sexta-feira, 23 de novembro de 2007
A sordidez tolerada pelo Estado
O noticiário podre dos últimos dias (últimos dias?) nos faz pensar: uma adolescente colocada numa cadeia repleta de homens não é um sintoma de que o País chegou ao nível mais sórdido, mais bárbaro, de desprezo à vida e à dignidade humana? Ah, mas alguém pode dizer: "Isso foi lá no Pará, onde a vida tem outro significado (sic)". Querendo dizer, evidentemente, que o Pará e outros Estados nordestinos possam ser alguma coisa de nível menor na escala geral de valores da sociedade. Não interessa se foi num grotão do Pará, da Paraíba, da Bahia ou do Rio Grande do Sul. O fato é que o Estado brasileiro está perdendo a capacidade de proteger seus cidadãos. Se um Estado não protege seus cidadãos – e as condições deploráveis das cadeias, das escolas, dos postos de saúde, das estradas, são generalizadas – para quê, então, existe o Estado? Para empregar (ou ajudar) os amiguinhos, os afilhados, os filiados e os parentes dos poderosos. É só isso.
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