terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Correntes e cadeados (1)


A imagem captada por Hermínio Nunes na capa do Diário Catarinense de hoje: fotojornalismo de verdade

Meu caro João Carlos deixou um comentário que trago para cá, pela relevância de seus argumentos a propósito dos presos acorrentados em Palhoça, Grande Florianópolis. Ei-lo:

“Damião, deixa eu meter minha colher neste assunto. Primeiro: quem assiste aos programas policialescos que invadiram a TV no horário do almoço sabe, há pelo menos um ano, que a superlotação no sistema penal provocou uma situação no mínimo animalesca: presos acorrentados no tal muro das lamentações. Os repórteres até tiravam uma onda. Segundo: os presos acorrentados preferem mil vezes ficar ali do que serem colocados numa cela com capacidade para quatro pessoas e onde estão 22. Terceiro: o Ministério Público e o Poder Judiciário sabiam da situação e só agora, depois do estouro da boiada, é que se pronunciaram. Quarto: a sociedade tá cansada de hipocrisia. Mais vale um bandido preso numa cela lotada do que um criminoso na rua. Para finalizar: só vai para a cadeia quem faz uma opção de vida contrária às leis vigentes deste país. Vamos parar com tanta hipocrisia”.

Correntes e cadeados (2)

Uma sindicância vai determinar as responsabilidades sobre o acorrentamento de presos em Palhoça, região da Grande Florianópolis.
Pois, vejam: a sindicância nem precisaria se dar ao trabalho. Todos sabemos de quem é a culpa pelas correntes: os criminosos e o Estado. Os primeiros, porque não respeitam a ordem social. O segundo, porque tem se omitido gravemente em relação ao sistema penal.

Abro um parêntesis bem rápido aqui: mais do que o fato, o que chamou atenção nacional para a questão foram as fotos registradas pelo grande fotógrafo Hermínio Nunes, cujas lentes estão a serviço do Diário Catarinense. São imagens dignas de premiação. E se não me engano o Hermínio já ganhou muitos prêmios. Abraço pra ele, que ele merece.

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