segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O leite e o jeitinho

Está certo que o escândalo do leite adulterado nos choca a todos, pela impressão de ganância e pela sacanagem dos responsáveis pelos laticínios, já identificados e presos. Mas desde criança sempre ouvimos falar em histórias do tipo “esse leite está aguado”, querendo dizer que os produtores acrescentaram água para fazer o produto render mais. Não eram incomum também referências ao pó de café (“está com gosto de palha”), que raramente era puro e recebia outros produtos na torra ou na moagem, como cevada, para garantir um lucro maior aos fabricantes. Sem falar na gasolina adulterada, na falsificação de vodka Orloff ou uísque Natu Nobilis, nos remédios falsos, nos DVDs e CDs piratas, entre tantas outras atitudes criminosas que envergonham a Nação. São “jeitinhos” – aquela coisa de “levar vantagem em tudo” – que infelizmente se incorporaram à cultura do País, envolvendo grupos de brasileiros que não representam o pensamento e as práticas da grande maioria da população.

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