sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A cidadania humilhada

Matéria do jornal Hoje mostrou a precariedade das rodoviárias brasileiras. Os passageiros pagam “taxa de embarque” para utilizar as dependências dessas espeluncas. Ainda assim, têm que pagar para usar os banheiros. Em Balneário Camboriú, custa R$ 0,75. Em Florianópolis, R$ 0,50. Em Itajaí, R$ 1,00. Mas vejam bem: as duas primeiras são administradas pelo poder público; a última, pela iniciativa privada. Em todas, há banheiros públicos gratuitos, mas horrorosos, fedidos e sujos.

Outro dia, depois do almoço, precisei ir ao banheiro na rodoviária de Itajaí. Como era só para o xixi básico, fui ao banheiro gratuito. Estava fechado para limpeza. Dirigi-me então para o banheiro dos ricos, um chiquê total, cheirinho de sauna, aquelas coisas de primeiro mundo. A catraca estava liberada para entrar – e imaginei que fosse porque o outro, o gratuito, estivesse interditado para limpeza. Qual o quê?! Quando saí, a funcionária, que havia liberado a catraca para poder limpar as latrinas, estava me esperando de braços cruzados e de cara feia. Fiz um barraco, passei a catraca e me recusei a dar atenção a ela. Não pelo R$ 1,00 (que paguei em seguida), mas pelo abuso: a) paguei taxa de embarque; b) o banheiro gratuito estava fechado; c) neste caso, eu teria direito a usar o outro banheiro sem pagar, se nós não estivéssemos no Brasil, é claro.

O segurança particular, um verdadeiro armário, chamou a PM. Ele queria que eu me acalmasse. O PM chegou, não entendeu nada, não pôde fazer nada, porque a questão envolvia R$ 1,00 (que eu paguei). Dito pelo não dito, a rodoviária de Itajaí, que é particular, continua cobrando taxa de embarque e taxa para fazer xixi, exatamente como fazem as rodoviárias administradas pelo poder público. Se o banheiro gratuito estiver fechado e o passageiro não tiver dinheiro, que se dane! Vá urinar no estacionamento da rodoviária.

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