quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Água e sal

No sábado passado, Itajaí começou a se livrar de um problema crônico e muito grave – o alto grau de salinidade da água potável, provocado pela cunha da maré, que invadia o rio Itajaí Mirim no ponto de captação. A prefeitura, com apoio do Governo Federal, construiu uma barragem, que impede a mistura das águas e livra a população do sal em suas torneiras. Em suma, ninguém leva mais choque quando vai tomar banho, nem precisa comprar água mineral para passar o café ou cozinhar um arroz supimpa.
Pois no sábado foi a inauguração da tal barragem. Um evento ultrapolítico, como se pode deduzir, uma vez que o prefeito Volnei Morastoni é do PT, sua vice, Eliane Rabello, é do PMDB... Volnei é apoiado por Lula e pelo governador Luiz Henrique (PMDB). Assim, quando o governador vai até lá é sempre uma festa no interior.

* * *

A discursalhada corria solta, debaixo de um calorão de rachar, quando chegou a vez de Luiz Henrique falar. Pra encurtar caminho, já que estava tudo muito chato, ele resolveu fazer seu discurso na forma de versos. Deve tê-los escrito a bordo do helicóptero, que pousou no meio do mato e levantou uma poeira danada, sujando todos os que estavam em volta do palanque eleitoral, quer dizer, inaugural.
A poesia de Luiz Henrique:

"Água e sal é bom pra fazer
bolacha,
quem não acha que é bom
pra fazer comida?
Mas água e sal não
é bom para ser
bebida.
É bebida infernal,
que deixa a nossa boca
ardida.
Pra acabar com essa tragédia,
a prefeitura - que tem rédea,
com
Volnei e Eliane no comando -
vai seguro trabalhando com amor
e com
coragem.
E com seriedade e destreza
construiu esta barragem.
Agora,
quem andar por aqui,
vai louvar este governo e dar
'Viva Itajaí'!"
Se o prezado leitor fosse professor de português e literatura, que nota daria para o poeta?

Um comentário:

Anônimo disse...

Que poeta desastroso,
ou seria desastrado?
pra escrever esse troço
melhor ficar calado.
Rogério