim, a distraída adolescente não se tocou. Depois falei a verdade. Quem quase caiu de costas foi ela. E já ouviu os Beatles um quaquilhão de vezes...
A sobrinha não é você, não, Luiza. É outra. Depois te conto.

Não vetou

O Diário Catarinense de hoje informa que o prefeito Dário Berger não vetou a lei que proíbe o uso de cobaias em pesquisas científicas. A lei foi promulgada pela Câmara de Vereadores e segue para publicação no Diário Oficial.
Se for assim, e diante de um vexame internacional desse porte, a UFSC vai ter de transferir seus laboratórios de biologia para alguma cidade próxima. [Detalhe: na CBN-Diário, hoje pela manhã, persistia a informação de que Dário ainda pode vetar a lei. Tomara que seja verdade].

Os devidos termos

O advogado Péricles Prade esclareceu hoje pela manhã, em entrevista à CBN-Diário, que está defendendo o empresário Samuel Costa apenas na parte relativa às questões, contábeis, tributárias e legais envolvendo a financeira. A questão dos investidores que supostamente teriam perdido suas aplicações é tratada por dois outros advogados.
Também foi incorreta a informação divulgada ontem, de que Samuel teria sido preso pela Polícia Federal. Na verdade, o empresário se apresentou à PF e ficou preso porque havia um mandado judicial contra ele.

PAUSA POÉTICA

No início de novembro, publiquei aqui o poema "Ilha de Santa Catarina", do desterrense – nasceu em 1864, quando Florianópolis ainda se chamava Desterro – Araújo Figueiredo. Ele foi um dos maiores poetas de sua geração, contemporâneo de Cruz e Sousa, Virgílio Várzea, Santos Lostada e Horário de Carvalho, escritores da escola realista. (Sousa depois se incorporou ao simbolismo, do qual foi um dos fundadores no Brasil).
Figueiredo é um poeta praticamente esquecido na atualidade. Merece ser lido e relido. "Ilha", logo abaixo, integra o livro póstumo "Praias de Minha Terra", parte da antologia "Poesias", editada em 1966 pela Academia Catarinense de Letras, com apoio do Governo do Estado (administração de Celso Ramos). Naqueles tempos, o governo costumava valorizar a verdadeira cultura catarinense.
Juvêncio Araújo de Figueiredo morreu em 1927.

ILHA

Araújo Figueiredo

Olho o mar, olho o rio, olho o campo, olho a serra,
E olho espiritualmente a abóboda celeste...
Do que fulge no espaço e se irisa na terra
Em belezas reais, a minha alma se veste.

Vejo, sonhando assim, que o meu destino encerra
Amplos dias de luz doirada em campo agreste...
O medonho tropel das lutas não me aterra!
Duma tranqüila paz meu sonho se reveste.

Homem, fico, de pé, na crença de que existe
Em tudo o olhar de um Deus Universal, que assiste
Ao amor e do amor as flâmulas desfralda;

Deus que faz duma estrela a excelsa maravilha
De um mundo, a refletir nas tuas águas, Ilha!
Como num misterioso espelho de esmeralda!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ignorância eterna

Do leitor Paulo Stodieck, a propósito do projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal de Florianópolis, prevendo o fim das experiências científicas com cobaias:
– A ignorância é imortal.
Paulo se refere à minha citação, relativa ao Festival de Besteira que Assola o País (Fepeapá), invenção de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), há 41 anos. O livro, que narra absurdos cometidos ou falados por certos políticos, ganhou uma reedição recente, com prefácio de Millôr Fernandes. Porque nada mudou desde então.

Grana preta

Que história essa dos bandidos presos em Blumenau, responsáveis por um golpe absolutamente fantasioso: eles “vendiam” dinheiro para os incautos, num esquema semelhante a lavagem (seriam sobras de campanha política, provenientes de Brasília). Como o olho dos “investidores” crescia, eles alegavam que precisavam de mais dinheiro ainda para esquentar as notas, que vinham tingidas de preto e necessitavam de um produto químico para serem limpas.
Agora, alguém cair numa história da carochinha como essa é ser muito otário ou ganancioso. É mais ou menos como o “golpe do chute”, muito comum em Itajaí: golpistas oferecem falsas mercadorias por preços absurdamente baixos. E volta e meia alguém aceita o conto do vigário, entregando bens e dinheiro em troca de produtos que não existem.
Tudo isso – inclusive a história da factoring de Florianópolis – lembra a Lei de Gerson. “O negócio é levar vantagem em tudo”, dizia o ex-jogador de futebol, ao protagonizar um comercial de cigarros (marca Vila Rica, se não me engano) na televisão. Gerson não merecia, mas entrou para a história como autor do slogan da malandragem brasileira.

Grana curta

Corre-corre na cidade. Todos, até os que não tinham dinheiro investido com Samuel Costa, querem informações sobre a prisão dele pela Polícia Federal, ocorrida hoje à tarde. O pouco que se sabe é que, ao ser preso, ele se disse disposto a ressarcir os pequenos investidores. Os grandes, segundo divulgou o RBS Notícias, reproduzindo uma suposta declaração do empresário, “ganharam até três vezes o valor aplicado”. Por isso, não devem ser contemplados com a boa vontade do dono da factoring que quebrou na semana passada.
Quem atua na defesa de Samuel é o veterano advogado e jurista Péricles Prade.

A cidadania humilhada

Matéria do jornal Hoje mostrou a precariedade das rodoviárias brasileiras. Os passageiros pagam “taxa de embarque” para utilizar as dependências dessas espeluncas. Ainda assim, têm que pagar para usar os banheiros. Em Balneário Camboriú, custa R$ 0,75. Em Florianópolis, R$ 0,50. Em Itajaí, R$ 1,00. Mas vejam bem: as duas primeiras são administradas pelo poder público; a última, pela iniciativa privada. Em todas, há banheiros públicos gratuitos, mas horrorosos, fedidos e sujos.

Outro dia, depois do almoço, precisei ir ao banheiro na rodoviária de Itajaí. Como era só para o xixi básico, fui ao banheiro gratuito. Estava fechado para limpeza. Dirigi-me então para o banheiro dos ricos, um chiquê total, cheirinho de sauna, aquelas coisas de primeiro mundo. A catraca estava liberada para entrar – e imaginei que fosse porque o outro, o gratuito, estivesse interditado para limpeza. Qual o quê?! Quando saí, a funcionária, que havia liberado a catraca para poder limpar as latrinas, estava me esperando de braços cruzados e de cara feia. Fiz um barraco, passei a catraca e me recusei a dar atenção a ela. Não pelo R$ 1,00 (que paguei em seguida), mas pelo abuso: a) paguei taxa de embarque; b) o banheiro gratuito estava fechado; c) neste caso, eu teria direito a usar o outro banheiro sem pagar, se nós não estivéssemos no Brasil, é claro.

O segurança particular, um verdadeiro armário, chamou a PM. Ele queria que eu me acalmasse. O PM chegou, não entendeu nada, não pôde fazer nada, porque a questão envolvia R$ 1,00 (que eu paguei). Dito pelo não dito, a rodoviária de Itajaí, que é particular, continua cobrando taxa de embarque e taxa para fazer xixi, exatamente como fazem as rodoviárias administradas pelo poder público. Se o banheiro gratuito estiver fechado e o passageiro não tiver dinheiro, que se dane! Vá urinar no estacionamento da rodoviária.

Inventando moda

Santa Catarina ganha destaque hoje na mídia nacional, novamente por conta de um assunto polêmico, este um autêntico Febeapá (*). A matéria trata do projeto de lei aprovado na Câmara Municipal de Florianópolis, que proíbe pesquisas científicas com animais.

Não inventaram, ainda, uma legislação que proteja os cidadãos de alguns delirantes políticos, que não têm mais o que fazer?

Pesquisas científicas com animais são fundamentais para o desenvolvimento de medicamentos, vacinas e tratamentos para inúmeras doenças humanas. Que seria de nós, não fossem macacos, ratos e outros bichos usados nessas experiências?

(*) Expressão inventada pelo genial cronista brasileiro Sérgio Porto, que se assinava Stanislaw Ponte Preta. Febeapá significa Festival da Besteira que Assola o País.

Alma udenista

José Sarney, citado para ser o novo (e de novo) presidente do Senado, é talvez um dos políticos mais velhos em atividade no Congresso Nacional. Sem tempo para pesquisar, puxo da memória rapidamente: Sarney está na política desde a década de 1950. Foi um dos líderes da extinta União Democrática Nacional (UDN), integrando, no início da carreira, aquela corrente chamada de Bossa Nova – o ruidoso grupo de jovens udenistas que tinha um comportamento mais moderno, uma espécie de contraponto ao coronelismo da época. A UDN virou PFL e hoje é o DEM. Sarney está no PMDB desde a década de 1980. Mas sua alma ainda é udenista, no sentido clássico do termo.

Intelectual de ponta

O no presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Cícero Sandroni, é um dos melhores amigos do escritor catarinense Salim Miguel. Eles conviveram durante os anos em que Salim morou no Rio de Janeiro. Sandroni foi redator e editor do Jornal do Brasil, nos áureos tempos em que o JB era o melhor jornal do País.

Da série IDH de primeiro mundo

– Um em cada cinco partos no Brasil é de adolescente
– Mortes de jovens por violência chegam a 67,9%

Dados do IBGE, divulgados pela Folha de S. Paulo. Detalhes aqui.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O foto-teste

Não havia prédio para tomada da foto que publicamos aqui ontem. Tampouco seria possível registrar a imagem a partir da torre da Catedral, ponto mais alto da cidade na década de 1940, porque o templo católico está à direita da foto, bem deslocado. Meu palpite é de que a imagem foi clicada a partir de um pequeno avião, com uma lente bem poderosa (se é que havia naquele tempo, mas acho que sim).
E de fato, temos ali ao centro a Avenida Hercílio Luz antes do alargamento. A primeira rua perpendicular que aparece é a Anita Garibaldi, onde há hoje o Hotel Oscar (construído na década de 1950) e o posto de combustíveis da Petrobras.
É interessante observar que não há na imagem qualquer sinal do canal construído no governo de Hercílio Luz e que deu o primeiro nome à via (Avenida do Saneamento). Procurei alguma outra foto ou desenho que pudesse me esclarecer. Mas como estou sem tempo, deixo a complementação em aberto. O que é correto, mesmo, é que à frente estão o Instituto de Educação Dias Velho (até há pouco Faculdade de Educação da Udesc), onde o governador Luiz Henrique fez o ginásio e o científico, e a Academia de Comércio, também conhecida como Academia Jacaré.

Pro Carnaval tem $ (e bastante)

Treze cidades catarinenses vão receber R$ 3,2 milhões do Governo do Estado para realização do Carnaval 2008. O anúncio sobre a liberação dos recursos está no site oficial, edição de hoje.
Bem: há aqui uma grave distorção. A missão de bancar o Carnaval deveria ser da iniciativa privada. Os R$ 3,2 milhões ajudariam, em muito, a área de segurança pública e o sistema prisional. Mas o secretário Justiniano Pedroso, falando em nome do governo, diz que suas excelências, nossas autoridades, estão estudando parcerias público-privadas para administração das cadeias.
Ora, pois. Governar é isso? Se é, estou desaprendendo tudo o que, modestamente, aprendi sobre ciência política nos bancos da UFSC.

Elogiar também faz bem

Pra não dizerem que só malho o Governo do Estado, faço aqui o registro sobre a condecoração do soldado PM Cilézio, que salvou a vida de um bebê ao orientar o pai da criança por telefone. Ele merece, é um herói. O governador Luiz Henrique foi quem entregou a comenda que reconhece oficialmente o ato de bravura.

País dos contrastes

“Vergonha”. Foi como um juiz federal definiu ontem a situação dos presos acorrentados em Santa Catarina. A delegada – que deu uma polêmica entrevista anteontem – voltou a falar. E com razão, mais uma vez, porque a função dela é prender os bandidos para encaminhar os casos à Justiça. Não cabe aos delegados arranjar cadeias para encarcerar os criminosos.
O pior é que, do jeito que a coisa anda, não haverá cadeia suficiente (como já não há) para prender os bandidos que chegam às pencas a Santa Catarina durante a temporada. Eles vêm de outros Estados para roubar e assaltar moradores e turistas numa época de grande esplendor econômico.
E sejamos justos: a criminalidade cresce em todo o País. Não há prisões para tanta gente.Apesar disso, o Brasil está no ranking dos países de alto IDH – um índice que se compõe, entre outros aspectos, pelo nível de educação e pela renda. Dá para entender esse paradoxo?

Inviabilidade urbana

As obras realizadas em vias públicas de Florianópolis motivam irritação nos motoristas, ainda mais nesta época pré-natalina. A principal delas, realizada na Ilha de Santa Catarina, é a de expansão do gás natural, que exige perfurações para que a SCGás implante a canalização.
Ninguém questiona o benefício, mas há um temor generalizado de que, com a chegada de milhares de turistas nos próximos dias, a situação do trânsito piore ainda mais. Ontem, o prefeito Dário Berger e o presidente da SCGás sentaram-se à mesa para discutir uma forma de agilizar o processo. O problema, naturalmente, é que do jeito que a coisa vai em Florianópolis está difícil realizar qualquer tipo de intervenção nas ruas e avenidas da cidade. Seja em pré-temporada, seja em tempos normais. Porque, por exemplo, logo depois do Carnaval já começam as aulas e o trânsito volta a ficar impraticável. Assim, só podemos concluir que a capital catarinense marcha mesmo para a inviabilidade urbana.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

FOTO-TESTE

Uma imagem bem óbvia de Florianópolis? Nem tanto. Tentem se localizar. É um postal da década de 1940, que desviei do acervo do Velho Bruxo (onde está creditado para o acervo da Família Elpo).

Ao pé-do-ouvido

A questão é sigilosa, como convém. Mas há fortes indícios de que autoridades federais estariam desenvolvendo uma gigantesca operação em Santa Catarina, que deve resultar em revelações surpreendentes. Não há maiores informações ainda sobre o caso. O que se sabe é que uma parte das autoridades federais veio de outros Estados, para reforçar as investigações.

* * *

A informação foi repassada hoje à tarde para este blog, ao pé-do-ouvido, por uma autoridade que não está envolvida nessa operação, mas tem conhecimento das movimentações, concentradas, por enquanto, em pelo menos dois grandes municípios catarinenses.

Nada a declarar

No site do Governo do Estado não há nenhuma referência aos problemas do sistema prisional. O assunto é tratado pelas secretarias específicas. Até o momento, o governador Luiz Henrique da Silveira não pronunciou qualquer palavra a respeito do tema. Aliás, o site do governo só destaca notícias “positivas”. Não há divulgação de assuntos polêmicos. Santa Catarina merecia uma explicação sobre os presos que estavam acorrentados na delegacia de Palhoça. A única, até agora, veio do secretário da Justiça e Cidadania, Justiniano Pedroso, que admite resolver o problema carcerário através de parcerias com a iniciativa privada (PPPs). É o fim. Se a iniciativa privada é a solução para tudo, por que não colocam um empresário para governar o Estado de uma vez?

Qualidade de vida: para quem?

O que se ouve por aí nas conversas informais, à beira dos balcões dos cafés e nos botequins da vida: "Mulheres conviviam com homens em cadeias do Norte-Nordeste brasileiro há muito tempo. Presos eram acorrentados a pilares e outros objetos fixos também há muito tempo, não só em Santa Catarina. Sempre houve corrupção em todos os níveis de poder. Negociações com licenças ambientais também não constituem novidade. Diferentes governos pagaram mensalinhos e mensalões para parlamentares e outros aliados políticos".

Se tudo sempre foi assim, como dizem, por que hoje algumas notícias alcançam tanta repercussão?

Simplesmente porque a imprensa livre é uma espécie de amplificador. O "sempre existiu" talvez não existisse se as denúncias veiculadas pelos jornais, rádios e TVs merecessem mais atenção das autoridades. Se os responsáveis levassem a sério o que é divulgado. Se a Justiça acolhesse aquilo que o Ministério Público encaminha, baseado em fatos e provas irrefutáveis.

E mais: não há propaganda que, positivamente, desminta o que fotos, imagens e entrevistas revelam. Portanto, a mistificação da realidade, essa história de "qualidade de vida", tem que ser posta nos seus devidos termos. Qualidade de vida, sim, mas para quem?

Dias Velho não é o culpado

Um adendo ao post anterior: se acorrentar presos não é novidade, isso não quer dizer que o atual governo não tenha responsabilidade pelo que acontece. Aliás, esse recurso de culpar os antecessores, que se tornou comum entre nossas autoridades, não faz o menor sentido para a população em geral. Ninguém é tão burro a ponto de achar que os problemas de hoje são de responsabilidade de Francisco Dias Velho, o bandeirante que fundou Santa Catarina no século 17.
A questão é já, aqui e agora. Um governo que se propôs a ter a marca das mudanças, não poderia ter deixado a coisa chegar a esse ponto, a essa exposição nacional e internacional de Santa Catarina. Logo um governo do PMDB, partido que sempre desfraldou a bandeira de defesa dos direitos humanos, do progresso, da liberdade...

Grilhões antigos

Amarrar os presos aos pilares (*) dos prédios das delegacias não constitui, em si, um fato muito novo.
Sou da Vila, um dos bairros que formavam a Trindade antigamente (hoje é tudo Trindade, do trevo da penitenciária ao campus da UFSC). Minha família morava exatamente ao lado da 5ª Delegacia de Polícia. Durante muitos anos, e por falta de vagas na carceragem, os delegados mandavam acorrentar os presos às colunas e até aos pára-choques de viaturas quebradas, no pátio. Eu saía para trabalhar e estudar e só voltava à noite. Quando chegava, minha mãe sempre reclamava de um ou outro preso que ficara gemendo o dia inteiro. Meu pai relatava, pela manhã, que passara a noite ouvindo aqueles ruídos humanos. Dizia que pareciam uivos.
De onde concluímos que a questão prisional, no Brasil, realmente não é de direitos humanos. Como Sobral Pinto fez na década de 1940, em relação ao preso político Luiz Carlos Prestes, evoquemos os direitos dos animais para que os presos brasileiros tenham tratamento mais digno.

(*) Escrevi pilastra num post anterior. Consultei o Aurélio. A palavra mais apropriada é pilar (ou coluna).

AN vai virar tablóide regional

Está decidido: o jornal A Notícia deixa de ter circulação estadual a partir de março. O primeiro passo será dado em janeiro, quando o AN Capital - caderno regional publicado em Florianópolis desde 1995 - deixa de ser produzido.
No momento em que assumir seu caráter regional, restrito à região Norte do Estado, A Notícia também passará a ser impresso em formato tablóide.
A RBS vai manter o Diário Catarinense como único jornal estadual da rede. É para lá (para o DC) que parte dos jornalistas que atuam hoje na sucursal de AN em Florianópolis serão transferidos ou, em outra possibilidade, diretamente para a sede de Joinville.

A Notícia era o último grande jornal de Santa Catarina que resistia ao poderio da RBS. Foi vendido pela família Thomazzi para a RBS em outubro do ano passado. Desde então, vem passando por reformulações internas e sendo preparado para a radical redução editorial e gráfica que sofrerá em março.
Na resistência à RBS, sobraram apenas o Notícias do Dia (Florianópolis e Joinville) e alguns pequenos diários do interior, em Lages, Chapecó, Itajaí, Criciúma e Tubarão. Só a união dos catarinenses, em torno destes veículos, poderá fazer a diferença para evitar o monopólio absoluto da informação no Estado.

Cadeias, bandidos e chimpanzés

Palhoça, na Grande Florianópolis, era uma cidade-dormitório até poucos anos atrás. Ganhou uma nova dinâmica graças à duplicação da BR-101, que tornou o município mais acessível para novos moradores, empresários e trabalhadores. Distante menos de 20 quilômetros da Ilha de Santa Catarina, Palhoça vive uma época de esplendor econômico. A prefeitura prevê investimentos de R$ 1 bilhão, da iniciativa privada, em novos empreendimentos até o final de 2008.

Ocorre que o esplendor econômico provoca, por outro lado, graves demandas sociais. A periferia de Palhoça é hoje tão violenta quanto a de Florianópolis ou a de São José. O poder público não consegue suprir as carências habitacionais, nem de segurança pública, saúde ou educação. O resultado é visível: são tantos presos amontoados na delegacia local, que a única alternativa da pobre delegada é acorrentá-los às pilastras. É desumano? É. Mas mais desumano é perceber que o Governo do Estado, tão zeloso em mostrar as "qualidades", o "IDH", "a pujança", as "arenas multiuso" de Santa Catarina, não tem o menor cuidado em garantir mínimas condições para a vida em sociedade.

É hora de perder a pose, se é que certas autoridades catarinenses têm algum interesse em abandonar aquele ar blasé, de superioridade "européia" que ostentam em cerimônias públicas. O que os jornais vêm mostrando nos últimos dias, e que o Jornal da Globo dramatizou ainda mais há pouco, é o retrato fiel e acabado da inoperância governamental em Santa Catarina.

Sim, nós temos bandidos que precisam responder pelos crimes que cometeram. Mas temos também uma imensa população que espera, do Estado, as mais elementares providências quanto à segurança pública, prisões adequadas, delegados e policiais civis bem-remunerados. Porque, ao fim e ao cabo, os sorrisos e a aparência de noveau-riche dos nossos mandatários não passam em qualquer prova de competência, por mais que esses mandatários tenham belos diplomas emoldurados, fumem charutos cubanos, bebam os melhores vinhos e uísques e desfilem nos carrões mais incrementados. Tudo isso é perfumaria, é uma grosseira falsificação do que acontece na vida real.

E deve ser por tudo isso que os chimpanzés são superiores aos seres humanos em testes de memória, como mostrou uma pesquisa científica divulgada nesta terça-feira.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Correntes e cadeados (1)


A imagem captada por Hermínio Nunes na capa do Diário Catarinense de hoje: fotojornalismo de verdade

Meu caro João Carlos deixou um comentário que trago para cá, pela relevância de seus argumentos a propósito dos presos acorrentados em Palhoça, Grande Florianópolis. Ei-lo:

“Damião, deixa eu meter minha colher neste assunto. Primeiro: quem assiste aos programas policialescos que invadiram a TV no horário do almoço sabe, há pelo menos um ano, que a superlotação no sistema penal provocou uma situação no mínimo animalesca: presos acorrentados no tal muro das lamentações. Os repórteres até tiravam uma onda. Segundo: os presos acorrentados preferem mil vezes ficar ali do que serem colocados numa cela com capacidade para quatro pessoas e onde estão 22. Terceiro: o Ministério Público e o Poder Judiciário sabiam da situação e só agora, depois do estouro da boiada, é que se pronunciaram. Quarto: a sociedade tá cansada de hipocrisia. Mais vale um bandido preso numa cela lotada do que um criminoso na rua. Para finalizar: só vai para a cadeia quem faz uma opção de vida contrária às leis vigentes deste país. Vamos parar com tanta hipocrisia”.

Correntes e cadeados (2)

Uma sindicância vai determinar as responsabilidades sobre o acorrentamento de presos em Palhoça, região da Grande Florianópolis.
Pois, vejam: a sindicância nem precisaria se dar ao trabalho. Todos sabemos de quem é a culpa pelas correntes: os criminosos e o Estado. Os primeiros, porque não respeitam a ordem social. O segundo, porque tem se omitido gravemente em relação ao sistema penal.

Abro um parêntesis bem rápido aqui: mais do que o fato, o que chamou atenção nacional para a questão foram as fotos registradas pelo grande fotógrafo Hermínio Nunes, cujas lentes estão a serviço do Diário Catarinense. São imagens dignas de premiação. E se não me engano o Hermínio já ganhou muitos prêmios. Abraço pra ele, que ele merece.

Nem sábio, nem amigo

Uma observação do compadre Cesar Valente, em sua coluna de hoje, me conduziu a mais reflexões. Ele diz: “Que Estado fantástico é este que constrói ‘centreventos’ às carradas, mas não consegue ter ‘viaturas’ suficientes, ou combustível para as que tem?”.
Sem falar na cultura, na educação, no esporte e na saúde, fiquemos apenas com as cadeias: por que o lixo humano não merece tratamento melhor, mais digno, mais justo, para que possa até deixar de ser lixo (através da tal “reeducação”)? Se há tanta verba para coisas cosméticas, como esses centros de multiuso (arenas de eventos, também chamadas de centreventos), por que não se destina mais verba para a segurança pública e para o sistema prisional?
Um governante é sábio e amigo de seu povo quando consegue atentar para o presente, de olho no futuro. Quando só pensa no futuro – recorrendo ao planejamento elitista e delirante – e deixa seu povo à míngua, inclusive os presos acorrentados a pilastras de uma delegacia, esse governante não é sábio, nem amigo, nem justo.

Mais paredão, não

Não faz muito tempo, o que se via nessa paisagem eram muitas casas térreas e muito verde. Agora, um paredão de concreto salta aos olhos. A região é a do Itacorubi-Parque São Jorge. Um projeto de lei que tramita na Câmara de Vereadores pretende estabelecer uma moratória imobiliária na região, para evitar a degradação dos mananciais, da vegetação nativa e do próprio manguezal. Significa dizer que a cidade pode dar um tempo na construção de prédios como os que aparecem na foto, numa região de preservação ambiental.

Diminuindo o prejuízo

São de arrepiar as histórias envolvendo o suposto golpe de R$ 200 milhões praticado por uma empresa de factoring em Florianópolis. É difícil encontrar na cidade alguém que não tenha um parente, um amigo, um conhecido, que confiava determinada quantia para aplicações a 4% de juros ao mês.
Curioso é que muitos preferem diminuir o valor do prejuízo que tiveram. Quem aplicou R$ 20 mil, reduz para R$ 10 mil. Quem aplicou R$ 50 mil, fala em R$ 30 mil. Ninguém aceita admitir que perdeu o que de fato perdeu (se é que perdeu mesmo...).

Como os animais

Depois das mulheres presas em celas com homens, no Pará, agora é a vez de Santa Catarina freqüentar o noticiário nacional com os presos acorrentados numa delegacia de Palhoça. Na falta de vagas dentro da cadeia, eles são amarrados às colunas do prédio, como animais selvagens.

É grave o descrédito

Pesquisa Datafolha divulgada hoje aponta que para 45% dos brasileiros o Congresso Nacional é ruim ou péssimo. É preciso entender, no entanto, que a sondagem ainda reflete a longa crise envolvendo o senador Renan Calheiros. No ano que vem a coisa melhora - ou piora, dependendo do escândalo da hora.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Pero no mucho socialista

Enquanto o mundo comemora a derrota dele, Hugo Chávez não se dá por vencido. Para ele, “a luta continua”. A luta, no caso, é a “Revolução Bolivariana”. Simon Bolívar, inspirador dessa fanfarronice, era na verdade um burguês, conservador, defensor do capitalismo. A questão foi desmistificada hoje cedo pelo professor Hélio Jaguaribe, em entrevista ao âncora da Rádio CBN, Heródoto Barbeiro.

Mundo-cão de um lado...

Uma mulher de 62 anos, que parece ter muito mais, foi estuprada dentro de sua casa, em Palhoça. O bandido não deu a mínima para o fato de o marido dela ser um paraplégico, inteiramente dependente.
Tanto quanto o fato, o que causou espanto foi a matéria levada ao ar pela TV Record no horário do almoço. Foi uma das reportagens mais sórdidas que a televisão catarinense já exibiu. O esmero nos detalhes é que causou mais repugnância a quem assistiu a história.

... emoção de outro

Na outra ponta, o Jornal do Almoço reapresentou a matéria que o Fantástico mostrou no domingo. Um episódio tocante, que arrancou lágrimas de todos, apresentadores e telespectadores: a história do soldado da PM que orientou um pai e uma mãe, por telefone, para salvar a filha de apenas dez dias, que se afogara com leite materno. Um exemplo de competência, humanismo e superação.

Ele não vai se calar

A surpreendente derrota de Hugo Chávez não afasta o perigo que ele representa à democracia mundial. Enquanto estiver no poder, Chávez será uma ameaça constante ao equilíbrio das forças políticas. Simplesmente porque ele não vai se calar, como lhe recomendou o rei de Espanha.
É interessante destacar, sobre a vitória do não, a imensa participação estudantil na campanha pela rejeição da reforma constitucional – na verdade, uma tentativa de golpe de Estado – que Chávez queria.
Será possível dizer que os estudantes venezuelanos são "de direita"?
Há um equívoco em quem pensa assim (e há muita gente que pensa assim). Direita, na Venezuela, é Hugo Chávez. Porque todo golpista é, em essência, um direitista. Embora nem todo direitista seja golpista.

Passeio

Costa da Lagoa, no verão do ano passado. Para quem não conhece a Costa, onde só se chega de barco, é um passeio supimpa, talvez o mais belo que se possa fazer na Ilha de Santa Catarina. É uma ótima sugestão para as férias que se aproximam

Inteligência e indigência

O leitor Sérgio tem razão quando argumenta que TV digital, para uma programação sofrível como a exibida pelos canais brasileiros em geral, é uma grossa bobagem. Realmente, tirando um ou outro lampejo de inteligência nas emissoras, o resto é indigência mental. Assim, não há alta tecnologia que consiga superar o atraso intelectual dos que produzem a TV brasileira.
Há quem diga que a programação das TVs é diretamente proporcional ao que desejam os telespectadores. Mas eu já acho que os telespectadores é que aceitam passivamente o que lhes é empurrado goela abaixo pelos inteligentes. Ou seja, o povo acaba viciando na ruindade.
[E olha, vem aí o Big Brother, edição número 8, prova maior da imbecilidade televisiva. O BBB existe porque a massa gosta ou a massa gosta porque existe?]

Esportivas

ººº O Corinthians caiu. Bem-feito pro Corinthians, não pela torcida, nem pelos jogadores, mas por aquela raça de cartolas bandidos que transformaram o futebol num negócio sujo. Fiquei comovido com as reações dos torcedores. Alguns choravam copiosamente. Mas uma série B não faz mal a ninguém. Que o digam o Grêmio e o Atlético Mineiro.

ººº O Figueirense ficou a um ponto da classificação para a Sul-Americana. No rádio, escuto os companheiros da CBN-Diário entrevistando jogadores e torcedores. Muita gente triste com a 13ª colocação, porque o Figueira poderia ter tido um desempenho melhor. Não teve porque os cartolas (eles, de novo) não quiseram. Os chefes do clube queriam colocar jogadores na vitrine – para vendê-los a times maiores e reforçar o caixa do Figueira. Mas o que valoriza um time não é a formação e manutenção de um elenco de primeira qualidade?
Não entendo a dialética dos negócios esportivos.