segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

De cidade histórica a cidade presídio

Na bucólica São Pedro de Alcântara, Grande Florianópolis, a magnífica igreja católica construída em 1929, por imigrantes alemães, seus filhos e seus netos

A população de São Pedro de Alcântara é pequena. Na última contagem oficial passava um pouquinho dos 4 mil habitantes. São Pedro está numa região de montanhas, uma magnífica área rural da Grande Florianópolis. O hoje município pertencia à Capital (Desterro), quando chegaram os primeiros imigrantes alemães a Santa Catarina (1829). Tem o nome de Pedro em homenagem ao santo e também ao imperador brasileiro D. Pedro 1º, que se chamava Pedro de Alcântara.

O pequeno município é uma das cidades históricas mais importantes de Santa Catarina, justamente por ter sido o berço da colonização germânica. Ali chegaram as primeiras famílias alemãs, que depois se espalharam pela Grande Florianópolis, pelo Planalto Serrano e Vale do Itajaí. Na praça de São Pedro existe um marco com todos os sobrenomes dos pioneiros. Além de sua belíssima igreja, muitas casas conservam os traços da colonização, embora não tenham o mesmo valor histórico do estilo enxaimel que marcou Blumenau e Joinville. Os alemães de cá eram muito, mas muito pobres; parte deles foi dizimada pela fome, outra, pelas doenças.

O Governo do Estado, que já construiu uma penitenciária no território de São Pedro, agora pretende edificar um cadeião, para abrigar 250 presidiários (nas circunstâncias atuais, mais de mil presos amontoados?).
Claro que o governo precisa de um lugar para construir o cadeião, porque é preciso dar um destino à escória.
Mas não em São Pedro.

Hoje, o prefeito Ernei Stähelin, um homem esclarecido, estudado, experiente e batalhador, impediu pessoalmente o início das obras do cadeião.
Ele tem razão: precisamos salvar São Pedro e mostrá-la, para atuais e futuras gerações, como uma das cidades históricas de Santa Catarina. Transformá-la numa cidade presídio não é, decididamente, uma decisão sábia, de quem respeita a memória catarinense. Há inúmeras outras áreas rurais, sem qualquer importância histórica, a 30, 40 ou 50 quilômetros de Florianópolis. É só uma questão de vontade dos nossos governantes. Se eles quiserem, eles salvam São Pedro e, mais ainda, passam a lhe dar o valor que merece, como marco simbólico da colonização alemã em Santa Catarina.

3 comentários:

Unknown disse...

O prefeito de São Pedro esta correto. O povo esta com ele. Vamos salvar esta bela cidade.

Unknown disse...

Quem conhece a beleza de São Pedro de Alcântara, fica sem saber o que dizer frente à essa barbárie...
Resta-nos unirmos forças para impedir que essa ação insalubre, de fato se consolide.
Sejamos persistentes... essa causa (Nossa Causa), vale muito à pena...

Filipi disse...

Engraçado como tentam empurrar para as cidades com pouco poder político as escórias que as outras cidades não conseguem resolver.

E obviamente o governador prefere perder o voto de 4.000 pessoas (a população aproximada de São Pedro) do que de 100.000, como seria se o cadeião fosse feito em Palhoça ou São José.

Confesso que nunca vi com maus olhos a construção da penitenciaria que está hoje me minha cidade e Entendo que é necessário construir a aparelhar o sistema de segurança (o que inclui o prisional). Mas acho que São Pedro já tem problema o suficiente pra resolver com a Penitenciária.

Aliás, o governo ainda deve pra população o asfalto da SC 407, que liga a BR 101 ao município. Foi uma das promessas feitas quando foi aceita a construção da penitenciária, mas a tática do governo é asfaltar 500m sempre que uma eleição está chegando. Sem contar que asfaltam os trechos menos utilizados da rodovia.