sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Foto-teste

Será difícil encontrar, entre os leitores, alguém que tenha conhecido o cenário por onde desfilam estudantes do Colégio Catarinense (1º de maio de 1941). Ao que se saiba, sobrou pouca coisa desse casario. O Velho Bruxo talvez saiba nos situar exatamente que lugar é este... (A imagem é do acervo do Colégio Catarinense)

A cinqüentona

Todos nós, catarinenses, temos um pé atrás em relação à RBS. Nada contra os profissionais que atuam na empresa, cada um desempenhando seu papel da melhor maneira, alguns com grande competência e dedicação. Mas o nosso pé atrás é relativo ao que significa a RBS, as três letrinhas que simbolizam uma presença incômoda e opressiva no cotidiano de Santa Catarina.
Quando alguns daqui tentam justificar o quase-monopólio da poderosa rede gaúcha de comunicação, dizendo que os nossos empresários é que foram incompetentes na administração de seus jornais, isso nos causa um relativo desconforto. Não é bem assim. Nós sabemos como é que a Rede age. Tivemos o caso recente da compra de A Notícia, a maneira como os controladores da empresa de Joinville foram “convidados” a negociar o veterano jornal com a RBS. Sem falar em O Estado, nas tentativas reiteradas de aquisição do “mais antigo”, até que este sucumbiu lentamente, sem anunciantes, sem repórteres e só com o dr. Comelli para apagar a luz.

Não conheço, entre formadores de opinião, alguém que se diga “fã” da RBS. Conheço pessoas com senso crítico que são fãs de profissionais da RBS, do Cacau, do Roberto Livramento e do Miguel Alves (a dupla vice-e-versa), da Laine Valgas, do Mário Motta e assim por diante. Mas tenho amigos que se surpreendem quando a gente lhes diz que a Maria Odete Olsen não apresenta mais o Jornal do Almoço... É que estes amigos não sintonizam seus televisores na RBS há uns bons dez ou doze anos.

Mas, vá lá, vamos reconhecer que 50 anos de estrada é realmente um tempo primoroso para uma rede de comunicação. Lembrando sempre que Maurício Sirotsky Sobrinho, fundador da RBS, foi uma espécie de Silvio Santos do Sul, um radialista apaixonado pelo que fazia e que teve a chance, irrecusável, de comprar uma emissora de rádio, depois um jornal, depois outros e outros e outros. (O Diário Catarinense também foi comprado. Era um título inativo, de gaveta, dos Diários Associados).

Portanto, parabéns aos profissionais da RBS, àqueles que se desdobram no dia-a-dia para realizar o melhor possível para levar informação e conteúdo aos ouvintes, telespectadores e leitores.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Colégio Catarinense, 102 anos



Hoje é dia de aniversário do Colégio Catarinense, que completa 102 anos. A data é uma referência à Lei 669, de 30 de agosto de 1905, assinada pelo então governador Vidal Ramos. A lei autorizou a Companhia de Jesus a abrir um colégio em Florianópolis, que recebeu o primeiro nome de Ginásio Santa Catarina, depois Ginásio Catarinense e, finalmente, desde 1942, a atual denominação.
A instituição dos jesuítas funcionou durante os primeiros tempos na residência do próprio governador, na chamada Vila Pamplona, Praia de Fora, que era uma região de chácaras. No mesmo local, posteriormente, foi construído o prédio atual, ampliado ao longo do século 20.
Na imagem de cima, uma vista panorâmica, clicada possivelmente na década de 1940, com o Catarinense em primeiro plano e a cidade ao fundo. Abaixo, um desfile de 1º de maio (1941) no Centro, com a participação de alunos do colégio (as meninas deveriam ser do Coração de Jesus).

Achado


Dentro do Colégio Catarinense está o Museu do Homem do Sambaqui Padre João Alfredo Rohr, uma instituição que completa seu centenário este ano. No museu estão peças raríssimas da arqueologia de Santa Catarina: a foto acima mostra um achado, só revelado ao mundo da ciência em abril deste ano, graças a uma pesquisadora – Andrea Lessa (Fiocruz) – que encontrou essa vértebra, de 2.600 anos, trespassada por uma flecha, no meio dos guardados do padre Rohr. As caixas estavam fechadas desde 1969, contendo esqueletos e outras peças recolhidas pelo pesquisador jesuíta.
Grande parte do acervo do padre Rohr está disponível para apreciação e estudos no museu. Mas é preciso agendar as visitas pelo telefone (48) 3251-1516, com o professor Sidney Linhares, coordenador.

Favorzinho

As autoridades brasileiras precisam parar de falar essa besteira de que "as instituições estão funcionando" porque o STF aceitou a denúncia contra os mensaleiros. As ditas autoridades – que são do governo, quase todas ligadas ao PT – acham que estão fazendo um favor em permitir que as instituições funcionem. Porque não era bem com isso que sonhava o camarada José Dirceu.

Sotaque

Acostumado com o rádio, acompanho sempre o noticiário da televisão sem olhar para o aparelho. Enquanto passava o Jornal Nacional de ontem, tocava meu trabalho no computador. Só desviei a cabeça para olhar a telinha mágica uma única vez: foi quando reconheci, automaticamente, um sotaque mané. Era o juiz Rodrigo Collaço, presidente da Associação dos Magistrados do Brasil, concedendo entrevista para o JN.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A roda viva

Ainda sobre a UFSC, alguns companheiros de velhas jornadas me dizem que o reitor Lúcio Botelho não vai concorrer à reeleição. Seria facilmente derrotado, fosse quem fosse o outro candidato. Mas o problema é esse "fosse quem fosse". Tudo indica que o professor Nildo Ouriques é o favorito para a sucessão na reitoria. Ouriques é identificado com alguns neomarxistas e bolivaristas. Conseguiria afastar os radicais improdutivos de sua roda e governar com tranqüilidade? Duvido. A não ser que, com certeza, virasse um Lula. Mas é maluquice demais pensar nesta possibilidade.

Maiorias e minorias

Vamos deixar claro o seguinte: não sou contrário a reivindicações estudantis ou sindicais, sejam de que ordem forem, desde que sejam amplamente representativas. Faz parte do jogo democrático. O que não considero saudável é o que faz um pequeno grupo de estudantes e servidores da UFSC, em relação ao que pretendem exigir da reitoria (que não tem poder para decidir nada e mesmo que tivesse como atender, este não seria, digamos, o dom do reitor Lúcio Botelho)... Barricadas e atos de violência, perpetrados por uma minoria insignificante, não chegam a constituir um "movimento estudantil organizado", como o que tínhamos nas décadas de 1970 e 1980. Lá, nós éramos milhares. Aqui, são 20 ou 30, num universo de mais de 30 e tantas mil pessoas que circulam pelo campus da UFSC todos os dias. Vamos dizer que 20 ou 30 são representativos e legítimos? Está bem... Nós, que vemos a coisa de fora e lamentamos pela UFSC, é que estamos errados. Convenhamos!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Nomes esquisitos

A Polícia Civil chamou de Aurantiun uma operação para prender estelionatários envolvidos com fraudes relativas ao extinto Fundo 157. Aurantiun? Por que não um nome mais compreensível? [É o mesmo caso daquela Hurricane, desencadeada pela Polícia Federal, e traduzida para o português pelos telejornais da Globo. Virou o que deveria ser - Operação Furacão].

Tolice

Esta não cola: o treinador Mário Sérgio insiste numa tese ridícula, para justificar o mau desempenho do Figueirense no Campeonato Brasileiro. O time estaria sendo vítima de "secação", por parte de setores da mídia. "Secação"? Futebol, como tantas outras atividades, é uma coisa muito objetiva. Os times ganham, empatam ou perdem. Os resultados dependem do que fazem os jogadores e da orientação do técnico. Não existe possibilidade sobrenatural para explicar o mau futebol.

Fatos e argumentos

O prefeito Dário Berger continua na sua missão impossível de desqualificar a investigação que a Câmara Municipal vem fazendo, sobre a polêmica Lei da Hotelaria. Na falta de outro recurso, utiliza largamente o argumento de que está sendo vítima de peerseguição por parte do PP. Ele repete, de forma exaustiva, que o procurador da Câmara, Antônio Chraim, foi presidente do partido que lhe faz oposição. Foi mesmo. "Cherem", como o chamamos desde os tempos do Centro Cívico do Instituto de Educação, nunca negou para ninguém (o que seria até impossível, dada a quantidade de entrevistas que concedeu como dirigente da sigla) seu vínculo com o PP. Mas a condição de procurador não é, simplesmente, um problema para quem, no passado, foi militante de um partido político. Até ministros do Supremo Tribunal Federal foram filiados do PT e, nem por isso, deixaram de votar a favor da denúncia contra os envolvidos no "mensalão" - quase todos petistas.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Apagão da auto-estima

No sábado, mais um apagão deixou 150 mil pessoas sem energia no Norte da Ilha. Está bem, suponhamos que a causa tenha sido uma acidente normal ou natural. Mas, cá entre nós, desde 2003 (não por coincidência, mas o ano em que Luiz Henrique assumiu o governo), com aquele apagão geral que atingiu a Ilha, temos tido sucessivos exemplos de apagões que afetam a nossa auto-estima. O governador pouco se importa com Florianópolis ("descentralizou" tanto o poder que poderia, por exemplo, extingüir a Capital) e o prefeito faz, desfaz, refaz, não faz... Mais do que nunca, somos a "terra do já teve", bordão que foi um clássico dos anos 1970. Já tivemos até iluminação nos nossos monumentos (o Palácio Cruz e Sousa continua com as luzes frontais apagadas, o que lhe dá um péssimo aspecto à noite) e na Avenida Beira-mar. Aliás, cuidado atletas noturnos: um enorme trecho, após o Koxixo's está há dias sem luz naqueles charmosos postes do passeio, que a prefeita Angela Amin implantou. Enfim, os exemplos saltam aos olhos, principalmente quando é possível enxergá-los...

Ao pé do ouvido

Alguém me conta, ao pé do ouvido, que os ex-prefeitos Esperidião Amin (PP) e Edison Andrino (PMDB) têm se encontrado muito ultimamente. Antes adversários ferrenhos, Amin e Andrino fizeram uma espécie de "pacto pela cidade", com o objetivo de encontrar um candidatura à prefeitura que possa resgatar a auto-estima e, principalmente, a competência administrativa. A dúvida - e não é piada - que se abate sobre os dois líderes que amam Florianópolis: quem seria o candidato a prefeito? Nenhum dos dois pretenderia assumir o cargo principal, preferindo ficar de vice do outro (e assim a coisa continua num impasse danado). É claro que Andrino sairia do PMDB (ainda tem prazo para isso), porque o partido do governador Luiz Henrique da Silveira deixou o líder florianopolitano a pé na última eleição. LHS é mestre em destruir companheiros e fez com Andrino o que não se faria com o pior inimigo. Andrino tanto pode se inscrever no PPS quanto no PDT, partidos da centro-esquerda democrática, muito mais respeitáveis do que esse PMDB direitista que LHS comanda.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Sandice

As imagens da invasão da reitoria da UFSC são tristes. O comportamento dos dirigentes da universidade é lamentável. Os estudantes, estimulados por um grupo de bolivaristas sacanas, precisam parar para pensar. A quem interessa essa maluquice toda? Sim, porque o que está acontecendo na UFSC é uma sandice completa. Depois não reclamem se algum governante igualmente maluco resolver privatizar a universidade num futuro próximo. Numa universidade particular essa doideira jamais aconteceria. Servidores seriam sumariamente demitidos e alunos seriam expulsos, sem direito a qualquer apelação. Ah, sim, e o reitor também iria pro olho da rua.

Salvação

Dário Berger deu uma de chorão hoje de novo. Disse que é o homem mais acusado [ou perseguido] do Brasil, por causa de novos processos que surgiram contra ele, em São José [reminiscências da sua longa administração naquele município]. Depois, ainda arrematou afirmando que já prestou contas até para o Exército da Salvação.

Sem-vergonhice

A ex-jornalista Mônica Veloso posou nua para a revista Playboy, enquanto seu ex-amante, Renan Calheiros, continua entrincheirado na presidência do Senado. São fatos que nos levam à conclusão de que o Brasil é mesmo um País sem-vergonha. Fosse sério, Mônica não revelaria seus atributos e Calheiros já teria sido fritado há muito tempo.

Munição

Dizem por aí que os documentos acumulados sobre irregularidades no Governo do Estado, envolvendo bingos e outros negócios, serão bem utilizados na campanha municipal do ano que vem. Não apenas em Florianópolis, mas em todos os municípios.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

UFSC

Reproduzo, a seguir, a nota oficial distribuída hoje pela reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina. Como cidadão de Florianópolis e apaixonado pela UFSC, onde passei ótimos quatro anos de minha vida, assino embaixo.
"Apelo ao bom senso
A administração Central da UFSC, ante a invasão do prédio da reitoria, que impede o acesso ao trabalho de todos os servidores, torna público o lamento e o veemente repúdio a este ato de força, impetrado de forma autoritária e intransigente.
Destaca ainda que este minoritário grupo de manifestantes, nem de longe representa o pensamento da comunidade universitária, pois ao politizar atos de vandalismo e agressão, ferindo direitos básicos de cidadania, em nada contribui para a prática do diálogo e do entendimento, destruindo um dos pilares básicos da democracia e da convivência.
Por fim apela para o bom senso de todos e solicita a sua imediata retirada, para que continuemos um diálogo construtivo e fortalecedor da Universidade Brasileira.
Florianópolis, SC, 23 de agosto de 2007.A Administração Central da UFSC"

Chorão

Por onde passa, o prefeito Dário Berger deixa sempre a impressão de que é um homem profundamente infeliz. Se queixa da vida, dos adversários, do individualismo das pessoas e, por conseqüência, da falta de espírito coletivo. Ontem à noite, numa solenidade no Estreito, disse que seu lombo está "curtido" de tanta pancada que tem levado. Parece, ao que tudo indica, que Berger não está mais gostando de ser prefeito de Florianópolis. Será?

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Agressão à UFSC

Tenho visto pouca repercussão na mídia em geral sobre essa maluquice que alguns servidores da UFSC estão promovendo há alguns dias. Bloquearam as entradas do campus, impediram o reitor de trabalhar... Barricadas? Constrangimento ilegal? Nada disso é repelido? Cadê a autoridade de quem governa? Reivindicações salariais devem ser discutidas de maneira civilizada, no foro adequado. Chega de barbarismo. Não é a primeira vez que esse grupo de servidores age dessa forma. Já mantiveram o atual reitor em cárcere privado, no auditório do centro de eventos. Lúcio Botelho, que é uma grande figura humana, não tem dado conta do recado quando se trata de manter a disciplina. A UFSC está sendo achincalhada, sua história (45 anos este ano!) está sendo atirada à lata do lixo. Tudo porque uma parte dos servidores - que nós sabemos muito bem por quem são liderados - se acha no direito de mandar e desmandar no destino das pessoas, contrariando inclusive o preceito constitucional mais básico, que é a garantia do direito de ir e vir. Chega! Punição para os agressores!

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Preferência

Derrotado em 2006 pela segunda vez, o ex-governador Esperidião Amin convocou uma entrevista coletiva para dizer que, caso Luiz Henrique seja cassado pelo TSE, prefere que seja realizada uma nova eleição no Estado. O turco tem razão. Seria uma grande humilhação assumir o governo, no lugar de LHS, tendo sido o segundo colocado na eleição do ano passado. E Amin sabe que, no caso de nova eleição, não teria adversários à sua altura. Quem poderia enfrentá-lo em condições de igualdade?

Diferenças de pautas

No Jornal do Almoço, uma matéria da RBS tratou da precariedade de segurança nas pontes - guard-rail e guarda-roda baixos etc. e tal. No jornal das 19 horas, da mesma emissora, uma matéria bem mais interessante: a polícia flagrando motoristas a mais de 100 quilômetros horários passando numa das pontes. Pontes não foram feitas para voar baixo. Em pontes ou viadutos, atenção redobrada é regra em qualquer lugar do mundo. Menos aqui. Os malucos, quando vêem pista liberada, pisam fundo. E é essa a causa de acidentes com morte tanto nas pontes quanto na Via Expressa. O que não quer dizer que não seja necessário melhorar as condições de segurança.

Radar na ponte

Podem debater o que quiserem com relação às pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos. Mas uma questão é central para entender os acidentes que ocorrem com freqüência: a alta velocidade desenvolvida por automóveis, ônibus e caminhões. Pode não ter sido a causa do desastre de ontem, mas é certo que um veículo em velocidade normal não chegaria a tão graves conseqüências.
O problema, aliás, é muito sério também na Via Expressa da BR-282. A maior parte dos acidentes é causada pelo excesso de velocidade e pela desatenção dos motoristas.
Por que o Estado não coloca limitadores de velocidade nessas vias?

Enredo longo

O enredo envolvendo os cartórios da Capital vai longe, muito longe. É coisa para muito tempo e muitas investigações independentes. Será muito difícil apurar a veracidade das informações divulgadas pelo ex-funcionário de um cartório se não houver uma auditoria externa [federal], com liberdade para trabalhar. Ainda vão descobrir que a coisa toda começou lá atrás, depois que Dias Velho foi assassinado, final do século 18. Um pente fino em todos os registros de imóveis desde aquela época por certo esclareceria sobre muitas fortunas fantásticas construídas por aqui ao longo de quase 400 anos.

Gastança

Então o governo vai gastar mais de R$ 6,7 bilhões em segurança pública e a coisa vai ficar por isso mesmo? Esses bilhões, gastos em programas sociais efetivos [e não em esmolas], resultariam em soluções mais sólidas e, com certeza, mais interessantes para o bem-estar geral da Nação.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Nosso símbolo



Devagar, muito devagar --- A Ponte Hercílio Luz em dois momentos: acima, em clic de da semana passada; abaixo, num registro feito em 1999. Nos instantâneos, a presença indispensável dos operários que trabalham na recuperação do monumento.

Sacanagem

Arnaldo Jabor continua sendo vítima de falsificações. Acusou, hoje pela manhã, um jornal de Santa Catarina de haver publicado um artigo com a assinatura [e a foto] dele. Não é o autor. Jabor se considera “laranja de canalhas”. Eu acrescento: como tem gente que perde tempo com sacanagem. Por que essa petelhada não vai catar coquinho no asfalto?

Cruz, credo!?

Dizem que o clima no Palácio Santa Catarina, digo, Centro Administrativo, é dos piores possíveis. Nunca, nos cinco anos de Luiz Henrique à frente do governo, houve tanta cara amarrada e gente trancafiada nos gabinetes. A alegria peemedebista se dissipou quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) demonstrou que está levando a sério o processo que pede a cassação de LHS, por gastos irregulares com propaganda no ano passado. Embora o julgamento só continue em setembro, a preocupação entre os governistas é generalizada. Desde o governo de Paulo Afonso Vieira, entre 1995 e 1999, o PMDB não era submetido a uma prova tão difícil.

Exagero

Suspensa a licitação da prefeitura municipal para construção de um centro multiuso em Florianópolis, fica no ar a grande dúvida: por que uma arena desse gênero teria de custar quase R$ 50 milhões? Não é dinheiro demais para um retorno que, se sabe, é muito inferior ao investimento e extremamente demorado? Vide o centro multiuso de São José, que custou mais de R$ 30 milhões. Inaugurado em 2006, ainda não se pagou.
Um centro do gênero é um ótimo equipamento para grandes apresentações esportivas e culturais, mas para quê dois na Grande Florianópolis? Um não é suficiente?
Na verdade, convenhamos, essas arenas correspondem à megalomania de algumas autoridades catarinenses. Da principal [autoridade] às intermediárias, se é que me entendem.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Drummond


Saudade de Carlos Drummond de Andrade, de seus poemas no Jornal do Brasil, de sua fala, de seu jeito único de escrever e sentir. No dia da morte dele, 17 de agosto de 1987, estava trabalhando em Erechim (RS). Era um dia de forte geada, lembro-me bem, com a temperatura variando entre -1º e 2ºC. À noite, no hotel onde estava hospedado, em volta da lareira, soube da morte dele pelo Jornal Nacional. Drummond nos deixou órfãos. De todos os seus poemas, gosto muito deste, porque, escrito em meados do século 20, continua atualíssimo, pela forma e pelo conteúdo.
Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de
uma mulher, de uma história,

não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da
janela,

não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é
a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,

a vida presente.

Aposta errada

Investir em bolsas de valores é como apostar em loterias. Nunca se sabe antecipadamente qual o resultado. O comentarista Mauro Halfeld, da rádio CBN [nacional] diz que o melhor é sempre agir com cautela. Numa resposta à indagação de um ouvinte, foi direto: quem tem patrimônio financeiro para investir, não deve queimar mais do que 10% de seu capital nessa ciranda. Se perder, perde pouco. É, aliás, uma regra geral para quem gosta de fazer uma fezinha na Mega Sena acumulada: gastar pouco, com a possibilidade de ganhar o máximo possível.

Os cartórios

Cautela. É o mínimo que se pode dizer, a propósito das denúncias formuladas por um ex-funcionário de um cartório da Capital, levadas ao ar na CBN-Diário, hoje pela manhã, em entrevista conduzida pelo repórter Rafael Faraco. A coisa é muito "cabeluda" e, por isso, é preciso aguardar os desdobramentos judiciais e policiais que envolvem o assunto. O rapaz que fez as acusações apontou nomes, de A a Z, numa espécie de nova Operação Moeda Verde. Fraudes teriam sido cometidas às pencas, nos últimos 30 anos, para legalizar áreas de terras do paraíso. Pessoas com 50 anos de idade seriam proprietárias de terrenos escriturados - em seus nomes - no início do século 20. É um escândalo. Se for tudo verdade, não vai sobrar pedra sobre pedra na Ilha de Santa Catarina.

PP rima com PT

Mais do que nunca, o PP está dentro do governo de Lula. Com o catarinense Leodegar Tiscoski num posto de destaque - a fundamental Secretaria de Saneamento Ambiental - o partido de Esperidião e Angela Amin se habilita a formar uma grande frente com o PT, em 2008, para barrar a outra frente, formada por PMDB, PSDB e PFL. Tiscoski é um político tradicional do Sul do Estado, mas é também um engenheiro civil que sempre se sobressaiu nas suas atividades profissionais pela competência, arrojo e disciplina. Ponto para o Governo Federal, que só tem a ganhar com a presença dele no segundo escalão.

São Pedro não merece

Acompanhei com atenção a entrevista que o Mário Motta fez há pouco (CBN-Diário), com líderes comunitários de São Pedro de Alcântara, contrários à construção de um "cadeião" naquele município. Não acho que cidades possam ter o privilégio de se conservarem intocadas ou intocáveis quanto às questões gerais do Estado, inclusive a violência. Mas São Pedro é mesmo um marco catarinense. Embora pequena, com pouco menos de quatro mil habitantes, São Pedro deveria ser tombada como patrimônio histórico e cultural do Brasil. Foi a primeira colônia alemã em Santa Catarina e, se não estou enganado, a segunda do Brasil. Lá chegaram imigrantes com sobrenomes como Bornhausen, Konder, Schmidt [e suas variações Schmitt, Schmitz], Kehrig [mudado para Koerich no final do século 19], Deschamps, Althoff, Kretzer, Phillippi, Bauer, entre tantos outros, que ajudaram e ajudam a construir a História catarinense e brasileira. Muitos enveredaram pela política - inclusive três governadores de origem germânica -, outros se transformaram em grandes empresários ou profissionais destacados nos mais variados tipos de atividades. É impossível desconhecer o peso de São Pedro para Santa Catarina. Querer transformar aquela pequena comunidade num depósito de presidiários contraria qualquer norma do bom senso, racionalidade e respeito.

Nada pra fazer?

Lula está se tornando patético. Os discursos de ontem, destacando-se a infeliz comparação do bolsa-esmola com as bolsas de doutoramento, é uma prova definitiva de que o presidente da República vai "arrepiando", na crista do populismo mais deslavado e sem-vergonha de que se tem conhecimento. Criticar as bolsas de doutorado, que formam pesquisadores importantes para o desenvolvimento do País, é bem uma coisa de zé-ninguém. Desprezar a ciência é típico de quem não tem muito o que fazer na vida.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

É a folha

O papo da hora é a prorrogação da CPMF até 2011. Mas alguém achava que este governo, contumaz empregador de amiguinhos, deixaria passar barato a oportunidade de continuar arrecadando dos trouxas para sustentar a sua gorda folha de pagamento?

É com a Justiça
O leitor Carlos tem razão: se Luiz Henrique pisou mesmo na bola, durante o ano de 2006, exibindo-se demais na televisão por conta do dinheiro público, não há democracia que o sustente no cargo. Mas isso, seguramente, quem vai decidir é a Justiça.

Sonhador
O prefeito de São José, Fernando Elias, diz numa entrevista ao Diário Catarinense que "a Presidência [da República] é o limite", quando trata de abordar seu futuro político. Mas o baixinho sonha alto, hem?. Para quem não consegue dar conta dos problemas de São José, Elias é um tremendo de um sonhador.

Ninguém está salvo
A quebradeira geral nos mercados do mundo inteiro expõe a nossa fragilidade diante de dois fenômenos: a aposta [equivocada] no capitalismo financeiro e a perversa globalização econômica, que só favorece os ricos e aumenta os riscos de desequilíbrio social. Lula diz que o Brasil está salvo. Não está. Fernando Henrique também disse a mesma coisa quando estouraram as "bolhas" na Ásia e na Rússia. Quebramos junto.

Entrave
Executivo do ramo da construção civil constata: mesmo depois da Operação Moeda Verde, continua muito difícil administrar empreendimentos na Ilha de Santa Catarina. Os obstáculos para obtenção de "habite-se" são incontáveis. Para o profissional do setor imobiliário, é muito mais interessante construir no Continente e em São José, porque as dificuldades são menores e tudo tramita muito mais rápido. O que faz com que, também, o valor dos imóveis seja menor.

Pisada na bola
Recebi um material muito interessante sobre a resistência do Estadão aos blogs. O veterano jornal paulista está desenvolvendo uma campanha contra os blogs, porque estes não teriam um conteúdo tão interessante quanto os jornais impressos. Ora, ora. O Estadão desconhece [ou ignora] a questão da linguagem e a própria evolução da comunicação. Ninguém pode desconsiderar os blogs e os sites jornalísticos independentes. Que, aliás, não colocam em risco a existência das publicações. Pelo menos por enquanto.

Atraso
O blog está entrando com certo atraso todos os dias, em função de compromissos externos e também de uma relativa dificuldade técnica. A dificuldade tem o nome de Brturbo, meu provedor de internet.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Alerta

Nos idos dos anos 1940, havia uma marchinha carnavalesca muito popular na capital catarinense. Dizia: "Florianópolis/terra de Hercílio Luz/De dia falta água/De noite falta luz". A energia só chegou para valer na década de 1960, graças a obras de infra-estrutura implantadas pelo governador Celso Ramos e ampliadas pelo seu sucessor, Ivo Silveira, recentemente falecido.
Esses problemas constantes de falta de energia em regiões da Ilha de Santa Catarina - como no fim de semana e hoje, no Norte - são sinais de alerta: estamos no limite da nossa capacidade de distribuição. Como a água depende, em muitos lugares, da energia elétrica para chegar aos consumidores, parece evidente que a marchinha da década de 1940 continua tão atual quanto nunca.

O barato sempre sai caro

A questão envolvendo o recall da fábrica Mattel - cujos brinquedos estão rigorosamente sob suspeita - remete a velhos problemas da globalização. Entre os quais, a perda inequívoca da qualidade na produção dos mais variados tipos de mercadorias. O "Made in China", longe de ser uma garantia, sempre foi para mim um sinal de perigo. E isso mesmo que as autoridades brasileiras assegurem que os brinquedos vendidos pela Mattel no País sejam seguros [levam o selo insuspeito do Inmetro]. Lembrando que não só a Mattel, como toda uma constelação de grandes corporações norte-americanas, européias e chinesas que têm fábricas no Oriente, foram responsáveis pela falência [ou pelo encolhimento] das tradicionais fabricantes de brinquedos do Brasil. Sem falar em camisetas, cristais, instrumentos musicais, artigos de papelaria etc. e tal.
Recentemente, conversando com um comerciante informal que fornece peças para computadores, chegamos à conclusão de que as máquinas vendidas hoje - a preços inacreditáveis, menos de US$ 500 - são feitas para durar dois anos no máximo. A cada dois anos, é preciso fazer o tal upgrade, porque tudo é descartável. No nosso papo, disse a ele que o meu primeiro PC, um 386, ainda funciona perfeitamente, embora seja uma carroça tecnológica. O outro PC que tínhamos em casa, desde 1998, faleceu em 2005, sete anos depois de tanto uso, com apenas 5 GB no HD. O novo PC, uma máquina moderníssima, adquirida em maio de 2005, já apresentou sérias avarias: três placas-mãe [todas de marcas de ponta] queimadas, HD trocado, placa de vídeo estourada etc. e tal.
Em outras palavras, preço baixo é quase sempre sinônimo de má qualidade. Ou, como diziam os antigos, "o barato sai caro".

Não é sumário

Os que torcem pela cassação do governador Luiz Henrique da Silveira podem enfiar a viola no saco. Por se tratar de uma questão delicadíssima, que envolve escolha popular [em dois turnos], dificilmente os ministros do Tribunal Superior Eleitoral decidirão sobre o assunto sem que se tenham esgotado todas as possibilidades técnicas de análise jurídica. Longe de parecer algo protelatório, na verdade o julgamento requer tempo e prudência. Mas é evidente que a torcida, em amplos setores da sociedade, continua. Afinal, a propaganda governamental do ano passado ainda está muito presente à memória de todos. Que foi abusiva, isso foi.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Furo?

Não li o Diarinho de segunda-feira [o acesso on-line é exclusivo para assinantes], por absoluta falta de tempo. Mas soube que o jornal de Itajaí, cuja redação não chega a 0,5% da estrutura da RBS em Santa Catarina, furou mais uma vez a poderosa rede gaúcha de produção comunicativa. Foi a matéria sobre os quase 130 mil euros descobertos numa parede de gesso da casa que supostamente pertence ao traficante Juan Carlos Abadia, no Jurerê Internacional.É mesmo, João Carlos?

Muito estranho

Então é assim? A Assembléia Legislativa vai constituir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar supostas irregularidades na Casan - e o partido do Governo do Estado, o PMDB, quer ficar com a presidência da CPI?

Expectativa

Tem gente babando de felicidade com a possibilidade de Luiz Henrique ter o seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porque, de alguma maneira, um ato extremo dessa natureza poria fim a inúmeros abusos governamentais, entre os quais a suposta reforma administrativa que criou um cabidão de empregos, espalhando afilhados políticos por dezenas de municípios. [Os governistas chamam isso de descentralização; mas deixa pra lá].Mas há os que, sempre muito céticos, não acreditam que LHS possa ter seu mandato interrompido porque abusou da propaganda política, digo, governamental, durante o ano de 2006, criando desequilíbrio entre os concorrentes. Estes, os céticos, perderam a esperança quando um dos ministros do TSE pediu vistas ao processo. Nos meios jurídicos, isso é visto como um mau sinal [ou bom sinal, dependendo da perspectiva que se usa para analisar a questão].

Música [enquanto escrevo]

Ouvindo "It Was A Very Good Year", com The Voice. Para os mais jovens: The Voice era o apelido generoso e verdadeiro que se dava a Frank Sinatra, um dos maiores cantores do mundo no século 20. Há minutos, ouvi duas vezes a minha favorita com ele: "Fly Me To The Moon". Ambas estão no álbum "My Way - The Best of Frank Sinatra", Reprise Records [Warner], 1997, que é uma bela síntese da obra do gênio.

Usura

Deve estar nas capas de todos os jornais impressos desta terça-feira: o aumento do espaço entre as poltronas dos aviões vai gerar um preço maior nas passagens aéreas.
Mas seríamos verdadeiros tansos se acreditássemos que a TAM e a Gol deixariam a usura de lado para favorecer os pobres passageiros!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Aprendizado

O governador Luiz Henrique sempre soube que o prédio da Secretaria da Fazenda, inaugurado há 52 anos pelo então governador Irineu Bornhausen, não poderia ser vendido, nem alugado, muito menos emprestado. Mesmo assim, LHS cedeu o edifício histórico – um dos mais belos do centro da capital catarinense – para a Prefeitura de Florianópolis. Ele sabia o que estava fazendo, porque há um contrato internacional de financiamento que impede tal procedimento.
Agora, a Justiça dá prazo à prefeitura para que devolva o prédio à sua real finalidade, ou seja, à Secretaria da Fazenda.
Respeitar as leis e os contratos, obviamente, é algo que deve ser obrigatório para todos – governador incluído, ainda mais quando o governador é advogado de longa carreira [mais de 40 anos de registro na OAB].

Bens suspeitos

O traficante Juan Carlos Ramirez Abadia, considerado um dos maiores chefões do crime organizado no mundo, teria comprado uma casa no Jurerê Internacional. Daí surgem questionamentos sobre o bairro de luxo implantado na Ilha de Santa Catarina pelo grupo Habitasul.
Mas a coisa, se verdadeira, não aconteceu só aqui. Ele comprou casas, apartamentos e fazendas também em outros Estados. Significa dizer que, na hora de uma transação imobiliária, o vendedor nunca se preocupa em saber a origem do dinheiro utilizado pelo comprador. Assim, não apenas em Jurerê, como em Balneário Camboriú e outras cidades, é quase impossível rastrear a vida dos "investidores" - a não ser que surjam suspeitas fundadas sobre eles.
Em Jurerê, da mesma forma que em Balneário Camboriú, sempre aparecem informações do tipo "esse cara é plantador de soja" ou é "corretor da Bolsa" para justificar a venda de mansões de R$ 5 milhões para cima.
Outro dia, andando pelo Estreito a caminho de um compromisso, vi uma Ferrari estacionada numa casa comercial. Parei para admirar a máquina. Sem que eu perguntasse qualquer coisa, um rapaz que estava próximo apresentou rapidamente uma explicação: "O dono é um fazendeiro. Planta soja".
Sei, sei, é bem possível. Aliás, tudo é possível quando se trata de analisar fortunas fáceis e bens de valor elevado adquiridos aqui, ali ou acolá.

Pra macho

De tudo quanto li no fim de semana, chamou-me a atenção um artigo de Barbara Gancia, na Folha de S. Paulo, sobre o caso do jogador de futebol palmeirense que era acusado de ser gay. O juiz que apreciou o caso emitiu uma sentença esquisita, mandando o rapaz - que reclamava contra discriminação - literalmente procurar sua turma. Em outras palavras, o magistrado entendeu que futebol é coisa pra macho.

Bandidos mirins

Um adolescente de 16 anos é suspeito de ter matado a própria avó, em Joinville, a machadadas. Ele queria carregar os eletroeletrônicos da casa dela para vender e comprar bebida alcoólica. Como diria o Luiz Carlos Prates, por que o vagabundo não foi trabalhar?

Outro dia, embarquei num táxi e puxei conversa com o motorista. Rapidamente, fiquei sabendo que ele mora numa das comunidades mais pobres de Florianópolis, onde a cada semana morre pelo menos um adolescente, vítima da guerra do tráfico de drogas. Discutimos o assunto e eu, de forma muita inocente, ponderei: "Pobres dessas crianças, não mereciam essa vida". Ele retrucou: "Não tenho pena, não, senhor. Eles são tão culpados quanto os pais deles. São vagabundos, ordinários". Fiquei surpreso. O motorista continuou: "Comecei a trabalhar com sete anos. Vendi picolé, jornal e amendoim torradinho. Engraxei sapatos e entreguei compras de supermercado. Com 18 anos, tirei a carteira de motorista. Trabalho há 13 anos nesta profissão, sustento bem minha família e nenhum filho meu está na rua, sem nada para fazer".Ele é uma exceção, entre muitas exceções que não aparecem na mídia.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

LHS em pauta

Li no Ricardo Noblat e reproduzo aqui [nota atualizada às 21h54 desta quinta-feira, sobre a pauta de julgamentos do Tribunal Superior Eleitoral]: "Um outro julgamento por uso indevido dos meios de comunicação acaba de ser interrompido por um pedido de vista. Mas o primeiro voto, do relator José Delgado, pede a cassação do mandato do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira [PMDB], réu no processo. A próxima semana será quente no TSE".

Devagar a gente chega lá

Bom saber: a Câmara de Florianópolis poderá criar espaço para estacionamento de bicicletas, conforme proposta da vereadora Angela Albino (PCdoB), em respeito à Lei Complementar 078/2001, que prevê os bicicletários nos prédios públicos. A proposta não depende de votação em plenário e sua reivindicação surgiu durante um seminário sobre mobilidade urbana realizado pelo mandato de Angela Albino em junho. ONGs e populares que participaram da atividade também defenderam outras medidas de incentivo ao transporte alternativo, como a criação de condições para o trânsito de bicicletas e a utilização da via marítima.
Perfeito.
Florianópolis precisa resolver com urgência seus problemas de trânsito. Não adianta construir uma quarta ponte, reativar a Hercílio Luz e outras providências de infra-estrutura que vão se mostrar ineficazes para dar conta do crescimento da frota de veículos. Reduzir o número de automóveis nas ruas vai depender, em muito, da contribuição que as autoridades possam dar para humanizar a cidade.

UNE, 70 anos

A União Nacional dos Estudantes está completando 70 anos. Tenho orgulho de ter pertencido à entidade, em especial de ter participado, junto com outros 20 catarinenses, do congresso de reconstrução da UNE, realizado em maio de 1979, em Salvador (BA).
Fico emocionado em rever meu crachá de identificação, em reler os jornais baianos e catarinenses... Os daqui exageraram nas tintas. Fomos dados como presos - na verdade, detidos, interrogados e fichados em oito barreiras montadas pela ditadura, nos três dias de viagem que enfrentamos -, nossos parentes se apavoraram, o então deputado Dejandir Dalpasquale [PMDB] entrou na história, acompanhando nossa trajetória por telefone. Tudo terminou muito bem, voltamos mais aliviados, sem transtornos, embora tensos.
Do que me lembro, além da grande festa democrática que foi o congresso, um destaque especial: a abertura do evento, feita pelo ex-presidente da UNE, José Serra, hoje governador de São Paulo. Ele era um líder respeitadíssimo, tanto quanto o foram também José Dirceu, Luiz Travassos e Vladimir Palmeira, com a diferença de que Serra sempre foi mais moderado.
Dos que estiveram lá comigo, todos participaram do episódio conhecido como Novembrada, naquele mesmo ano. Digamos que a organização central daquela manifestação partiu do grupo que reconstruiu a UNE, embora nem todos tenham sido presos - a Polícia Federal identificou e colocou em cana os sete mais exaltados [e o Mosquito estava entre eles...].
É claro que não vejo a UNE de hoje da mesma forma que à época. Em 1979 tratávamos de lutar pela recuperação das liberdades democráticas, pela anistia ampla, geral e irrestrita, pela Constituinte. Era um outro momento histórico. A juventude estudantil de hoje tem outras causas, é menos esquerdista e mais anarquista [o que não quer dizer que isso seja ruim].
Quando vejo meninos e meninas "politizados" ainda vejo esperança - e eu os amo e respeito por isso, porque eles ainda têm a coragem de acreditar num mundo melhor e mais justo, num Brasil moderno e vibrante, com a cara de sua gente... E penso: sim, é possível. Sempre será possível, apesar de tudo.


Um personagem

Impossível não registrar a presença de um anjo da guarda em nossa estada na Bahia. Quando chegamos a Salvador, um homem muito simpático se aproximou de nós, para nos orientar e oferecer ajuda. Era um médico, possivelmente comunista [era o que pensávamos], de boa situação financeira. Ele nos ofereceu sua casa de praia, nas proximidades de Salvador, para que pudéssemos tomar banho e dormir.
Fez mais ainda: a foto que está publicada aqui [entre outras] foi registrada por ele, a meu pedido, para que fosse publicada no Jornal da Semana, onde eu trabalhava à época.
Não lembro o nome dele. Mas foi um personagem marcante na nossa passagem por Salvador durante o congresso da UNE.

Folga

Em razão de compromissos pessoais e profissionais, este blog só volta à ativa na segunda-feira. Grato pela leitura e um bom fim de semana a todos.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Sem conforto

O ministro da Defesa reclamou ontem, com razão, que os aviões não oferecem conforto aos passageiros. As aeronaves são verdadeiras “latas de sardinha”, ou seja, as companhias apertam o espaço entre as poltronas para caber mais gente nos vôos. Nelson Jobim observou que tem 1,90 m de altura... Se ele, que é oito centímetros mais alto que eu, chega ao ponto de expressar publicamente seu descontentamento, imaginem jogadores de basquete e vôlei que, em geral, ultrapassam os dois metros...
Minha queixa quanto ao conforto em viagens não é de hoje. Já briguei com a empresa de ônibus Catarinense, que comprime seus passageiros dentro dos veículos, exatamente com o objetivo de otimizar os lucros [eu simplesmente não consigo sentar nas poltronas do meio; se o passageiro da frente baixar o banco, pior ainda: fico impedido de me mexer].
Gritei também contra as velhas Varig, Transbrasil e Vasp pelo mesmo motivo. Em vôos de longa duração, sempre tive de me levantar de meia em meia hora para caminhar e fazer alongamentos.
Nós, passageiros, sempre fomos maltratados por essa gente, porque, para eles, nós somos só uma fonte de lucro.
P.S. 1 – E nem se pense em ligar para as Ouvidorias da Anac ou das empresas aéreas e de ônibus. Os ouvidores não atendem. E quando atendem, não entendem.
P.S. 2 – No país do politicamente correto, por que as pessoas mais altas e as obesas não são respeitadas?

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O futuro dos jornais

Para quem se importa um mínimo com o futuro do jornalismo, recomendo a leitura deste artigo: "Será hora de dar adeus aos jornais", publicado na The New York Review Of Books, volume 54, nº 13, de 16/8/2007, título original "Goodbye to newspapers?"; tradução de Jô Amado, reproduzido no Observatório da Imprensa. Clique AQUI para ler o material na íntegra. É formidável [e preocupante].

Bzzz... bzzzzz....

Recebi de uma querida leitora, de 17 anos, o seguinte e-mail:

"Hoje fui assistir a um filme, de uma mostra de cinema latino-americana que está tendo no teatro da Ubro.... O filme contava a história do Fidel Castro, e como triunfou a revolução... Ao fim do filme, um senhor que diz ter lutado muito em Florianópolis, diz ser um democrata, diz ter sido militante estudantil, levanta e começa a falar contra o governo Lula, que deportou atletas cubanos... Alguém ao fundo grita: 'Saí daí Mosquito!! Seu reacionário, pelego velho!' Lembra dele tio??? Mas enfim, o Mosquito conseguiu incendiar o ambiente.... E eu me diverti à beça!!
Só acho uma pena que pessoas que tinham um ideal comum, lutavam lado a lado, hoje estejam se enfrentando e divergindo opiniões....".

Pois é, querida leitora, bom saber que o Mosquito continua na ativa. Melhor assim, já que o rapaz andou internado em hospital, por conta de um mal-estar cardíaco.
E fique tranqüila: ele sempre foi assim. É um personagem de Florianópolis e não é à-toa que seu apelido é Mosquito (bzzz...bzzz...).

Pouca vergonha

O assunto na cidade hoje não foi a sessão da Câmara Municipal que admitiu o início de um processo de investigação sobre o prefeito Dário Berger. Nem as novas revelações envolvendo o presidente do Senado. O grande tema, presente a todas as rodas – do botequim da esquina às reuniões empresariais – foi a incrível história do rapaz que fugiu com a sogra. Quem ainda não conhece, pode ler AQUI.

O milionário do tráfico

O noticiário policial de hoje está riquíssimo. Tem também o rocambolesco caso desse sujeito que vivia em São Paulo, numa mansão das mais luxuosas do País, aproveitando uma parte da fortuna que acumulou como traficante. O mais interessante é que o rapaz era campeão em cirurgias plásticas – mudou de rosto várias vezes – e aparece sempre de boné nas fotos de sua prisão. Ele não quer ser reconhecido com a face atual, porque pretende fugir e mudar de novo.
Outro ponto interessante sobre esse sujeito é o “estilo de vida” que levava com a companheira – por sinal, uma gata. Eles viviam reclusos dentro da mansão, cercados por tudo o que há de mais moderno em termos de tecnologia. O meio de comunicação com o mundo lá fora eram dezenas de aparelhos celulares.
Há especulações sobre uma suposta ramificação dos “negócios” desse camarada em Santa Catarina.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

A cultura da bicicleta


Há uma discussão na mídia – que não é de hoje, por sinal – sobre a falta de ciclovias e bicicletários em Florianópolis. Muita gente quer utilizar a bicicleta para estudar, passear e trabalhar. Não só porque o veículo é um meio de transporte não-poluente, mas também porque seu uso reduz as despesas pessoais com transporte coletivo.
Florianópolis não tem uma cultura da bicicleta. E não é difícil de explicar: a geografia da ilha, com sua grande quantidade de morros, nunca favoreceu o ciclismo. Diferente de outras cidades litorâneas, como Itajaí, Itapema, Balneário Camboriú, Porto Belo, que são planas e onde a população mais pobre sempre se locomoveu de bicicleta.
Basta uma olhada básica em Itajaí, por exemplo, para se entender a questão. Supermercados, escolas, rodoviária, bancos, bares, restaurantes e outros estabelecimentos têm espaços próprios para que as magrelas sejam estacionadas. Os bicicletários se multiplicam pela cidade há muitos anos e são utilizados, em grande maioria, pelos moradores que não têm condições de pagar o preço exorbitante do transporte coletivo.
E não dá para dizer que Florianópolis "não planejou" o uso da bicicleta. Se não planejou, é porque não era possível. A não ser que as ciclovias contornassem morros, como os das Ruas Hoepcke, Felipe Schmidt, Rio Branco, do Itacorubi, da Lagoa, do Saco Grande, do Saco dos Limões... Hoje, com as bicicletas modernas, que têm marchas e outros recursos tecnológicos, talvez seja possível. Não é tarde demais, mas é seguramente complicado e exige todo um repensar da cidade.
Outro dia, meu filho falou-me de sua vontade de cumprir o trajeto entre casa (Centro) e trabalho (Barreiros) de bicicleta. Fui voto contrário, evidentemente. Além dos riscos que há na travessia própria da ponte, como chegar ao bairro de São José sem enfrentar as agruras de um trânsito caótico e pesado, com os motoristas (ainda) desrespeitando pedestres e motociclistas? Teríamos aqui a repetição do que ocorre em Itajaí, que não também não tem pistas para as bicicletas e onde os ciclistas disputam espaço nas ruas com os automóveis, correndo todos os riscos possíveis. Mas lá existe uma cultura da bicicleta há muitos anos. Em geral, os motoristas compreendem aquela zona toda do trânsito, desviam dos ciclistas e fazem inúmeras manobras para não provocar acidentes. Aqui, não. O ciclista é que teria que desviar do automóvel para não ser vítima da fúria de alguns motoristas, entre os quais os taxistas, que odeiam bicicletas e motos.

Vandalismo contra os radares

Em cidades onde a rapaziada gosta de praticar a velocidade nas avenidas, como Blumenau e Brusque, esses fotossensores não têm vida útil prolongada. Nos últimos dias, três equipamentos do gênero foram destruídos - com fogo ou à bala – em Blumenau.
Quando morei em Ingleses, também era assim. Um pardal escondido atrás de uma árvore foi várias vezes incendiado pelos vândalos que queriam trafegar mais livremente. O problema não é só de Santa Catarina. Há casos semelhantes em outros Estados e a revolta nem sempre é motivada pelo desejo de disputar rachas. Muita gente não gosta dos radares porque eles são – e não há como negar – verdadeiros caça-níqueis que beneficiam prefeituras e empresas especializadas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Insensatez

É razoável pensar que essa obstrução do campus da Universidade Federal de Santa Catarina, hoje pela manhã, é um atitude extrema e inoportuna por parte do grupo de servidores que mantém uma greve parcial e desgastante há pelo menos 70 dias. Os "bolivaristas", que controlam o sindicato da categoria, apostam no tudo ou nada, impedindo o direito de ir e vir dos estudantes, professores e outros servidores. A "luta" desse grupo, restrita a questões salariais e à disputa pelo poder interno, não leva em consideração as bandeiras fundamentais que deveriam nortear um movimento legítimo: a defesa e o fortalecimento da própria instituição.

A salvo


Não é bom saber que certos cenários da Ilha de Santa Catarina continuam firmes e fortes, apesar da devastação generalizada? A imagem colorida é de agora; a preto e branco é de um cartão postal da década de 1940. É claro que todos os leitores sabem que paisagem é esta...

Mídia

O assunto da semana na mídia catarinense é a volta ou não-volta do colunista Cacau Menezes às suas atividades na RBS [jornal e TV]. Nos últimos dias, houve especulações sobre a possível ida do veterano jornalista para a Rede SC [jornal e TV], negociação que estaria avançada e quase fechada. No ti-ti-ti que se formou em torno do tema, soube-se, afinal, que Cacau havia decidido continuar na RBS – empresa à qual presta serviços desde sua vinda para Santa Catarina, há 28 anos. No domingo, o Diário Catarinense chegou a anunciar que o colunista retomaria seu trabalho a partir da edição de hoje. Mas não aconteceu: na própria coluna, o interino registra que o profissional só volta ao batente na próxima segunda-feira.
Mais detalhes sobre os bastidores da história podem ser conferidos na coluna virtual do Cesar Valente [AQUI], que foi onde “bebi” a sustância deste registro.

Os eixos da História

Há nas análises sobre a situação política uma consideração que nos parece muito interessante: quem está do lado de Lula é “de esquerda”. Quem está contra, “é de direita”.
É isso que pensam os petistas e certos grupos aliados ao atual presidente.
Mas vamos colocar o problema em bons termos:
1º – Estes, que dizem que os opositores de Lula são, genericamente, “de direita”, esquecem de um componente central da questão. Ainda que esse papo sobre direita e esquerda esteja superadíssimo, convém esclarecer que nos últimos 50 anos nunca houve esquerda hegemônica no Brasil. Quem conhece minimamente a História sabe que o nosso esquerdismo começou com a fundação do Partido Comunista Brasileiro [PCB] em 1922. A coisa foi mais ou menos centrada no Partidão até o início da década de 1960, quando ocorreu a cisão que deu origem ao Partido Comunista do Brasil [PCdoB]. O mais antigo ficou identificado com a União Soviética [rezando pela cartilha de Josef Stálin] e o filhote se espelhou no modelo chinês de comunismo [Mao Tsé-Tung].
2º – Houve novas cisões no Partidão, e também no PCdoB, ao longo daquela década. Surgiram as chamadas “tendências” e grupos de extrema-esquerda, alguns defendendo livremente a luta armada para derrubar o regime militar. São daquele tempo organizações como a ALN, MEP, APML, Polop, MR-8, entre outras. Paralelamente, apareceram novas dissensões, como as trotskistas (Trabalho e Luta, por exemplo).
3º – O PT foi fundado em 1980, com gente oriunda de todo esse espectro citado e mais os social-democratas e liberais “progressistas”. Poucos integrantes do Partidão e do PCdoB, por exemplo, participaram da gênese petista, por absoluta discordância e divergências insuperáveis com os trotskistas – uma das tendências dominantes na formação do PT. É verdade que o leninismo inspirou uma linha interna do partido de Lula, mas sem ser elemento ideológico fundamental.
4º – Por causa das lutas internas pelo poder, o trotskismo mais radical foi expurgado do PT na década de 1990. Os alinhados com essa tendência extremista formaram o PSTU.
5º – Quando houve o episódio do Mensalão, muitos petistas indignados deixaram a sigla para formar o P-Sol, um partido que reúne gente mais identificada com o leninismo, mas também marxistas históricos.
6º – O PT é formado hoje por dezenas de tendências internas, sendo majoritárias aquelas que se identificam com a social-democracia e o neoliberalismo. Não é, portanto, um partido “de esquerda”. Tem gente de esquerda no seu meio, como o PMDB, o PDT e o PPS também têm. [Lembrando que o PPS é o antigo PCB, sem ser necessariamente uma sigla “de esquerda”. É social-democrata também, da mesma forma que o PSDB].
7º – Enfim, o governo Lula não é um “governo de esquerda”, nem de centro-esquerda. Numa análise fria, sem qualquer paixão ideológica, seria impossível não identificar esse governo como uma direita levemente progressista, com traços de populismo esquerdista. Nada mais.
8º – Portanto, opositores de Lula, fiquem tranqüilos. Não há nada mais “de direita” hoje no Brasil do que essa coisa de jogar pra platéia dos descamisados, sem que se lhes ofereça [aos descamisados] um mínimo de perspectiva de vida, a não ser o paliativo da bolsa-esmola. Esse discurso voltado aos excluídos foi, por sinal, o que consagrou Fernando Collor em 1989. E o Collor, vocês sabem, era um “elitista militante”...

domingo, 5 de agosto de 2007

Por que as vaias valem mais do que as pesquisas

Ninguém entende de onde vem a popularidade de Lula. É difícil mesmo. Conversei com amigos ontem e hoje, li tudo o que pude: articulistas e analistas da Folha, do Globo, do Estadão, da Época, blog do Ricardo Noblat, coluna do Cláudio Humberto etc. e tal. Não dá para compreender, embora se saiba de forma genérica que ele é querido pelas "massas", aquela gente que vê no presidente um "igual a nós", e uma parcela razoável da classe média conformada.
Há um consenso crítico na outra parcela da classe média, a que não se conforma com tudo isso que acontece por aí. Mas alguns capachos identificam nas críticas e vaias uma tendência "direitista". Acham que o "Cansei" é um movimento para derrubar o presidente. Pode ser. Não pelo golpe, mas pelas urnas, em 2010, impedindo que ele eleja um sucessor "à sua imagem e semelhança".
O Brasil precisa construir uma via alternativa. Lula quis ser essa via em 1989, 1994, 1998 e, finalmente, 2002. Vitorioso na última tentativa, buscou alianças à esquerda e à direita para governar. Mas nós sabemos quanto custou [e custa] essa "engenharia" política.
O problema todo é saber aonde chegaremos com tudo isso, com esse governo que se tornou campeão em "barrigar" problemas estruturais. Uma mobilização da classe média, como está acontecendo em muitas cidades brasileiras desde a semana passada, pode despertar ímpetos reacionários. Mas esse é o único perigo que a democracia corre. Porque, por outro lado, não se pode sonegar aos manifestantes o inerradável direito de vaiar e recriminar o presidente [foram 5 mil vaias num show de Rita Lee no Mato Grosso do Sul, ontem, segundo blog do Noblat].
Mas por que tantas vaias valem mais do que 48% de aprovação na pesquisa DataFolha? Porque a soma de incompetências, a falta de autoridade, a burrice, a estupidez, o atraso, a mediocridade...

sábado, 4 de agosto de 2007

Astral


Os sábados, em Florianópolis, eram assim há uns cinco anos: gente feliz assistindo as apresentações de bandas musicais convidadas pela Fundação Franklin Cascaes, sob o comando do "maestro" Décio Bortoluzzi. A cidade perdeu muito do seu bom astral nos últimos dois anos e meio.

Sabia sim

Lula e o PT reclamam da imprensa. Mas sempre usaram a mídia para divulgar suas idéias. A prova disso apareceu no Jornal da Globo de ontem à noite: um artigo assinado por Lula, em 2002, tratando da falência do sistema aéreo brasileiro. Naquele ano, ele era só um candidato. Sempre muito bem assessorado, publicou o artigo na Gazeta Mercantil como parte da estratégia de campanha. É claro que não foi ele quem escreveu - foi um ghost writer, logicamente. Agora, quando ele diz que não sabia da situação envolvendo a aviação nacional, fica chato sabermos que ele sabia, sim? Ou não leu o artigo que publicou há cinco anos e meio?

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Não é brasileiro?

Chamada do Clic RBS às 11h15 de hoje:
Corpo de soldado gaúcho morto no Haiti estará no RS em quatro dias
Ou seja, o soldado não era brasileiro, era gaúcho. O que faz uma incrível diferença para dramatizar a notícia...

Sem retoques


Gosto de parar de vez em quando, em certos pontos da Capital, para observar e admirar cenários que, ao longo dos anos, não foram modificados arquitetonicamente. É o caso dessa esquina: a imagem é de um cartão postal da década de 1940. Em mais de 60 anos, nenhuma mudança significativa!

Contrasenso

O PT condena a utilização política do acidente da TAM, mas incluiu o tema no seu programa político-partidário de ontem à noite, exibido em rede nacional de televisão. Ou seja, utilizou politicamente o desastre aviatório para condenar a exploração política...

Ele não sabia... De novo

Para o presidente Lula, todos foram pegos de surpresa pelo caos aéreo. [Ele não sabia...]
Espera, presidente: vamos admitir que a culpa não seja do atual governo. Lá atrás, no deslumbramento que o neoliberalismo despertou no Brasil, houve muita irresponsabilidade em relação à aviação civil.
Questão 1: a democratização do setor, com o surgimento da Gol e o crescimento da TAM, provocou um descuido fatal com em relação à qualidade. As companhias passaram a trabalhar com metas de escala, não mais com a prestação correta dos serviços.
Questão 2: para operar com baixos custos e tornar as viagens aéreas mais acessíveis, as companhias (Gol e TAM) passaram a competir selvagemente. Em outras palavras, de novo caiu a qualidade. Numa entrevista esta semana à CBN nacional, uma dirigente do sindicato dos aeronautas denunciou a proletarização das atividades. Segundo ela, nenhum aeronauta está satisfeito com as condições de trabalho, salários e perspectivas profissionais. Todos sonham com uma vida melhor, além da TAM, além da Gol.
Questão 3: por causa de tudo isso, as aeronaves se transformaram em busões voadores. Todos os passageiros felizes com os baixos preços, às vezes inferiores aos de viagens terrestres, mas ninguém imaginava em que condições o milagre ocorria.
É possível que tudo isso pudesse ser melhorado pelo atual governo – e é aí que o governo tem culpa –, a partir de um conceito de responsabilidade em relação ao sistema aéreo. Não havendo providências sérias, e dentro do festerê populista, permitiu-se que a coisa toda evoluísse até um nível crítico. Admitida a hipótese de que o acidente do dia 17 aconteceu por falha mecânica, como vem sendo divulgado nos últimos dias, a questão é ainda mais grave, porque revela a total inoperância do governo (que deveria fiscalizar com rigor) e o total desprezo das companhias aéreas à cidadania. Basta ver a empáfia e a frieza do presidente da TAM – como apontou hoje o colunista Cláudio Humberto – quando se refere ao desastre aéreo e às suas vítimas: tudo são números.

* * *

A Gol e a TAM se gabam de ter baixado os custos dos vôos eliminando, por exemplo, o serviço de bordo – que era um item oneroso nas viagens da Varig, Transbrasil e Vasp.
Mas eu, como passageiro, gostaria muito que as empresas brasileiras se espelhassem no exemplo dos vôos internos da Europa. O serviço de bordo é pago à parte, na hora do consumo. Quer uma cerveja? Pague. Um vinho? Pague. E as passagens não são caras, os aviões seguros e revisados e a cortesia dos aeronautas revela que eles são justamente remunerados para desempenhar suas atividades.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Incompetência da Celesc


Cidadãos indefesos diante da burrice da Celesc: fila hoje foi imensa no escritório da Praça Pio 12, antigo Largo Fagundes

Centenas de florianopolitanos viveram uma situação kafkiana hoje pela manhã. Enquanto trabalhavam, cuidavam dos filhos ou arrumavam a casa ou escritório, foram surpreendidos com o corte da energia. Correram para buscar os comprovantes de pagamento e descobriram que, sem mais, nem menos, tiveram o suprimento de energia suspenso... mesmo com as contas em dia.
Mas como é possível?
Muito simples, porém trabalhoso. Como o 0800 da Celesc não atende e a Ouvidoria não dá a mínima para os consumidores, foi preciso ir ao escritório da empresa, no antigo Largo Fagundes, para saber o que houve.
Na verdade, essas centenas de florianopolitanos não receberam uma conta da empresa, relativa a junho. A Celesc simplesmente “pulou” esse mês – e como o pagamento correspondente não aparecia nos registros da estatal [sim, a Celesc é uma repartição pública]: corte-se o fornecimento de energia.
Diante dos atendentes, o consumidor fica sabendo que, para ter o serviço religado, é preciso ir correndo pagar a tal conta que não chegou. Com o detalhe de que apenas dois locais recebem a conta: Ponto Frio [por quê?] e Besc.

* * *

Não adianta reclamar, bufar, xingar. Os funcionários não têm culpa pelo erro cometido. A culpa é “do sistema”, ou seja, da área de informática. Explica-se: há uns 30 ou 40 dias, a Celesc passou por uma reestruturação completa no seu departamento comercial. Foi durante essa reestruturação [muito burra, é verdade] que as contas daquelas centenas de consumidores desapareceram [ou não foram emitidas para os destinatários].

* * *

A Ouvidoria não ouve. O 0800 não atende. O gerente não dá pelota. Ninguém sequer pede desculpas pelo transtorno causado a tanta gente ao mesmo tempo. Recurso? Procon neles.
Um dos consumidores, que levou exatas duas horas e meia para ser atendido, tinha na sua pasta uma coleção de queixas que protocolou no Procon contra a Celesc.
Curiosamente, hoje teve de fechar sua loja porque não havia condições de atender aos clientes sem o suprimento de energia. Detalhe: todas as suas contas estavam pagas, rigorosamente em dia, menos a do mês de junho – que a Celesc “pulou”.

Democracia


Dois ex-governadores na solenidade de comemoração dos 25 anos da Novembrada, em 30 de novembro de 2004, Assembléia Legislativa: Casildo Maldaner e Ivo Silveira. Casildo pertenceu a partidos adversários de Ivo duas vezes. Na sua origem, ainda no Oeste catarinense, o galego era da UDN. Com a redemocratização, inscreveu-se no MDB e, por este partido, tornou-se deputado estadual, vice-governador, governador e senador. Ivo também foi coerente: nunca esteve em outra legenda depois da extinção do PSD. Organizou a Arena em Santa Catarina e participou de todos os partidos que a sucederam: PDS, PPR e, hoje, PP. Era ativo militante do partido comandado por Esperidião Amin.

Ivo Silveira

Volta e meia, me vêm à memória duas imagens marcantes da minha infância: os muros pichados com as expressões Ivo 65 e Konder 65. Criança, eu ainda não entendia muito bem o que aquilo significava. Mas foram inscrições históricas, que ficaram nos muros durante muitos anos. Lembro-me das viagens a Bom Retiro, quando ainda não havia a BR-282, e dos muros onde, ao longo da minha adolescência, permaneceram gravados os dois nomes e o numeral. Tempos depois, e na militância de oposição ao regime militar, consegui entender porque as pichações seguiram resistindo. Era como se simbolizassem o fim de um tempo de bonança democrática, rompido pelo período de trevas que se iniciava.

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Eu era estudante do ginásio quando Ivo Silveira governou o Estado. À distância, tínhamos aquele respeito cerimonioso que o cargo dele nos inspirava. Andando pelo Centro, não era incomum vermos o governador participando de atos oficiais em frente ao Palácio Rosado (hoje Palácio Cruz e Sousa). Tempos de medo, de vozes veladas e cochichos: a ditadura cumpria seu curso sangrento, estávamos sob a tutela do Ato Institucional Número 5. Poucos meninos de hoje compreenderiam, como nós compreendíamos, o significado daquilo. O que me lembro é que os professores faziam "shhh...", colocando o dedo indicador sobre os lábios, para nos prevenir quando tínhamos alguma autoridade em volta, fosse mesmo um guarda de trânsito.

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Ivo Silveira encarnou o símbolo do poder civil num dos momentos mais graves da História nacional. Foi o último governador eleito numa disputa que envolvia os antigos partidos políticos, que despertavam paixões e mobilizavam multidões. Com a fundação da Aliança Renovadora Nacional (Arena), cuja organização teve a participação direta do então governador, o Ivo 65 e o Konder 65 passaram à condição de fatos superados. Desaparecia a emoção política. Surgia o servilismo burocrático ao Estado ditatorial, mesmo que na outra ponta houvesse o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), a oposição consentida.

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Tive oportunidade de entrevistá-lo várias vezes, a maior parte das quais para o jornal O Estado. Em 1998, Ivo Silveira esteve em meu programa SBT Entrevista, na TV O Estado (hoje Rede SC). Foi um bom bate-papo, em que se destacaram as reminiscências mais interessantes de sua vida política. Mas ele não gostava muito de falar sobre o regime militar, que era o meu interesse central.

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Tenho muito presente, também, sua passagem quase diária, até tempos atrás, pelo calçadão da Rua Felipe Schmidt. Estava sempre nas rodas dos veteranos da política. Era um freqüentador assíduo da agência do Besc do calçadão (onde hoje é uma repartição da prefeitura). Tinha lugar cativo naquela agência: um cantinho à direita de quem entrava (primeira porta), onde comandava conversas com seus contemporâneos, amigos e conhecidos, que se reuniam para colocar as fofocas em dia.

Estranha solidariedade

Reunido o Politburo, o PT decidiu emitir uma nota de solidariedade a seu dirigente Marco Aurélio Garcia, que também é assessor de Lula e foi flagrado por uma câmera indiscreta há poucos dias (fazendo top-top-top). Só tenho a dizer: que mal. Da pouca admiração que ainda tinha pelo PT, resta um fio de nada.
A nota ainda diz que Garcia é respeitado por amplos setores culturais, intelectuais e políticos do Brasil. Quais (e quem) exatamente?

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Intenção

Verdade seja dita: recomendei o blog "Cansei - Tô Cansadinho", mas é claro que a referida peça é produzida nos gabinetes federais. Aliás, todos os que estão combatendo o movimento "Cansei" têm, de alguma forma, relação com o atual governo. Minha intenção, ao indicar aquele blog, foi a de promover o debate e o balizamento da questão.

Comparação

Pegando carona num comentário do Vadeco, acrescento sobre o Ribeirão da Ilha: pra quem acha que o Jurerê Internacional é muito [em termos de valorização dos imóveis] é porque ainda não descobriu o Sul da Ilha. Terrenos por mais de R$ 1 milhão [e até R$ 5 milhões] são fáceis de achar. Difíceis de comprar, é verdade. Coisa pra investidores europeus, que já chegaram por lá.

Perfil

Para entender melhor o que é o movimento "Cansei" vale a pena conferir o "Quem é quem" que o blog "Cansei - Tô Cansadinho" publicou. Confira AQUI.

Paraíso


O Ribeirão da Ilha de novo: a antiga freguesia açoriana está se transformando num must de estrangeiros milionários. Um imóvel neste paraíso pode custar acima de R$ 800 mil, dependendo da localização.

O cansaço

De um texto que recebi, atribuído a Oldack Miranda e Everaldo de Jesus: "Cansei dos formadores de opinião, cansei de Dora Kramer, cansei de Tales de Farias, cansei de Eliana Cantanhede, cansei de Miriam Leitão, cansei de Clovis Rossi. Sobretudo, cansei da Veja e destas porcarias de revistas semanais sensacionalistas.Cansei dos padres que só sabem criticar. Cansei dos evangélicos que adoram dinheiro. Cansei dessa palhaçada de 'fazer um minuto de silêncio' para vender jornal às custas da dor alheia. Cansei de publicitários e jornalistas que usam a imprensa em causa própria. Cansei dos intérpretes da indignação coletiva. Cansei de publicitários que ganham contas por seus contatos com políticos e anunciam na maior cara de pau que não têm ligações políticas. Cansei. Ah! Cansei das vaias ao Lula. As de Sergipe foram impressionantes, uma multidão de 40 pessoas vaiou o presidente. Cansei".

Barbas de molho

O exemplo que veio da Paraíba, com a cassação do governador Cássio Cunha Lima por causa de abuso de poder econômico na eleição de 2006, serve de exemplo para que alguns dos nossos mais açodados políticos ponham suas barbas de molho.Tem gente por aqui que se julgava muito acima da lei e da ordem. Com Ministério Público, imprensa e organizações não-governamentais de olho, pode ser que não tenhamos em 2008 a repetição de algumas "desigualdades" de marketing constatadas em outras eleições. Lembram do segundo turno de 2004? Eram duas bandeirolas em cada esquina do candidato B e 20 do candidato A. Quem ganhou? Óbvio: quem tinha mais dinheiro para investir.

A verdade

Se 11 pilotos alertaram, antes do acidente da TAM, sobre os perigos da pista de Congonhas, de quem foi a culpa pela tragédia do dia 17 de julho?

Ribeirão

A paisagem de ontem: Ribeirão da Ilha, um dos lugares mais lindos de Florianópolis. A imagem foi clicada no trapiche do restaurante Ostradamus.