No início de novembro, publiquei aqui o poema "Ilha de Santa Catarina", do desterrense – nasceu em 1864, quando Florianópolis ainda se chamava Desterro – Araújo Figueiredo. Ele foi um dos maiores poetas de sua geração, contemporâneo de Cruz e Sousa, Virgílio Várzea, Santos Lostada e Horário de Carvalho, escritores da escola realista. (Sousa depois se incorporou ao simbolismo, do qual foi um dos fundadores no Brasil).
Figueiredo é um poeta praticamente esquecido na atualidade. Merece ser lido e relido. "Ilha", logo abaixo, integra o livro póstumo "Praias de Minha Terra", parte da antologia "Poesias", editada em 1966 pela Academia Catarinense de Letras, com apoio do Governo do Estado (administração de Celso Ramos). Naqueles tempos, o governo costumava valorizar a verdadeira cultura catarinense.
Juvêncio Araújo de Figueiredo morreu em 1927.
ILHA
Araújo Figueiredo
Olho o mar, olho o rio, olho o campo, olho a serra,
E olho espiritualmente a abóboda celeste...
Do que fulge no espaço e se irisa na terra
Em belezas reais, a minha alma se veste.
Vejo, sonhando assim, que o meu destino encerra
Amplos dias de luz doirada em campo agreste...
O medonho tropel das lutas não me aterra!
Duma tranqüila paz meu sonho se reveste.
Homem, fico, de pé, na crença de que existe
Em tudo o olhar de um Deus Universal, que assiste
Ao amor e do amor as flâmulas desfralda;
Deus que faz duma estrela a excelsa maravilha
De um mundo, a refletir nas tuas águas, Ilha!
Como num misterioso espelho de esmeralda!
sábado, 8 de dezembro de 2007
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