sábado, 29 de setembro de 2007

Discussão inútil

Há um discussão estéril envolvendo o ocorrido com o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, ex-repórter do Jornal de Santa Catarina, quando trabalhava na periferia de Brasília, semana passada. O debate gira em torno da qualificação do crime: atentado ou assalto?
Que diferença faz para os brasileiros se um sujeito foi vítima de atentado ou assalto? Em ambos os crimes, a violência é o centro da questão. Se fosse atentado, Amaury seria alçado a uma outra categoria de vítima?
O que nos parece mais interessante nesse assunto é o que disse o próprio jornalista numa entrevista ao Bom Dia Brasil: na periferia de Brasília, a vida não vale um vintém, ou seja, os moradores brincam de viver e morrer. O que Amaury declarou ao telejornal da Globo vale para quase todas as periferias das grandes cidades do País. Há uma legião de brasileiros que desconhece a palavra esperança. Para essa legião de descamisados, nenhuma bolsa-esmola funciona, simplesmente porque eles vivem num plano de realidade muito mais concreto do que o dos outros cidadãos.
Não tenho aqui, agora, as informações sobre os bolsões de miséria em torno de Brasília. Mas sei que são centenas de milhares de pessoas morando nas condições mais indignas de vida. Foram para o Distrito Federal na esperança de “beliscar” algumas migalhas que caem dos pratos privilegiados. Apesar de perceberem que as migalhas não sustentam, ficaram por lá mesmo, procriando e multiplicando as piores condições de vida possíveis (e impossíveis).

Ponto final

Pergunto: por que tenho que dar abrigo a informações ou ataques de anônimos aqui no blog? Não se trata de censura, mas de bom senso e responsabilidade. Já me estressei muito por causa disso. Não vou mais me incomodar.

O último capítulo

Ao final de Paraíso Tropical, o que menos importou foi a resposta à pergunta "Quem matou Taís". A equipe de Gilberto Braga, muito habilmente, desviou o foco da questão do assassinato, derrubando todas as teses, reportagens especiais inúteis e outras bobagens que circularam por aí. Na verdade, o que os autores pretenderam foi criar um clímax surpreendente, com toques das tragédias clássicas (a grega e a de Shakespeare), num jogo de traições, envenenamentos, irmão que mata irmão etc. e tal.
Claro, teve a baboseira de sempre, o casamento, os filhos gêmeos da gêmea que sobreviveu, revelações de última hora, aquilo tudo que a fórmula tradicional da telenovela contém.
Mas o que pretendo, afinal, é saudar a inteligência dos autores, que desenvolveram uma obra atípica, fortemente inspirada na boa literatura mundial. Assim, o simplismo de "quem matou Taís" ficou pendurado no ar... para desgosto dos simplistas.
Ainda a propósito, e por sugestão do João Felipe, recomendo a matéria que a Folha de S. Paulo publicou ontem: apesar da qualidade (ou talvez por causa disso), Paraíso Tropical não foi um grande sucesso de público. (Leia a FSP aqui).

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Em defesa da Política

Não é fácil defender a Política (assim mesmo, com P maiúsculo). O mais cômodo é generalizar, é julgar de forma apressada, é se deixar levar por um senso comum e às vezes equivocado e distorcido.
Poucos analistas, comentaristas e colunistas dos meios de comunicação observam, nas avaliações feitas para o grande público, que existem exceções entre os políticos que nos representam no Parlamento ou ocupam cargos executivos. Raramente se vê o Arnaldo Jabor ou a Lúcia Hipólito dizendo, na CBN, que estes ou aqueles representantes populares estão numa outra linha da política, a Política.
Assim, quando aparece uma pesquisa como a de ontem (encomendada pela Associação dos Magistrados do Brasil), que coloca Polícia Federal, Ministério Público, Forças Armadas, imprensa e Judiciário como as instituições de maior credibilidade no País, atirando o Parlamento à lata do lixo, o sentimento geral pode ser resumido numa expressão muito prosaica: "Eu não disse? Político não presta pra nada mesmo".
Bem, mas de que adianta bater ainda mais nos políticos, se a generalização da mídia já fez a sua parte? Pelo que se lê, vê ou ouve, o Parlamento está podre, minado pela corrupção e pelos desmandos em geral. Renan Calheiros simboliza (ou centraliza) a noção comum de que a bandalheira é geral.
Está certo que a imprensa se baseia em fatos ou denúncias para cumprir o seu papel. Mas, parece evidente, muitos dos nossos mais notáveis colunistas trabalham com um olho na política e outro na audiência. Partem do princípio de que o que vai ser analisado deve corresponder ao que espera a audiência. Se disser o contrário, o colunista está morto.
Lúcia Hipólito, no Programa do Jô da última quarta-feira, chamou o deputado federal Antônio Palocci de "criminoso". Foi aplaudida pela platéia, porque a plebe gosta mesmo de ouvir esse tipo de "análise". Mas Lúcia fez mais: desafiou Palocci a processá-la pelo que disse. Isso é análise? Isso é jornalismo? É essa a busca pela verdade, ainda que relativa, a que se propõe um profissional de comunicação?
Não estou dizendo que Palocci é inocente. Mas há que se ter uma certa polidez ou prudência quando se analisam fatos e personalidades envolvidas com os fatos. É o mesmo caso de Renan, de José Dirceu, José Genoíno, Eduardo Azeredo e tantos outros. Antes que eles possam provar a inocência – ou alegar o direito à defesa – já estão condenados previamente por quem os denuncia.
É claro que muitos políticos não merecem a mínima consideração, pouco importa se estão em cargos executivos ou legislativos. Mas eles não podem servir simplesmente de referência para um julgamento genérico e, às vezes perverso, da atividade política de modo geral. Porque, sem a Política, não há democracia. E melhorar a Política depende de nós, não deles.

Xô, anônimos

Comentários anônimos não serão mais aceitos neste blog. A razão é muito simples: não há liberdade de expressão que garanta autenticidade a quem escreve sem se identificar. Por essa razão, aqui, como blog antigo, só saem comentários autorizados pelo responsável por este espaço.

Piada

Estará nos jornais desta sexta-feira: "Lula diz que não barganha cargos". Não fez outra coisa desde que assumiu.

Idéias de jerico

Já viram que coisa mais horrorosa a “propaganda” das festas de outubro que o Governo do Estado colocou no ar? Aquela mesma, do Rei Momo e da Rainha do Carnaval pedindo carona na estrada... De onde tiraram idéia tão “brilhante”?
Concorre, em ruindade, com a de uma loja de motocicletas que divulgava no rádio [acho que já retiraram, de tão péssima e confusa] um boletim de trânsito quase idêntico ao narrado pelos repórteres de verdade.

Casa da luz vermelha

Percebam, prezados leitores, o facho de laser que cresce do lado esquerdo da imagem. Ele sai de uma casa térrea, que aparece bem brilhante: é a mais nova sensação de Florianópolis. Trata-se de uma legítima “casa-da-luz-vermelha”, mas de categoria internacional, bem no centro da cidade. Foi inaugurada na noite de quarta-feira, com a presença de milhares de tarados, digo, homens casados, solteiros, divorciados, separados, amasiados, curiosos etc. Entre as atrações, coelhinhas da Playboy e ex-participantes do Big Brother Brasil. Dizem que é biscoito fino. [Atrás da casa, para quem não conhece, o Morro do Tico-tico].

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Os passarinhos de Pau Grande

Repórter do Programa do Jô foi ao distrito de Pau Grande (Magé-RJ), para produzir mais uma matéria sobre lugares que têm nomes interessantes. Feitas as brincadeiras de praxe, que Pau Grande inspira sem fazer muita força, a garota se surpreendeu com o fato de que os moradores levam os passarinhos para passear. Ah se ela viesse a Florianópolis e desse uma circulada pelas nossas ruas centrais!
Os pau-grandenses, como os florianopolitanos nativos, dão um show de manezice e autenticidade cultural.

Corujas buraqueiras

Meu caro Franco Sala escreveu um comentário sobre as obras da SCGás que estão sendo realizadas na Ilha de Santa Catarina, sem que ninguém tenha avisado nada etc. e tal.
Mas por aqui é assim mesmo, Franco: quando você menos imagina, a sua rua está completamente destruída, não há nenhuma placa indicativa sobre o que está acontecendo e, depois que os operários tapam os buracos, vão embora sem dar satisfação a ninguém, deixando em seu rastro uma pilha de problemas, como se fossem verdadeiras corujas buraqueiras.
Pelo que sei, a SCGás firmou um convênio com a prefeitura: vai repassar um valor elevado para que o município recupere as ruas esburacadas. Menos mal, é verdade, desde que a verba seja corretamente aplicada.

Um folhetim de categoria

Na sua reta final, a telenovela Paraíso Tropical resgata a boa tradição literária de mistério e suspense (também chamada de romance policial). Gilberto Braga e sua equipe beberam nas boas fontes de Georges Simenon, Agatha Christie e Conan Doyle, apenas para citar três exemplos imbatíveis de ótima literatura, criadores, respectivamente, do Inspetor Maigret, Hercule Poirot e Sherlock Holmes. Os autores do folhetim das 21 horas provam que não basta saber escrever, mas sobretudo rebater a mesmice e o lugar comum do politicamente correto. Fazia tempo que não se via uma telenovela que escapasse dos clichês do falso moralismo sem agredir a inteligência do telespectador; a última, Páginas da Vida, foi um desastre completo, justamente porque apelou à pregação moral deslavada e xarope.
Gilberto Braga é tão genial que criou um anti-herói antológico, o mau caráter Olavo Novaes (interpretado pelo ótimo ator Wagner Moura), um dos melhores vilões já produzidos na televisão brasileira.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Estágio das obras da Avenida Beira-mar Continental há cerca de um mês. Os leitores que opinaram aqui outro dia têm razão: esta etapa não vai resolver os problemas de trânsito no Estreito. Vai ser mais ou menos como a Avenida Beira-mar de São José: sem a continuação (ligação com a Via Expressa) só amenizou um pouco a neurose.

Mudanças no blog

Em breve, mudanças neste blog. A versão do UOL, publicada há mais de mil dias, será desativada. Sobrará, por um tempo, esta do blogger. Em suma, o blog está se transformando num site, com muito mais conteúdo e leitura mais agradável e dinâmica.

A cara nova do JND

Opiniões divergentes sobre o Notícias do Dia nas ruas. Há gente que acha que o jornal anterior, com aquela poluição de cores, era melhor para ser lido. Aquilo era um modelo antigo, superado, adaptado do Dia (RJ), do falecido Notícias Populares (SP) e Tribuna do Paraná (PR), entre outros sangüinolentos e mulherengos.
A nova direção do Notícias do Dia optou por 'clarear' o jornal, não apenas nos aspectos gráficos, mas sobretudo nos editoriais. Manteve o noticiário policial com o destaque que o consagrou, mas abriu espaço para opinião e nacional. É um razoável avanço, que dá bem a idéia de um jornal moderno, adequado à velocidade virtual.
Os que não gostaram, paciência. Acho também que é uma questão de hábito, de se acostumar, como tudo na vida.
Da mesma forma que encontrei leitores descontentes, encontrei muito mais os contentes, que não gostavam de muitas coisas da primeira fase, principalmente aquela crueza dos cadáveres dilacerados, quase dissecados, nas fotografias de capa e internas.
E tem mais: as novidades do JND não param por aí. Vêm mais mudanças, para o bem do mercado de comunicação catarinense, que vinha sendo ameaçado pela verdade única dos jornais da RBS.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Mais qualidade nas bancas

O jornal Notícias do Dia entra hoje numa nova fase. Graficamente mais clean, com profundas mudanças na linha editorial, o JND pretende ocupar um espaço (vácuo) deixado pelo O Estado, que praticamente desapareceu. Dá para dizer ainda que o JND-de-cara-nova vai suprir também a ausência de A Notícia – que se transformou num jornal-padrão da RBS, sem a personalidade anterior. (Embora, sejamos justos, o AN Capital prossiga circulando, por razões estratégicas).
As mudanças no JND estão sendo operadas pelo jornalista Luiz Meneghim, um dos mais experientes profissionais de Santa Catarina, não por acaso ex-diretor de redação de A Notícia. Ou seja, de qualidade em jornal o homem entende: foi ele quem conduziu todo o processo de modernização do AN pré-RBS.

Petês e petês

O líder dos sem-terra que invadiram a Assembléia Legislativa ontem é Vilson Santin, ex-deputado estadual do PT. Engraçado mesmo foi Santin ter dito à reportagem da CBN-Diário que o MST radicaliza suas ações, de novo, porque o governo não tem cumprido suas promessas em relação à reforma agrária. Não por acaso, um governo petista, esqueceu de dizer o petista, que construiu sua história desfraldando bandeiras sociais, como a da reforma agrária.

“Tás de brincadeira?”

Em nenhum momento este blogueiro disse que é a favor da CPMF. Jamais diria tal bobagem, porque sempre me posicionei contrariamente à derrama moderna. O que eu disse é que a campanha contra a CPMF não cola porque a maioria da população não domina muito bem os mecanismos desse imposto. Até aquela campanha que as entidades empresariais promovem – o “impostômetro” – não chega a sensibilizar muita gente, embora seja necessária e muito bem-feita.
Recentemente, tentei explicar para um manezinho desligado que ele paga imposto cada vez que aciona seu isqueiro para acender o cigarro, ele olhou bem sério pra mim e lascou:
– Tás de brincadeira comigo, né?

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Cidade sem gorjeta

Curiosa a matéria do Fantástico, reproduzida pelo G1: em Brusque (SC), dar ou receber gorjeta é uma prática esquisita, quase inexistente. Manicure desavisada chegou a se emocionar quando recebeu gorjeta de uma cliente carioca, que mudou recentemente para a cidade.
Já pensaram se a moda pega em certos círculos de Brasília?

Teste de popularidade

Ideli Salvatti estará hoje em Florianópolis, participando de um encontro de petistas na Assembléia Legislativa.Será o primeiro teste de popularidade da senadora, depois que ela lutou tanto pela absolvição do senador Renan Calheiros. Mas é preciso ressalvar que Ideli, pelo que a Veja da semana divulga, foi (e continua sendo) pressionada pelo presidente do Senado. O problema está na destinação de verbas públicas para organizações não-governamentais, algumas delas protegidas pela parlamentar catarinense.

domingo, 23 de setembro de 2007

Milhões e centavos

A querida leitora Luiza tem razão: para a massa da população brasileira, a imensa maioria, CPMF não significa nada – ou tudo, se os programas sociais do governo são sustentados também pela arrecadação deste imposto.
Mais ainda: não foi o atual governo que criou a CPMF. Foi coisa dos liberais (PFL e PSDB), lá atrás, quando viviam de mãos dadas dividindo o poder.
Está certo que o PT combateu o tributo. Mas, cá entre nós, estando no poder, como o PT dispensaria essa verbinha substanciosa? Só um governo trouxa abriria mão desses recursos. Luiza observa também que quem esperneia contra a CPMF é a elite, principalmente aqueles que movimentam milhões de reais em suas contas bancárias. Para os que não têm dinheiro, a CPMF é um impacto de centavos em suas vidas.
E tem mais: se a imensa maioria fosse contra, não há dúvida que a prorrogação do imposto não passaria no Congresso. Tem tudo para passar exatamente porque a massa não está nem um pouco chateada com a vocação de Robin Hood que caracteriza os governos de modo geral.

O sucesso do Dia Sem Carro

Leio por aí que o Dia Sem Carro foi um sucesso em Florianópolis, apesar do tempo esquisito. Centenas de pessoas aderiram ao movimento. É um começo. Talvez em alguns anos tenhamos cidades inteiras envolvidas nesse espírito de liberdade e saúde.

Sensação no ar

A sensação da semana não é Renan Calheiros, nem Lula e seu besteirol. O papo, em todas as rodas, vai girar em torno do final de Paraíso Tropical, obra de Gilberto Braga que devolveu qualidade ficcional ao horário mais tradicional das telenovelas.
A pergunta que só será respondida na sexta-feira: “Quem matou Taís?”.
Há quem acredite que a personagem não morreu. A Internet está recheada de debates sobre o tema. Como não tenho paciência para esse jogo de adivinhação, já estou reservando a pipoca e a Bohemia para o último capítulo, na sexta-feira.

sábado, 22 de setembro de 2007

Chamada enganosa

Na televisão, ontem à noite, a chamada do Diário Catarinense para a edição de hoje era bem clara (embora numa leitura muito ligeirinha, como sempre): “Esclarecida a morte de catarinense no Japão”.
Interessante que a matéria, no jornal, não corresponde à chamada. Diz que as autoridades japonesas desvendaram o que houve, mas não divulgam a causa. Ora, pois, isso é chamada enganosa.

CPMF e realidade

Verdade seja dita, a propósito das pesadas críticas que são dirigidas aos parlamentares catarinenses que votaram favoravelmente à prorrogação da CPMF: governo nenhum sobreviveria sem a graninha desse imposto. Ainda mais este que aí está, o recordista na criação de cargos de confiança. A verba extorquida da população sustenta, hoje, a grande mamadeira que virou o poder público brasileiro.
E mais: perguntem pra qualquer pessoa menos informada, nas ruas, se ela é contra ou a favor da CPMF. Uma parte considerável da população nem sabe o que é CPMF. Não tem conta bancária, não usa cheque e vive mais ou menos à base de dinheiro vivo, quando é possível colocá-lo no bolso, é claro.

Grande show, sempre

Eles estrearam em 1984. São 23 anos de palco. Continuam em dia, arrebatando platéias por onde passam. Não há como explicar o sucesso de Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky, no papel de dois cantantes da Sbornia, um obscuro país sabe-se-lá-de-qual-continente. Vieram a Florianópolis incontáveis vezes e continuam vindo, lotando teatros e casas de show. Nesta sexta-feira, estiveram no Floripa Music Hall [foto], durante o lançamento do Vectra GT, a mais recente sensação da GM. De novo um espetáculo, de novo uma paixão e uma ligação inexplicável com a platéia. E eles não se cansam!
Eu, que já vi quatro vezes, ri de novo. É muito bom.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Humanizando a cidade


Aqui está. Recebi do Milton Della Giustina, da Associação dos Ciclo-usuários da Grande Florianópolis (Viaciclo), a programação do Dia Sem Carro 2007, que acontece neste sábado pela manhã (e parte da tarde), com diversas atividades interessantes em Florianópolis.

Veja:

9 horas – Pedalada e caminhada pela mobilidade ativa no Campeche (trevo da Rua Pequeno Príncipe)
9 horas – Saída de ciclistas do Parque de Coqueiros, Praça Abdon Batista (Saco dos Limões), UFSC (início da ciclovia Beira-mar)
9h30 – Abertura oficial do Dia Sem Carro
9h40 – Apresentação do balé Bolshoi – Espetáculo Divertissement – No Largo da Catedral
10 horas – Passeio ciclístico, saída do Colégio de Aplicação (Trindade)
10h10 – Visita aos museus pelas autoridades
10h10 – Caminhada cultural – "População no Centro da História" - concentração no Largo da Catedral
10h15 – Orquestra Municipal no Palácio Cruz e Sousa
11h45 – Abraço dos Ciclistas na Praça 15
14 horas – Circuito cultural "Pedalada no Centro da História" – Concentração no início da Rua Tenente Silveira

Haverá ainda:

– Tendas temáticas na Rua Arcipreste Paiva (*)
– Brinca Comunidade na Praça Fernando Machado
– Oficina de artes marciais no Largo da Alfândega
– Basquetebol de rua na Avenida Paulo Fontes
– Oficina de ginástica artística na Rua Tenente Silveira
– Entrega de mudas e informações (Floram)
– Orientações para ciclistas (Viaciclo)
– Informações gerais sobre o Plano Diretor
– Demonstração do Grupo de Escoteiros do Ar Hercílio Luz
– Divulgação dos horários de ônibus (tabelas)

(*) Avaliação nutricional, verificação de pressão, orientação preventiva sobre hipertensão e diabetes, orientação sobre vacinação

Todos os locais citados, inclusive as ruas normais, serão interditados para o trânsito de veículos durante a programação (confira no mapa acima o traçado em vermelho).

Além da prefeitura (várias secretarias, com o IPUF em destaque), apóiam o Dia Sem Carro o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e a Casan. É pouco. Gostaríamos de ver, no ano que vem, pelo menos mais umas 30 entidades se integrando a esta luta.
E mais: não basta achar bonito. Tem que participar: a pé ou de bicicleta.

É ele, sim

Desfeita a dúvida, contida num post de ontem à noite: o repórter baleado no Distrito Federal, Amaury Ribeiro Júnior, é mesmo o jornalista que trabalhou conosco no Jornal de Santa Catarina, em 1989. Grande figura humana e excelente profissional. Ficamos aqui na torcida para que ele se recupere rapidamente e volte a brindar os leitores de Brasília com sua pena afiada, que já foi merecedora de inúmeros prêmios, inclusive um Esso. [Grato ao Ruy Baron, que me passou a confirmação].

Um vício difícil de largar


Inauguração da Ponte Colombo Salles, em março de 1975: uma festa para a cidade, que até então vivia trancada no trânsito. Imagem reproduzida de uma reportagem da revista Manchete

Numa consulta informal a amigos e conhecidos que utilizam seus automóveis com freqüência normal, não encontrei um sequer que se dissesse disposto a deixar o carro em casa pelo menos um dia – esse dia de protesto pela humanização das cidades (amanhã). Quase todos alegaram os mesmos motivos: precisam do veículo para trabalhar, levar as crianças à escola, fazer compras no supermercado, estudar ou namorar. Ninguém está disposto a abrir mão do conforto, porque não há transporte coletivo eficiente, Florianópolis não tem ciclovias (e os terrenos são muito irregulares para pedalar) e tudo é muito longe.
Em suma, tudo contribui para a constatação de que o automóvel é um vício muito difícil de largar.

* * *

Quando garoto, eu estudava no Centro e morava no Continente. Só havia uma ponte – a Hercílio Luz. Meu pai organizava a turma toda que tinha de se deslocar para o Centro (trabalho ou escola) desde as 6 horas da manhã. Era preciso sair cedo para evitar a “fila da ponte” (também chamada pejorativamente de “filha da ponte”, como a sintetizar a indignação local). Cinco minutos de atraso, na hora da partida, podia significar pelo menos 30 ou 40 minutos no engarrafamento, que descia a Gaspar Dutra, às vezes para muito além da Santos Saraiva.
Inauguraram a segunda ponte em 1975. Foi uma festa só. A cidade comemorou durante dias. Era o fim de um tormento. Mas o próprio construtor da ponte, governador Colombo Machado Salles, já advertia à época que aquela obra seria insuficiente, nos anos seguintes, para suportar o crescimento da frota em Florianópolis. Isso foi há 31 anos. Em 1990, inauguraram a terceira (na verdade, complemento da segunda, porque o projeto é o mesmo), que logo também se mostrou incapaz de dar conta do recado.
O problema não é exatamente a ponte, mas os gargalos continentais – a Via Expressa, com duas pistas em cada sentido, continua sendo o acesso mais procurado para entrar ou sair da ilha. Com a construção da Avenida Beira-mar Continental, é possível que o trânsito melhore um pouco.

* * *
Há quem defenda uma quarta ponte ou um túnel sob o mar. Pode ser. Mas do jeito que a coisa vai, podem construir a quinta, a sexta e a sétima ponte – até que Florianópolis se torne completamente inviável para viver, trabalhar, estudar e sonhar. Porque ninguém vai agüentar a tranqueira, como nós também não agüentávamos, lá no início da década de 1970.

O banner da Fiesc

Gostei do destaque o Diário Catarinense de hoje deu ao banner criado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), para denunciar os deputados federais barrigas-verdes que votaram a favor da CPMF. Parlamentares do PT, PSB, PP e PMDB sacramentaram a prorrogação da extorsão tributária (aqui é uma redundância: se é imposto, já é extorsão). Até Djalma Berger, que sempre combateu a CPMF, entrou na valsa.Só Gervásio Silva, Paulo Bornhausen, José Carlos Vieira (ex-PFL) e Fernando Coruja (PPS) votaram contra o tributo.

Um repórter e uma dúvida

Se esse jornalista covardemente baleado no Distrito Federal é quem eu penso – Amaury Ribeiro Júnior – tenho recordações muito positivas dele.
Um certo Amaury Ribeiro Júnior trabalhou comigo no Jornal de Santa Catarina, em Blumenau, no ano de 1989. Conheci-o em Florianópolis para onde, que me lembre, ele tinha vindo trabalhar no Diário Catarinense, junto com outro jornalista procedente de São Paulo, Eurico (me foge o sobrenome). Decepcionado com o DC, procurou-me na sucursal florianopolitana do Santa, que ainda não era da RBS. Logo a seguir, fui chamado para chefiar a redação da sede do jornal. Não tive dúvida em convidar Amaury para me seguir. Afinal, era um repórter competente, atilado, inquieto e divertido. Convivemos durante alguns meses, choramos juntos com a notícia da morte de Raul Seixas (em agosto daquele ano), bebemos litros e litros de chope na Oktoberfest, passamos ótimas manhãs e noites conversando no Bude – grande bar às margens da Beira-Rio – etc. e tal.
Cansado daquela vida limitada de Blumenau, Amaury ganhou o mundo de novo. De vez em quando me ligava de algum lugar – "Tô em São Paulo", "Tô em Goiânia", "Tô em Belo Horizonte".
Muitos anos depois, eu estava na redação de O Estado e peguei a Folha de S. Paulo para ler. Na capa, começava uma matéria que era um furo: pela primeira vez, um repórter brasileiro conseguia entrevistar uma brasileira condenada à morte nos Estados Unidos. Nome do repórter: Amaury Ribeiro Júnior, da sucursal de Belo Horizonte.
Liguei para a Folha em BH. Cumprimentei meu amigo, perguntei-lhe como havia conseguido a entrevista. Ele me contou, na sua simplicidade meio caipira: "Eu estava na sucursal sem nenhuma pauta definida. Comecei a ler uma matéria sobre essa mulher. Vi o nome da penitenciária e da cidade nos Estados Unidos. Liguei para a telefônica e pedi socorro à atendente de Informações Internacionais. Ela me deu o número da penitenciária. Disquei pra lá e pedi para falar com a presa. Ela veio ao telefone e me deu a entrevista. Foi só isso".
Só.

* * *

Assistindo ao Jornal Nacional de hoje, quase tive certeza de tratar-se da mesma pessoa. Mas continuo em dúvida, apesar de pensar que, se foi o Amaury o jornalista baleado ontem (quarta-feira), é bem uma coisa que poderia ter acontecido com ele. Ousado, polêmico e destemido ele sempre foi. E sempre gostou de ser repórter de verdade, razão pela qual ganhou inúmeros prêmios nacionais.
Bem, e se esse não é o Amaury que eu penso, pelo menos valeu a lembrança – que divido com vocês, prezados leitores – de um grande e leal companheiro de trabalho.

Febeapá (*)

Colhi da Agência Estado:

'Qualquer analfabeto pode plantar um pé de petróleo', diz Lula
Presidente faz declaração para defender os biocombustíveis: 'Se não tem petróleo, vamos plantar o nosso'

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(*) Festival da Besteira que Assola o País - genial criação do cronista Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), nos anos 1960.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Fim da linha

Com tantos carros novos nas ruas, está sobrando para os cemitérios de automóveis: este, em Balneário Camboriú, estava lotadíssimo há alguns meses. Toda uma tecnologia dos anos 1970 e 1980 abandonada, porque não há condições de recuperar essa cacalhada. Os fabricantes e os comerciantes de veículos novos defendem o projeto de renovação da frota brasileira. Dizem que seria uma forma de aliviar o trânsito nas grandes cidades, porque os carros velhos dão muitos problemas mecânicos, são lentos e ultrapassados. Com uma frota nova – financiada com juros ainda mais baixos –, a tendência seria o trânsito melhorar um pouco. Será possível?

Bolha automotiva

Quem acha que tem muitos automóveis circulando em Florianópolis prepare o coração: vem mais por aí.
Projeção de algumas lojas é de que a bolha automotiva vai crescer ainda mais, em especial se for adotado o sistema de rodízio na capital catarinense, como já admitem algumas autoridades, especialistas e empresários.
Para quem não conhece o rodízio – que funciona há anos em São Paulo – é assim: no dia x, circulam carros com placas de final ímpar; no dia y, as placas pares.
Ocorre que a classe média acaba não se conformando com essa restrição – e decide comprar mais um automóvel. Fica, portanto, com uma placa para os dias ímpares, outra para os dias pares.

Destino mané

Resposta para quem tem dúvida: o ex-deputado Edison Andrino ainda é filiado ao PMDB. Mas pode desembarcar a qualquer momento. A legislação permite que ele mude para outra legenda até o final deste mês. Só assim poderá concorrer no ano que vem à prefeitura ou à Câmara de Vereadores.
Estima-se nos bastidores que Andrino possa ir para o PPS ou PDT – não necessariamente nessa ordem.
O ex-prefeito só não iria para o PSDB, DEM ou PP. Mas admitiria, segundo se sabe, uma aliança com o PP, PT, PCdoB, no sentido de salvar Florianópolis.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Distorções históricas

Quando estudante do ensino fundamental, tive que engolir, como todos os da minha geração, a verdade oficial da ditadura militar – livros didáticos de História recheados de bobagens e informações distorcidas.
Hoje, os estudantes têm que conviver com livros didáticos que colocam o socialismo como o melhor dos mundos... Sem que essa seja necessariamente uma informação histórica relevante, mas na realidade um panfleto ideológico.
A obra foi aprovada – com ressalvas – pelo Ministério da Educação. E chegou a milhões de estudantes.

Encontro de titãs

Os que duvidaram do que saiu aqui em primeira mão – os encontros entre Esperidião Amin (PP) e Edison Andrino (PMDB) – têm agora, na grande imprensa, a confirmação: os dois adversários políticos andaram se encontrando, sim, para conversar sobre a sucessão municipal em Florianópolis. Andrino está infeliz no PMDB, que o trata com total desprezo – sequer respeita sua biografia. Amin, por outro lado, trabalha para impedir que Dário Berger se reeleja.

Comercial x notícia

Comercial de rádio confunde os ouvintes: a locução se assemelha a uma notícia sobre trânsito, mas na verdade é uma publicidade de motocicletas.
Além de ser muito chato, essa coisa de agências utilizarem o recurso de imitar o noticiário é perigosa, porque realmente confunde quem não pode prestar atenção ao que é divulgado no rádio.

Os ônibus parados

Indignação geral entre os leitores por causa do que mostramos ontem: o aterro transformado em gigantesco estacionamento de ônibus. De fato, os coletivos ocupam espaço público, não pagam um centavo sequer pelas vagas ocupadas e não estão onde deveriam estar: circulando pela cidade para aliviar o trânsito de automóveis.
Em suma, nosso sistema de transporte coletivo está falido, como muito bem assinalam os leitores. Tivéssemos um sistema eficiente, certamente a tranqueira nas ruas seria menor, porque mais pessoas utilizariam ônibus para se deslocar.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Panorâmica

Quem vê de cima, percebe o quanto o aterro, que era para ser um espaço de lazer e convivência, virou um imenso depósito de ônibus. A questão é antiga: onde guardar tantos veículos das empresas de transporte coletivo?

Na correria

Um pouco sem tempo de blogar como gostaria, tenho de ser breve nos recados de hoje.
– Querendo ou não querendo, gostando ou não gostando, a telenovela das 21 horas (que alguns chamam de “novela das oito”) está na crista da onda. O mistério sobre a morte da vilã Taís domina conversas inclusive nos gabinetes oficiais. No Orkut há uma comunidade com mais de 30 mil participantes. Nome: “Taís não morreu”.
– No debate sobre a crise energética que vem por aí, muita gente se esmera em imaginar soluções para o apagão geral previsto para 2009. Alguns amigos, que tinham atirado as antigas máquinas de escrever manuais na despensa da casa, já estão pensando em mandar recuperá-las, para o caso de uma emergência.
– Um amigo, jornalista há mais de 20 anos, está achando o noticiário muito podre. Desliga a TV no horário do Jornal Nacional e se recusa a assistir os telejornais do meio-dia. Diz não às bandalheiras, ao banho de sangue e ao chamado “jornalismo comunitário”. Para não ficar desatualizado, dá uma geral nos portais noticiosos uma vez por dia. “É o que me basta para sustentar qualquer conversa sobre a atualidade”.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Apagão inadiável

É consenso entre engenheiros e outros especialistas em infra-estrutura: vai faltar energia elétrica a partir de 2009. Vamos voltar à idade da pedra (quem tem mais de 45 anos conheceu um Brasil assim), de dispor de energia durante apenas algumas horas do dia. O pior de tudo: nem adianta construir usinas hidrelétricas agora. Uma usina leva, no mínimo, quatro anos para ficar pronta. E as que estão funcionando ou vão entrar em funcionamento não vão dar conta do recado. "O apagão é certo", me garantiu hoje um experiente engenheiro civil, acrescentando: "Plano de Aceleração do Crescimento é indispensável. Mas como promover o desenvolvimento sem energia?".

Sem identidade

Circulando recentemente por Balneário Camboriú e Itajaí, percebi que nas lojas de materiais esportivos não se vê em destaque as camisas dos times catarinenses. Mas uma camisa com faixas azul e branco numa vitrine me chamou a atenção. Pensei que era do Avaí. Não era. Na verdade, apenas um uniforme histórico (o primeiro) do Santos (SP). Perguntei aos vendedores pelos uniformes do Figueirense, Avaí, Criciúma ou Marcílio Dias (time da região). Até existem para venda. Mas ninguém compra. O povo gosta mesmo é dos times de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Arre!

Pasárgada

Segui o conselho do João Felipe e digitei "vergonha nacional" no Google. A primeira página que aparece na relação de links é a do Senado brasileiro.

Internet faz mal

Li no G1 que um chinês de 30 anos morreu depois de passar três dias jogando num cibercafé. É verdade: internet faz mal.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Identificação indispensável

Volto a pedir a alguns leitores que assinam apenas uma parte do nome ou não assinam nada: identifiquem-se corretamente (nome completo, e-mail etc.). Esse pedido se agrava quando há assuntos polêmicos em discussão e, principalmente, quando alguns comentaristas tentam ofender o blogueiro e as autoridades.

Na mesma balada

O leitor Amorim de novo levanta a questão do custo do transporte público, como impeditivo para resolver o problema de trânsito em Florianópolis. Eu acrescento (na verdade, volto a bater na tecla): tivéssemos ciclovias e mais pistas para caminhadas, muita gente resolveria suas coisas de trabalho, escola ou lazer sem utilizar o automóvel ou o ônibus. Quando garoto, morava no Continente. Cansei de vir a pé para o Centro e vice-versa, utilizando a passarela de pedestres da Ponte Hercílio Luz. Nem isso temos mais: não há como passar para o Continente, a pé, pelas pontes Pedro Ivo e Colombo Salles. Ou seja, seguimos na mesma balada: transporte caro e ineficiente = mais carros nas ruas. Falta de ciclovias e passeios = mais carros nas ruas. E a equação se completa - mais carros nas ruas = caos completo.

Toma-lá...

Dois ícones petistas se queimaram na estranha absolvição de Renan Calheiros: Ideli Salvatti e Aloísio Mercadante. Parece consenso, entre os analistas políticos nacionais e locais, que os dois não têm a mínima chance de se eleger para qualquer cargo público na próxima disputa eleitoral. A revolta contra eles é generalizada, não só porque votaram para inocentar Renan, mas porque trabalharam nos bastidores - naquele jogo conhecido como toma-lá-dá-cá ou é-dando-que-se-recebe... - com o objetivo de livrar o presidente do Senado das acusações.

Compromisso sério

Gabinete do deputado Décio Goes (PT) informa que 200 besquianos (funcionários do Besc) assinaram ficha no partido, "espontaneamente". Fosse nos tempos da Arena, PDS ou PFL, a divulgação do fato seria um escândalo.

Taís não morreu

Quem acompanha a telenovela Paraíso Tropical, que a Globo exibe todos os dias depois do telejornal Nacional, está convencido que Taís não morreu. Taís vive. No Senado.

É muito carro

Uma fonte me informou nesta quinta-feira que no mês de agosto foram emplacados 2.500 carros novos em Florianópolis. Mais ou menos 80 automóveis zero quilômetro por dia. No Brasil inteiro foram 250 mil.
Talvez aí esteja a explicação para tanta revolta com a tranqueira na cidade. Não conheço um motorista da Capital que não esteja no limite quando se trata de estresse de trânsito. O que houve no domingo, com a história da Parada Gay, é pinto perto do que passam todos os dias os que precisam acessar a Ilha de Santa Catarina através da Via Expressa e da Ponte Pedro Ivo. Na última enxurrada, há dez dias, um amigo levou mais de três horas para chegar ao Centro.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Quanta espontaneidade

Veja só, prezado leitor, o capricho das comunidades – são vários bairros, cada um expressando a gratidão numa faixa! Tudo padronizado, bonitinho, como se tivesse sido feito em série! Mais ainda: faixas enfileiradas [tem mais no fundo, não coube na foto], mostrando que o pessoal que colocou as mensagens nos seus lugares tem um bom senso de estética. Os agradecimentos espontâneos foram expostos no dia da inauguração da barragem do rio Itajaí-Mirim, em Itajaí, no sábado passado. A barragem está separando as águas do mar e do rio, que se misturavam nojentamente, levando água salobra para as torneiras da população.

Sem secretu

Política tem de ser feita com transparência. Pensando assim, senadores e outros líderes políticos respeitáveis estão começando uma campanha para mudar a Constituição, impedindo que casos como o de Renan Calheiros sejam submetidos a julgamento secreto. Nada mais correto e sensato.

Mundo cão?

Lá no blog antigo, um leitor nos acusa de explorar o mundo cão, por causa daquela foto postada hoje. Seria mundo cão se este blog tivesse feito o que faz uma certa emissora de televisão, que divulga imagens detalhadas dos cadáveres, horrorizando os telespectadores de bom senso e afastando-os do, sim, mundo cão. Publiquei a imagem com um certo corte [na verdade, apenas aproximei mais a arma], justamente para preservar os leitores. Na minha conta, o que vale nesta imagem é o tom dramático que o fotógrafo conseguiu obter, sem mostrar rosto, nem ferimentos.

Um corpo estendido no chão

Corpo do carroceiro Geraldo Gonçalves, 40 anos, assassinado ontem, no bairro Areias, São José. O assassino, de 16 anos, foi apreendido logo após o crime, ocorrido em frente ao posto de saúde, na frente de dezenas de testemunhas, por volta das 15 horas. Assassino e vítima estavam armados.
O fotógrafo ofereceu imagens (umas 15, de vários ângulos) para os nossos jornais populares, mas eles não quiseram. Assim sendo, sai aqui a imagem menos chocante. Foto: JF.

O voto da senadora

Uma Ideli Salvati constrangida, sem brilho na voz e no conteúdo, foi o que se ouviu ontem, na rádio CBN-Diário, logo após a sessão secreta do Senado. Entrevistada pelo âncora Renato Igor, que lhe perguntou sobre o voto no processo contra Renan Calheiros, a senadora petista respondeu que seu voto foi “secreto”.
Repito o que disse aqui ontem: secreto e segredo são palavras originadas do mesmo vocábulo latino – secretu.
Por mais que tente explicar, Ideli jamais conseguirá convencer seus eleitores a votarem novamente nela para o Senado.

Cabeça privilegiada

Mesmo com sono e dor de cabeça, não resisti à entrevista de Jô Soares com o ministro Tarso Genro, ontem à noite. Continuo considerando Genro uma das melhores cabeças do atual governo. Articulado, inteligente, carismático, coerente, não dá desculpas esfarrapadas e não escorrega nas respostas. Aliás, conseguiu a proeza de brilhar mais do que o entrevistador – o que é coisa rara em se tratando de Programa do Jô.

Obras duvidosas

A propaganda do PT na televisão, veiculada desde o início da semana, induz o telespectador e eleitor a acreditar que as BRs 280 e 470 estão sendo duplicadas. Até onde sabemos, há projetos neste sentido, não obras. Também a BR-282 não está pronta, tampouco a duplicação do trecho Sul da BR-101.
O PT, que sempre foi bom de marketing, desta vez está correndo o risco de fazer um papel ridículo em Santa Catarina, tentando nos fazer acreditar que seu governo resolveu os problemas de infra-estrutura no Estado. Procon, quer dizer, eleição, neles!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Deboche

A absolvição de Renan Calheiros, por 40 a 35 votos (seis não votaram), é um deboche. O sentimento dominante é que o Governo Federal agiu com rigor dentro do Senado, para evitar a cassação do presidente. Calheiros, assim, tem argumentos para se proclamar inocente e, mais uma vez, dizer que a culpa é da mídia. A mesma mídia que foi impedida de cobrir o julgamento. Se o julgamento foi secreto é porque havia segredos (as duas palavras têm a mesma raiz, ou seja, a palavra latina secretu) a preservar ou esconder. É certo dizer que, apesar de tudo, isso não vai ficar assim. Vem troco.

Todo apoio à luta contra a pirataria

Lojistas ligados ao núcleo de videolocadoras das CDLs de Santa Catarina promoveram uma passeata, hoje pela manhã, em protesto contra a falta de repressão oficial à pirataria. Eles distribuíram panfletos com informações impressionantes:

* O Brasil é o quarto país que mais recepta, produz e comercializa produtos piratas no mundo
Santa Catarina está em segundo lugar no ranking brasileiro da pirataria
* Para cada ponto de comércio pirata, oito empregos diretos e quatro indiretos são eliminados da cadeia produtiva do País. A perda anual de empregos formais no Brasil alcança o número de dois milhões
* Brinquedos pirateados e apreendidos em portos catarinenses, provenientes da Ásia, eram produzidos de plástico reciclado de lixo hospitalar e embalagens de defensivos agrícolas, além de ter um elevadíssimo índice de chumbo na tinta utilizada
* A pirataria movimento mais de US$ 515 bilhões pelo mundo, enquanto o tráfico e drogas movimenta R$ 322 bilhões
* O Brasil perde R$ 30 bilhões ao ano em impostos por causa da pirataria

Se cada um fizer a sua parte, recusando-se a comprar produtos da indústria da pirataria, todos sairemos ganhando.

Sempre presentes

Antigamente se dizia, na altura de novembro ou dezembro: “Eles estão chegando”. Hoje, os turistas chegam sempre, seja verão, outono, inverno ou primavera. Somos um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil – e nem o vento Sul afugenta mais os visitantes. O casal da foto estava na Beira-mar, outro dia, se encantando com a paisagem e registrando tudo.

Emoções

Quarta-feira de muitas emoções. Renan Calheiros está a caminho do cadafalso, mas ninguém se arrisca a dar palpites. Sessão ultra-secreta num regime democrático? Coisa pra gente se preocupar.

Água e sal

No sábado passado, Itajaí começou a se livrar de um problema crônico e muito grave – o alto grau de salinidade da água potável, provocado pela cunha da maré, que invadia o rio Itajaí Mirim no ponto de captação. A prefeitura, com apoio do Governo Federal, construiu uma barragem, que impede a mistura das águas e livra a população do sal em suas torneiras. Em suma, ninguém leva mais choque quando vai tomar banho, nem precisa comprar água mineral para passar o café ou cozinhar um arroz supimpa.
Pois no sábado foi a inauguração da tal barragem. Um evento ultrapolítico, como se pode deduzir, uma vez que o prefeito Volnei Morastoni é do PT, sua vice, Eliane Rabello, é do PMDB... Volnei é apoiado por Lula e pelo governador Luiz Henrique (PMDB). Assim, quando o governador vai até lá é sempre uma festa no interior.

* * *

A discursalhada corria solta, debaixo de um calorão de rachar, quando chegou a vez de Luiz Henrique falar. Pra encurtar caminho, já que estava tudo muito chato, ele resolveu fazer seu discurso na forma de versos. Deve tê-los escrito a bordo do helicóptero, que pousou no meio do mato e levantou uma poeira danada, sujando todos os que estavam em volta do palanque eleitoral, quer dizer, inaugural.
A poesia de Luiz Henrique:

"Água e sal é bom pra fazer
bolacha,
quem não acha que é bom
pra fazer comida?
Mas água e sal não
é bom para ser
bebida.
É bebida infernal,
que deixa a nossa boca
ardida.
Pra acabar com essa tragédia,
a prefeitura - que tem rédea,
com
Volnei e Eliane no comando -
vai seguro trabalhando com amor
e com
coragem.
E com seriedade e destreza
construiu esta barragem.
Agora,
quem andar por aqui,
vai louvar este governo e dar
'Viva Itajaí'!"
Se o prezado leitor fosse professor de português e literatura, que nota daria para o poeta?

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Soluções para o trânsito

Posso ter exagerado ontem, quando abordei a questão do fechamento da Beira-mar para grandes eventos esportivos, culturais ou comunitários. Estão certos os leitores que apontaram uma coincidência lamentável: o fim do feriadão, com milhares de turistas na cidade, provocou realmente uma situação caótica.
Mas a minha defesa de uma cidade mais humana, com menos automóveis circulando, não está equivocada, não. A própria prefeitura, através do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), tem difundido essa idéia. É claro que não é inteiramente possível no curto prazo, mas no longo prazo podemos sonhar, sim, com a ilha ocupada por pedestres e ciclistas.
Coincidentemente, escutei ontem a conversa entre dois clientes de uma oficina mecânica de São José. Um deles, engenheiro, ponderava: “Há duas soluções para reduzir o número de automóveis nas ruas. Uma é o transporte marítimo. Outra é um metrô de superfície, com duas linhas: do Kobrasol para a UFSC e de Barreiros para a UFSC, com várias estações ao longo do trajeto”. Mas isso não é coisa para Luiz Henrique da Silveira nem para Dário Berger. Falta muito para chegarmos lá: se a ponte Hercílio Luz levou 25 anos para ter sua recuperação iniciada, imagine-se uma obra do porte de um metrô; e, pior ainda, não sendo Florianópolis uma prioridade dos atuais governantes.

Chinelada

“É uma chinelada só. Ninguém agüenta mais”. Essa foi a confissão que um policial civil me fez ontem, logo depois de assistir às imagens do programa César Souza, mostrando a central de polícia de São José completamente lotada. O policial está de licença médica, por causa dos problemas de saúde que contraiu nessa lida diária com a criminalidade – a chinelada, no jargão da segurança pública, significa pés-de-chinelo, ou seja, aqueles bandidos que cometem delitos de menor gravidade, como pequenos furtos e assaltos, ou a posse de pequenas quantidades de drogas.
É graças à essa chinelada que os programas policiais – no ar das 12 às 15 horas, em variados canais – têm sobrevivido. Até o César Souza, que era mais dedicado à comunidade, tem se voltado para a exploração do mundo cão.

11 de setembro

Há seis anos, quando chegava à redação de A Notícia, por volta de 9 horas da manhã, fiquei surpreso com as imagens que a televisão mostrava: uma ferida aberta por um avião na estrutura do World Trade Center. Achei que fosse um acidente. Foi a minha primeira impressão dos atentados daquele 11 de setembro.
Se houve culpado por aquele trailer do Apocalipse, o nome dele é George W. Bush.
Bush é o responsável pelo que há de pior no mundo hoje. Estimulou o ódio entre Ocidente e Oriente Médio.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Brasil de exemplos

Baleeira com quatro remadores na inauguração da barragem do rio Itajaí-Mirim, no sábado. Rapazes participam das atividades da Associação Náutica de Itajaí, uma escolinha do mar que resgata a importância do remo e da vela na navegação regional

Por onde quer que se ande, sempre é possível encontrar exemplos de pessoas que se dedicam a promover o bem. Nem sempre merecem destaque, por parte da mídia, pelo que fazem de positivo.
Em Itajaí, encontrei o casal Vilmar e Higina Braz, que durante cinco anos viajou pelo mundo a bordo do veleiro Jornal. Uma história belíssima, que não teve tanto destaque quanto à da família Schürmann, talvez porque Vilmar e Higina sejam mais discretos.
Na volta ao Brasil, dedicaram-se a formar a Associação Náutica de Itajaí, uma espécie de Escolinha do Mar, que juntou parceiros da iniciativa privada e do poder público para resgatar, estimular e promover a cultura da navegação entre a garotada de 11 a 17 anos. São 300 jovens dessa faixa etária que participam das atividades, num trabalho de educação e reeducação que envolve toda a comunidade, levando-se em conta que eles são multiplicadores.
"Tentamos mostrar que a vela não é uma atividade excludente. Não é prática da elite", diz Vilmar, explicando que as pessoas envolvidas recorrem à criatividade, utilizando elementos naturais para preparação dos barcos, como o bambu, além de material reciclável.
A iniciativa do casal Braz é importante para uma região onde a água é abundante - rio e mar numa comunhão bela e silenciosa - e merece mais apoio e aplausos do que tem recebido.

A Beira-mar é do povo

Na semana passada, um dos coordenadores da Parada da Diversidade disse numa entrevista ao Mário Mota, na CBN-Diário, que o evento não tinha características de festa, mas sim de protesto. Claro. Mas é impossível não ver a parada como um grande acontecimento festivo. As imagens mostradas pelas tevês dizem tudo.
Ainda sobre o encontro: a grande mídia "caiu de pau" nos organizadores e na prefeitura, por causa do fechamento da Beira-mar para a realização desse tipo de evento. A avenida realmente é um ponto crítico da cidade, mesmo aos domingos. Duas semanas antes, uma festa da rádio Band FM também motivou a interrupção do trânsito, deixando a capital numa situação complicada.
Mas, sejamos tolerantes: em São Paulo, grandes eventos costumam fechar uma das mais importantes avenidas do País - a Paulista. E é lindo ver aquelas multidões fazendo festa e dando colorido à avenida.
Vias públicas não devem servir apenas para os automóveis. É preciso mudar essa cultura. Nosso lado pedestre precisa, sim, invadir avenidas e ruas para dar um tempo à "fixação automotiva". Temos de caminhar e pedalar mais do que andar de automóvel.

Outras

Falei no sábado sobre o empresário que prevê uma grande invasão gaúcha a partir da duplicação da BR-101 Sul.
Um outro - que não é gaúcho, mas quase - me veio com a tese de que a ponte Hercílio Luz é uma grande inutilidade, que deveria ser posta abaixo. Falou sério. Fez contas. Me mostrou, por A+B, que o ilhéu é um grande tolo em valorizar o monumento.
Ponderei-lhe que a Hercílio Luz é muito mais do que Florianópolis, é o símbolo mais conhecido de Santa Catarina no Brasil e no exterior. Pouco se importou com meus argumentos. "Não se concebe mais esse tipo de ponte em lugar algum do mundo. Tudo feito artesanalmente, manutenção cara, mão-de-obra cara etc. e tal".
Credo. Fiquei com vontade de mandá-lo catar coquinhos no asfalto. Mas não pude.

Era ele

Mário Sérgio, que foi um grande jogador, não deu certo como técnico do Figueirense. Teórico demais, chato demais. Andava culpando o "olho grande" da imprensa pela má fase do time. Foi só ele ir embora que os jogadores voltaram a bater bola. Está certo, não é uma grande equipe, mas o Mário Sérgio é que era o tranca-rua do Figueira.
Um abraço para os amigos avaianos. O time não merece cair para a série C. Falo sério.

De frente

Aquele quintal, apresentado aqui na semana passada como exemplo de feiúra, é de um desses belos casarões coloniais. Tudo indica que seja o da extrema-direita da imagem, onde fica o Teatro Armação.

sábado, 8 de setembro de 2007

Questão de geografia

O Clic RBS bateu o recorde nesta sexta-feira. Pelo menos três matérias faziam referências nos títulos a cidades do Rio Grande do Sul, mas misturadas ao noticiário catarinense:

– Criança é mordida por pit bull na zona leste da Capital (*)
– Identificadas as cinco vítimas de colisão em Marau
– Família é encontrada morta em Estação

(*) Porto Alegre, é claro.

A grande invasão

Um empresário gaúcho, com quem me reuni a trabalho na quinta-feira à noitinha, fez uma avaliação bem-humorada e realista sobre a presença deles em Santa Catarina:
– Vocês, catarinas, estão perdendo a guerra para nós. Mas não se preocupem: a coisa vai ser muito pior depois que a duplicação da BR-101 Sul ficar pronta. Aí sim, vocês vão ver o que é a 'invasão gaúcha'.
Confesso que gelei.
Uma amiga que estava junto, e também é gaúcha, bateu nas minhas costas e completou:
– Nós já somos maioria aqui em Florianópolis.
Arre! O jeito é se conformar. Ou mudar para Balneário Camboriú, pra onde estão indo morar muitos amigos florianopolitanos.

W, y e k

Está n'O Globo: "A Comissão para Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa se reunirá na próxima sexta-feira para definir como será a introdução das novas normas ortográficas no Brasil".
Alvíssaras! Enfim vou ter uma letra do meu sobrenome (w) reincorporada oficialmente à língua portuguesa. Eu, como milhões de brasileiros que têm y, w e k no nome ou sobrenome éramos uma espécie de párias da lingüística. Quando menino, cansei de ver professores aportuguesando o meu Werner (Verner) ou simplesmente encurtando meu nome (pulavam o Werner).
Mas a reintegração do w, k e y, claro, é apenas uma das alterações. Outra importante é o fim do trema. Vai ser estranho escrever freqüência e tranqüilidade, por exemplo, sem o charmoso sinal gráfico. A Folha de S. Paulo, que adora modismos, já derrubou o trema faz um tempinho.

Folga

O blog volta na segunda-feira. Obrigado pela leitura.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

FEIÚRA EXPLÍCITA

Florianópolis tem belos exemplares do patrimônio histórico de origem portuguesa. Vistos de frente, são deslumbrantes. Mas os fundos... cá entre nós, são às vezes horrorosos. A imagem é uma prova do que afirmo. Trata-se do quintal de um desses casarões maravilhosos, dos quais a cidade tanto se orgulha. Que coisa feia, hem? [Alguém por aí sabe que quintal é este?].

Fenelon

O leitor PH pergunta por onde anda Fenelon Damiani. Pelo que sei, meu caro amigo, Fenelon empresta seu timbre inigualável às solenidades oficiais do Governo do Estado. É o mestre-de-cerimônias favorito do atual governo.
Uma pena, realmente, porque durante décadas esse garoto de 60 e poucos anos foi um dos mais brilhantes apresentadores de telejornais e radiojornais. Seu último emprego em emissora de televisão foi no SBT (hoje Rede SC). Saiu de lá no ano de 2000.
Fenelon é conhecido, entre nós, como A Voz, numa leve e despretensiosa comparação com Frank Sinatra (The Voice). Miltinho Cunha chamava-o de “Fenelão, voz de trovão”.
Ah, tem mais: segundo se ouve pelas ruas, nosso pop star, que foi casado durante quase três décadas com a bela Lisete Palumbo – falecida há uns três anos – teria contraído núpcias com uma jovem de 25 anos. Como diria o Zury Machado, "o casal foram vistos" tomando uma gelada no Caiçara, outro dia.

Dário é candidato

Contrariando as expectativas de muita gente, o prefeito Dário Berger declara-se candidato à reeleição e vai disputar a sucessão ainda pelo PSDB. Pelo menos é o que ele garantiu ao colunista e editor Roberto Azevedo, do Diário Catarinense. A entrevista está publicada na edição de hoje do DC. Vale a pena ler dois trechos que pincei de lá:

DC - O senhor é candidato à reeleição e tem até 5 de outubro para mudar de partido. O senhor vai mudar de partido?
Berger - Não, não pretendo. A idéia é concorrer pelo PSDB. Eu já mudei duas vezes de partido. Eu tive uma pequena passagem pelo PL, que depois foi incorporado pelo PFL e só mudei de lá para o PSDB porque o PFL me negou a vaga para ser candidato a prefeito de Florianópolis. Senão, estaria naquele partido até hoje.
(...)
DC - O que o senhor teme no confronto de idéias e principalmente na campanha eleitoral do ano que vem em termos de posicionamento dos seus adversários?
Berger - Já fiz três (eleições) majoritárias. Em todos os três os embates não foram fracos. Acho que o tom da campanha vem sendo dado rigorosamente durante todo o exercício do meu mandato. São denúncias e mais denúncias. Articulações e articulações. A política da raiva e do rancor, do preconceito. Acho que é o que vai liderar na próxima eleição.
DC - De onde o senhor espera esse bombardeio? Do casal Amin?
Berger - Também. Quero dizer que eu respeito todo o adversário e exijo também que me respeite. Porque para falar de mim tem de ter muita moral. A hora da eleição é a hora da verdade e aí vamos para o confronto.


Quem quiser conferir a entrevista na íntegra pode clicar AQUI.

Aprendizado

As lotéricas de modo geral registram nesta semana uma redução significativa na venda de bolões, oferecidos livremente em todos os guichês pelas atendentes. A razão é muito simples: depois do caso de Joaçaba, os apostadores em geral passaram a ficar mais espertos. Embora as lotéricas ofereçam certas garantias – como o carimbo, endereço, telefone etc. –, uma advogada ouvida pelo G1 recomenda: para evitar problemas, bolões devem ser registrados em cartório, indicando os nomes de todos os participantes, RG e CPF.

* * *

É preciso destacar que nas lotéricas catarinenses essa coisa de promover bolões virou um subproduto tolerado livremente pela Caixa Econômica Federal. Empresas especializadas desenvolvem a programação das combinações, imprimindo os jogos separadamente para a venda (e este é o comprovante que o apostador leva para casa, sem nenhuma característica oficial da Caixa).
Ainda: não é preciso esperar por prêmios acumulados. Os bolões se tornaram corriqueiros – tem para todas as loterias, todos os gostos e todos os preços. Quando há grandes prêmios acumulados, como no caso da Mega Sena da semana passada, algumas dessas lotéricas chegam a oferecer bolões de até R$ 80 (ou mais) para os clientes que têm poder aquisitivo maior.
E para não ser injusto: quase sempre os pequenos prêmios (quadras, ternos) são divididos corretamente. Não se tem conhecimento, pelo menos em Santa Catarina, de que algum bolão premiado, vendido em lotérica, não tenha sido pago.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Uma geléia só

Lula concedeu entrevista coletiva hoje pela manhã a repórteres das emissoras de rádio. Sobre corrupção, as respostas giraram na mesma toada de sempre, aquela coisa escorregadia que todos conhecemos. Sobre o “social”, o discurso costumeiro: laudatório, calçado no marketing do assistencialismo (ele disse que o Estado tem obrigação de assistir aos cidadãos, referindo-se, é claro, aos descamisados). Sobre o apagão da infra-estrutura, de novo o escapismo corriqueiro, sem nada de afirmativo ou comprobatório.
Além do mais, o senhor presidente tentou, de novo, ensinar jornalismo aos jornalistas. Deu inúmeras sugestões de pauta, entre elas a de que os repórteres pagassem um almoço para quatro dos jovens que participaram do lançamento do Projovem, ontem. A intenção do almoço, na sugestão do presidente, seria para realização de uma entrevista, não para matar a fome dos rapazes.
Lula é assim, uma geléia só. E a parte menos crítica da sociedade adora.

Uma lágrima...

... para Luciano Pavarotti, que morreu na madrugada de hoje. O tenor italiano caiu no gosto popular na década de 1990, elevando a ópera ao nível da música pop. Foi muito criticado - desde a qualidade de seu canto à estrutura de marketing (comercial) que criou em torno da música lírica -, mas a verdade é que Pavarotti valorizou a ópera, abriu caminhos, fez muita gente comprar, pelo menos, um disco (LP, depois CD) do gênero. Pode não ter sido um gênio, mas foi um líder.

Fio da meada


Pode, caro leitor? As imagens que registrei em dois pontos da cidade (Ruas João Pinto e Fernando Machado) falam por si: quem consegue explicar essa verdadeira "zona" de fios? O que é energia, telefonia, TV a cabo nesse sarapatel? Além de perigoso, é muito feio, desvaloriza o patrimônio histórico e a própria atividade comercial que se espalha pelas vias centrais da cidade.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Luz e sombra

Sempre me foge o nome dessa igreja, na Praça Getúlio Vargas. Mas a intenção ao publicar a imagem é outra: valorizar a beleza do momento. Clic meu, de junho de 2005.

Circo de horrores

Um amigo jornalista, que não quer se identificar, percebe no noticiário popular uma tendência para a supervalorização dos pequenos crimes. Quatro ou cinco pedrinhas de crack, furtos e brigas acabam ganhando uma dimensão extra, por causa da audiência, que quer mais e mais informações policiais para preencher sua fome de notícia.

* * *

Na semana passada, estava almoçando e resolvi conferir a programação de nossas TVs. Passei do Jornal do Almoço para a Record e para o SBT. Cinco minutos em cada emissora. Na Record, imagens detalhadas da morte de um garoto no morro Nova Trento, closes no rosto e no ouvido – por onde entrou um dos tiros.
Perdi a fome. Desliguei a TV e saí para trabalhar mais cedo do que de costume.

Jogada fria

Na semana passada, quando estavam sendo fechadas as apostas para a Mega Sena milionária, o criador dessa loteria deu uma entrevista ao site G1. Uma de suas recomendações aos apostadores: não participem de bolões, porque sempre dá confusão.
Se for mesmo verdade o que está acontecendo em Joaçaba, onde um rapaz acusa seu patrão de ter fugido com o prêmio que era dos dois, trata-se apenas da confirmação do que disse o criador da mega. Bolão é fria.

Brinquedos assassinos

Sempre achei que bonecas Barbie, assim como seus acessórios, fossem uma garantia de qualidade. Como tenho duas filhas, sempre tive esse brinquedo da Mattel em alta conta. Agora, descubro pelo noticiário que alguns acessórios da Barbie, fabricados na China, podem causar câncer no cérebro, por causa da tinta utilizada, que contém excesso de chumbo. Só no Brasil, são mais de sete mil brinquedos distribuídos pelo fabricante que devem ser trocados, como bolsinha, cachorrinho, gatinho, pratos de comida etc.
Dá para confiar em qualquer coisa que tenha a inscrição Made in China, mesmo que respalde marcas tradicionais como Mattel, Sony, Olympus e que ostente o outrora insuspeito selo do Inmetro?

É hoje

E aí, Renan Calheiros, sai do trono ou não sai?

Adeus, Timão

Quanto ao Corinthians, desisti há muito tempo. Quando começou toda essa história de “privatização” do clube, envolvendo fortunas russas suspeitas, caí fora. Meu amigo Fenelon Damiani, maior torcedor do Timão em Florianópolis, me disse que, se deixei de ser, é porque nunca fui. Pode ser. Fiquei só com o Figueira.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Memória

Mais uma do acervo do Colégio Catarinense. Não tenho a data nem informações sobre o evento, mas parece ser uma comemoração de Sete de Setembro na década de 1940.

O maior empregador

O Governo Federal vai contratar 60 mil novos servidores públicos. Lula acha lindo, acha que está gastando "no social",que está favorecendo a sociedade brasileira com tanta gente trabalhando atrás dos balcões das repartições. O que o governo não diz é que o impacto de R$ 3,4 bilhões a ser gerado pelos cargos vai ser coberto pela mesma sociedade, que continua vendo gente morrer nas filas dos hospitais, nas periferias das grandes cidades e no trânsito louco das maltratadas rodovias federais e estaduais.

Óleo de peroba

A grande questão: se Renan Calheiros for absolvido pelo plenário do Senado, com que cara vai continuar presidindo o Senado e posando de paladino da liberdade e da decência?

Uma Kombi

Ricardo Hoffmann, que lê este blog em Brasília, mandou uma sugestão a propósito da paixão do blogueiro pela veterana Kombi: um exemplar à venda na Capital Federal, de cor prata. Obrigado, Ricardo. Ela é linda, mas continuo na linha da "saia-e-blusa".

Cálculo básico

Um telejornal de grande audiência constatou, com surpresa, que os ganhadores da Mega Sena residentes em Joaçaba marcaram só um cartão de seis dezenas. Espera aí: nas lotéricas, é muito comum encontrar apostadores que cravam 100, 200 e até 300 cartões de seis dezenas (em geral, bolões feitos por funcionários de empresas ou repartições públicas). Se um cartão for vencedor, o gasto foi de apenas R$ 1,50? Com o cartão vencedor, sim, mas e o resto que foi investido na tentativa?

Cabra marcado

A história de Claudecir Ribeiro Macário seria surrealista, se não fosse trágica. Vítima de uma tentativa de homicídio há uma semana, ele foi ao Hospital Regional fazer curativos ontem. Quando voltava para casa e passando pelo mesmo local onde tinha sido atingido com tiros há dias, foi alvejado de novo. Desta vez, os assassinos mataram o rapaz.

Cuesta abajo

Grande jogador de futebol em sua época, Maradona hoje é um bon vivant. Enquanto teve sua prisão decretada na Argentina, por causa de um acidente de trânsito, o ex-craque estava numa boate em Bogotá cantando o clássico tango "Cuesta Abajo" com dois artistas colombianos. Cantando, é um pouco de exagero. O bom de bola desafina pra caramba.

Frente ampla

Quem possa ter duvidado do que escrevi aqui – sobre uma possível aliança entre Edison Andrino e Esperidião Amin, com o objetivo de resgatar a auto-estima na capital catarinense – não sabe que há realmente diversas articulações nos bastidores, envolvendo políticos, empresários e lideranças comunitárias. A idéia é formar uma grande frente que consiga derrotar Dário Berger, se este for candidato à reeleição.
Aliás, o discurso de Berger contra o PP está caindo por terra. Em rápido contato ontem com gente do PSDB e do PMDB, confirmei aquilo que já suspeitava: há uma relativa unanimidade na cidade quando se trata de avaliar a administração do atual prefeito.
Berger, que não é bobo nem nada, acionou sua assessoria para produzir factóides, chamando a atenção da imprensa para as suas realizações. Tem aparecido bastante na mídia, assinando ordens de serviço, fiscalizando ou inaugurando obras. Mas raramente escapa das perguntas dos repórteres sobre a polêmica lei de incentivo à hotelaria. Ele está a um passo de perder a paciência com a imprensa.
Há os que dizem que o maior erro de Dário Berger foi ter pensado que “Florianópolis era São José”, quando se resolveu candidatar, em 2004. Sem querer ofender os josefenses (eu mesmo com certidão de nascimento registrada naquele município), lá o prefeito consegue governar mais quietinho, sem tantos repórteres na sua cola. Aqui, não. Aqui é a capital do Estado. E talvez o prefeito e sua trupe de marketeiros não tenham avaliado essa questão com o devido cuidado em 2004.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Inimigos do rei

Em entrevista à CBN-Diário há pouco, o prefeito Dário Berger reiterou seu discurso choroso. Declarou-se vítima de uma armação, de uma tentativa de golpe por parte de um segmento da Câmara de Vereadores. Chegou a afirmar que os vereadores do PP se escondem sob alguma “saia”... uma referência direta à ex-prefeita Angela Amin.
Ou seja, nosso alcaide prossegue com a política de desvalorizar os adversários. Mas ele sabe que seus inimigos não estão apenas no PP e no DEM. Os problemas de Berger começam no próprio PSDB, o partido onde buscou abrigo em 2004.
Canal da Barra da Lagoa, ontem: beleza pura, numa manhã sem sol, mas iluminada.

Para rir (e muito)

O autor e ator Marco Luque, do Terça Insana, esteve no Programa do Jô na semana passada. Criador de tipos impagáveis, ele mostrou aos telespectadores um personagem engraçadíssimo – um motoboy paulista. Texto e interpretação de primeira linha. Quem não assistiu, não pode perder. Confira aqui.

Educação e palavrões

Do que o Fantástico exibiu ontem, gostei da matéria sobre a professora que está sendo processada porque deu aula sobre palavrões para seus alunos. O mais curioso é que todos os palavrões "ensinados" estão no Aurélio, à disposição de quem quer que se interesse por eles. De onde se conclui que os pais dos alunos são uns cretinos.
O nome da professora é Raimunda. Se não é uma rima, é uma solução.

Sem estirpe

O clima entre o prefeito Dário Berger e os vereadores de Florianópolis é pra lá de instável. Dário não conseguiu construir uma base política sustentada em pilares ideológicos ou partidários. A coisa toda foi muito mal feita, mais ou menos como fez Fernando Collor quando presidente da República.
O próprio prefeito, aliás, não tem estirpe política. Foi do PL, com sua carreira sendo empurrada pelos pastores da Universal. Depois, passou para o PFL, com apoio de Jorge Bornhausen. Por conveniência, e julgando-se uma liderança regional, migrou para o PSDB - onde nunca foi bem-aceito pelos tucanos autênticos. Agora, namora o PMDB, novamente por conveniência. Se acabar filiado ao partido de Luiz Henrique, vai destruir toda a estrutura histórica do PMDB na Grande Florianópolis.

Diálogos desviados

Um velho amigo, que circula em todas as rodas, me contou que não se fala em outra coisa no Bob's e no Mercado Público, os principais centros de fofocas de Florianópolis: a Codesc, que está sendo investigada pela Polícia Federal, seria o "buraco negro" do atual governo. Dizem que nas altas esferas todos tremem nas bases quando o assunto Codesc vem a debate. Quer dizer, nem chega a ser debatido, porque os temas das conversas são imediatamente desviados.

sábado, 1 de setembro de 2007

De tudo um pouco

Depois de tanta chuva, uma imagem do pôr-do-sol mais recente (da semana passada): a cruz fica na torre do Colégio Catarinense. A foto foi registrada de uma janela do Museu do Homem do Sambaqui, no segundo andar do CC

É muita gente, muito carro

A melhor definição que encontrei para o caos de ontem, na capital catarinense, foi dada pelo zelador de um prédio vizinho ao meu:
– Tem gaúcho demais em Florianópolis.
A cidade parou por causa da chuva, com gigantescos engarrafamentos. Teve gente que levou três horas para cumprir trajetos de menos de dez quilômetros. É muito carro para uma cidade tão pequena.

Os números dizem tudo

Os números foram divulgados pelo Clic RBS, com base no recenseamento do IBGE. É o retrato duro e cru da realidade florianopolitana, que merece um prefeito à altura de seus problemas:

Florianópolis - Habitantes
1996 – 271.281
2000 - 342.315
2007 - 406.564

O crescimento em pouco mais de dez anos foi de 49,86%.

Elevador?

Num das inserções do PPS na TV, que tem o deputado federal Fernando Coruja como garoto propaganda, aparece na legenda, ao pé da imagem: "Venha para o PPS, um partido descente". Desce?

O tempo passa, o tempo voa

Nas colunas, no rádio, na televisão, tem sempre alguém dizendo que "lá se foi agosto" e que o ano está indo muito rápido.
Confiram em janeiro: eles vão dizer a mesma coisa. "Janeiro se foi, logo é Natal de novo".
Que assunto (ou falta de), hem?

Espiões espertos

Deu no G1:
Advogados se infiltram entre familiares do vôo da TAM.
Nós queremos é novidade...

A velha Kombi

A Kombi está completando 50 anos de produção no Brasil. É um dos meus carros favoritos, em especial os modelos antigos, tipo saia-e-blusa (duas cores). É esquisito dirigir Kombi, mas o veículo tem, digamos, uma personalidade diferente, que nenhum outro semelhante conseguiu lhe roubar, apesar de dezenas de tentativas.
Um amigo me disse, certa vez, que cada um tem paixão por carros antigos de acordo com os automóveis que marcaram sua infância. Ele, que é mais novo, coleciona Opala. Eu, se tivesse condições, investiria em Fusca, Kombi, TL e Karman Ghia. Nem precisavam muitos exemplares: um de cada, desde que em boas condições.

Sem lenço nem documento

Menos mal que os estudantes desocuparam a reitoria da UFSC. Saíram sem problemas, sem vitória, sem avanço nenhum. Desde o início, todos sabíamos que aquilo tudo era inútil.
Resta saber o que a reitoria pretende fazer com a meia dúzia de servidores que insiste em manter uma greve também inútil.

Deixa estar

A Câmara Municipal vai investigar o prefeito Dário Berger. Não há nada de errado. O importante é que a coisa toda seja esclarecida. Ou, pelo menos, que aquela bagunça descoberta pela Operação Moeda Verde não se repita.