quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Imprensa alternativa


Nos anos 1970, a imprensa alternativa – que se opunha aos jornalões – era chamada de "nanica". Pequenos veículos de comunicação incomodavam muita gente, principalmente os poderosos de plantão. Alguns desses jornais entraram para a História do Brasil, como O Pasquim, Opinião, Movimento, O Trabalho, Em Tempo etc. Alguns, como os três últimos, eram ligados a movimentos de esquerda (grupos marxista-leninistas e trotskistas). Mas ainda assim eram imprescindíveis aos debates e reflexões.
Na época do regime militar, esse tipo de imprensa tinha uma razão de ser – a oposição pura e simples à ditadura, na construção de discursos razoavelmente transformadores. Nos jornais trotskistas, por exemplo, estava a semente do Partido dos Trabalhadores (PT).

Mais recentemente, em plena vigência das liberdades democráticas, constatamos que há alguns exemplos de jornalismo alternativo no País e no Estado. São veículos bem-editados, que mantêm o princípio de oposição aos poderosos de plantão e à chamada grande imprensa.
Hoje, por recomendação de nossa leitura que se identifica como Bruxinha Nova (e que eu sei, por razões funcionais, ela não pode revelar seu nome verdadeiro), fui ler A Gazeta de Joinville. Um jornal polêmico, onde o subtexto não existe: as matérias são sempre diretas, sem perder o foco no verdadeiro jornalismo, aquela coisa de se ouvir os dois lados, o texto bem-acabado etc. Aliás, na edição de hoje a matéria que dá manchete à Gazeta é deveras importante, revelando bastidores do Governo do Estado, em especial a suposta utilização de uma produtora de vídeo, que presta serviços ao poder público, em pautas particulares das autoridades. (Se o leitor gosta de uma boa lama – atirada no ventilador – leia a matéria completa AQUI).

Curiosamente, recebi no calçadão de Florianópolis um exemplar de outro jornal alternativo – o Impacto Santa Catarina. Também polêmico, provocativo, que trata os poderosos sem nenhum pudor ou concessão. Olhando para o expediente (aquele quadrinho onde se identificam os responsáveis por qualquer publicação), percebi que não há ninguém conhecido. Também nenhuma informação quanto aos proprietários do jornal, que é semanal e traz noticiário de Blumenau, Florianópolis, Joinville, Lages, Jaraguá do Sul, Itajaí, São José, entre outras cidades. Nas matérias, uma linguagem assumidamente inspirada no Diarinho (de Itajaí), onde o Cesar Valente tem uma coluna diária.
O Impacto continua sendo um mistério para mim, desde que li a primeira edição (está na quinta). Já me disseram que pertence a um conhecido empresário, ligado a uma igreja evangélica, ex-candidato ao Governo do Estado e provável candidato a prefeito de Florianópolis no ano que vem. Não sei, por isso não arrisco a colocar aqui o nome do dito.

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